Muita gente tem substituído o leite por bebidas vegetais que tentam se aproximar da aparência e sabor do produto de origem animal. Todavia, pesquisadores da área de nutrição e saúde têm alertado sobre a importância do consumo de leite de verdade para a saúde. Não é que as bebidas vegetais causem algum risco, mas o consumidor precisa estar ciente de que são dois tipos de alimentos diferentes.
Segundo a engenheira de alimentos Aline Peretti , nenhuma bebida vegetal substitui o leite pois ele “é um alimento mais completo principalmente em qualidade proteica,” afirma.
O consumo de laticínios só deve ser restrito para as pessoas que possuam alguma alergia ou intolerância a determinada substância contida nestes produtos. Entenda porque:
Cálcio
O leite e seus derivados são a principal fonte natural de cálcio. Peretti alerta que o cálcio lácteo é muito mais absorvido pelo nosso organismo do que o que é inserido nas bebidas vegetais. Pois o que “é geralmente utilizado na fortificação dos alimentos vegetais é carbonato de cálcio que apresenta uma biodisponibilidade muito menor que o cálcio lácteo. A biodisponibilidade é a relação entre ingestão e absorção,” revela.
Proteínas
O leite de verdade possui uma combinação exclusiva de proteínas. As de digestão lenta (caseínas) e as proteínas de digestão rápida, que são as proteínas do soro (as famosas whey protein) fazem do leite uma poderosa fonte de aminoácidos, que são fundamentais para o desenvolvimento e crescimento das crianças.
Alimentos de verdade
Na hora de escolher o que vai ingerir, é importante que se leia o rótulo. A orientação médica, principalmente neste momento de pandemia, é que se consuma alimentos de verdade.
Denominação
Peretti explica que o termo “leite” apresenta restrição para a sua utilização, “em razão do produto exercer um papel nutricional importante para crianças menores e ser fonte de vitaminas, cálcio e proteínas importantes para a saúde”, ressalta. Portanto, desde 2017 é proibido no Brasil que bebidas vegetais sejam chamadas de leite. “No entanto é importante esclarecer que produtos que já tenham um uso diferenciado consagrado, como no caso do “leite de coco”, quando for ingrediente e não enquanto bebida vegetal o uso do termo é admitido”, argumenta.
Industrialização
Já em relação ao nível de industrialização entre um produto e outro. A especialista explica que se o processo de industrialização for UHT, ambos os tipos de alimentos serão livres de conservantes. Neste aspecto ela esclarece ainda que o grau de industrialização não é o que afeta necessariamente o perfil nutricional dos alimentos.
“Esse conceito de ultra processados foi estabelecido no Guia de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde em 2014. Porém dentro da disciplina de Ciências e Tecnologia de Alimentos, nas diversas Universidades no Brasil e globalmente, não é estabelecido este conceito. Mas sim a definição de processamento dos alimentos para as diferentes tecnologias, tais como: tecnologia de lácteos, panificação, vegetais, bebidas, cárneos e outros.” Esclarece Peretti.
Ela explica que a industrialização possibilita a “segurança dos alimentos quanto aos aspectos microbiológicos, físicos e químicos, e garante que o produto dure mais tempo na prateleira. Permitindo a acessibilidade aos diferentes consumidores distribuídos nas mais diversas regiões do país e do mundo.”