Conversamos com Rafael Bottos da Aptah BioSciense, ele contou que com o novo teste rápido, as pessoas poderão fazer a testagem para o coronavírus sem sair de casa
Quando esforços científicos se unem, quem ganha é a sociedade. Assim está sendo com a batalha contra o coronavírus. Juntos a Aptah BioSciences, o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) e a Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Emprapii) desenvolveram um teste rápido para identificar o Sars-CoV-2.
A solução encontrada pelos pesquisadores pode ser realizada em qualquer lugar, não exigido das pessoas o deslocamento a hospitais, por exemplo. Outra vantagem é o tempo, para conhecer o resultado, a espera é de no máximo uma hora.
A testagem em massa tem sido uma estratégia utilizada para o enfrentamento da pandemia, como aconteceu na Coreia do Sul. Ao testar mais pessoas, o poder público consegue identificar quem está infectado e onde estas pessoas estão. Informações fundamentais para, por exemplo, planejar as medidas de isolamento. “Saber o diagnóstico rápido pode contribuir para o atendimento emergencial do doente, o mapeamento de possíveis infectados que não apresentam sintomas e a diminuição das taxas de infecção e mortalidade”, destaca José Luis Gordon, diretor de Planejamento e Gestão da Embrapii.
A metodologia usada mostra o avanço das pesquisas científicas no Brasil, como destaca Rafael Bottos, da Aptah BioSciences, “o exame com identificação do RNA viral é uma iniciativa inédita no País. A expectativa é que a leitura do exame seja imediata e que possa servir como triagem para o atendimento”.
Já o diretor-presidente do IPT, Jefferson de Oliveira Gomes, reforça importância da união dos três núcleos de pesquisa neste momento de crise de saúde pública. “Potencializamos nossas competências nesta parceria estratégica com a Embrapii e a Aptah, em uma situação emergencial em que a experiência e a qualificação de nossas equipes fará toda a diferença na busca de soluções para o enfrentamento da pandemia”, disse.
Teste atual
Antes de falar da inovação trazida pela Aptah Bioscience, IPT e Embrapii, é preciso entender como funciona o teste rápido já disponível no país. Este identifica a presença de anticorpos, que surgem quando a pessoa já teve contato com o vírus. Por isso, a testagem precisa acontecer entre o sétimo e décimo dia do surgimento dos sintomas, para que assim, o resultado seja mais confiável.
Além disso, no formato atual, as pessoas precisam se deslocar para postos de testagem ou ambientes hospitalares, o que pode representar aumentar a chances de aglomeração e, consequentemente, a probabilidade contágio pelo novo coronavírus.
No Distrito Federal, o governo local disponibilizou dez pontos de testagem, que usam o sistema de drive-thru. A testagem é exclusiva para sintomáticos, sendo necessário o agendamento para a realização do teste. Em 18 dias, 75 mil pessoas foram testadas para Covid-19.
Teste inovador
Conversamos com Rafael Bottos, sócio da Aptah BioSiences, para entender melhor como funciona o teste rápido desenvolvido para Aptah BioSiences, IPT e Embrapii. A intenção dos pesquisadores é prover uma solução confiável, mais barata e acessível às pessoas.
CTXT: Como se dá a coleta de material para realização do teste?
Rafael Bottos: A coleta do material é feita com um swab (uma espécie de cotonete) que a própria pessoa vai poder passar no nariz ou na garganta. Tem um procedimento para fazer isto, por exemplo, um minuto em cada bochecha (por dentro da boca). Depois é colocado dentro de um frasco com um líquido, você chacoalha o líquido e depois de um tempo, você vai ver se esse líquido muda ou não de cor, e isto que vai constatar se você tem ou o RNA viral dentro do seu organismo.
As pessoas poderão adquirir o teste em farmácias?
Rafael Bottos: Essa coleta pode ser feita pela própria pessoa, comprando o teste dentro de hospitais, farmácias. Se a Anvisa autorizar, poderá ser vendido pela Internet, e você poderia receber em casa.
A pessoa infectada necessariamente apresentará o vírus na saliva? E se a pessoa já teve contato com o vírus e está imune, como ficaria, apareceria na saliva?
Rafael Bottos: O nosso objetivo, como é um teste de triagem, é identificar resíduos virais, RNA viral, que acontece quando a pessoa está infectada e infectando outras pessoas, que é o início do processo. Quando ela é imune, ela pode até ter o vírus ou não, mas ela não vai manifestar essa doença porque ela já está imune. Nosso objetivo é fazer a análise no início do processo, se ele se confirmar, é possível fazer uma nova análise de anticorpo ou de PCR para confirmar o nosso resultado.
Quais são as vantagens e possíveis aplicações desta solução?
Rafael Bottos: Esse teste é um teste que estamos olhando como um teste recorrente, por ser muito mais barato, você possa fazer semanalmente e fazer com que uma empresa compre aos milhares e possa, semanalmente, ou a cada duas semanas, fazer este teste em todos os funcionários. Isso é muito bom porque como o teste identifica o início da contaminação, é possível evitar a disseminação.
Como está o andamento da pesquisa? Só faltaria o registro da Anvisa para a liberação do teste?
Rafael Bottos: Nós estamos, neste momento, finalizando as últimas etapas técnicas e em paralelo, inciando o estudo clínico, em hospitais parceiros, para comprovar a eficácia e segurança e após isto vamos para o registro da Anvisa.
A Apta também está desenvolvendo pesquisas para o tratamento/vacina do coronavírus?
A Aptah tem como base tecnológica e plataforma tecnológica o controle de moléculas que ajustam, alteram, modificam a máquina celular. Então, a nossa competência é o desenvolvimento de terapias celulares contra vários tipos de câncer e outros tipos de doença. A gente tem três abordagens diferentes para vacinas e terapias para a covid. Então, a gente tem essa capacidade, essa competência. O nosso maior problema hoje é conseguir um patrocinador para poder investir nessas iniciativas.