Setor varejista ataca produtores de  leite, arroz, carne, feijão e óleo de soja

Foto de formulário PxHere

A Associação Brasileira de Supermercados – ABRAS enviou na última quinta-feira (27) um ofício à Ministra da Agricultura Tereza Cristina pedindo interferências do governo, que prejudicam toda a  cadeia produtiva dos alimentos de maior importância para as famílias brasileiras. O documento argumenta preocupação em relação ao aumento dos preços nas prateleiras de arroz, feijão, leite, carne e óleo de soja.

Todavia, o setor produtivo  entendeu  como uma tentativa de manobra para a manutenção, se não o aumento da margem de lucro do setor varejista. No ofício assinado presidente da entidade, sr João Sanzovo Neto, a ABRAS pede a isenção de impostos dos produtos importados, para concorrer de forma desigual com a indústria nacional e  ainda por cima engessar o setor por meio de intervenção direta no mercado por meio dos estoques reguladores.

Alexandre Guerra

De acordo com Alexandre Guerra, presidente do Sindlat – Sindicato das Indústrias Produtoras de Leite do Rio Grande do Sul, o Governo Federal precisa ter cautela ao analisar a solicitação. “O setor lácteo trabalha com uma margem muito baixa, em 2019 trabalhamos o ano inteiro praticamente no vermelho. O que está acontecendo nos últimos dois meses é uma atualização necessária, sem contar que com a alta do dólar os custos de todo mundo subiu muito”, argumenta o empresário.

Guerra destacou ainda que produtos lácteos importados  dos países membros do MERCOSUL já entram no Brasil com isenção fiscal. “Implantar o pleito solicitado, ampliando mais a importação não é justo. Não existe espaço  para prejudicar o setor tão sofrido quanto o nosso. Somos uma indústria a céu aberto, sofremos interferências climatológicas constantes. Precisamos ter resultado o ano inteiro, não em apenas dois meses por ano”, conclui.

Especulação histórica

Segundo fontes ligadas ao setor de laticínios, trata-se de um claro movimento especulativo. Pois o processo de importação é demorado e o que se deseja é diminuir o preço do setor para o grande varejo continuar com as elevadas margens. O que é historicamente conhecido como “modus operante” do setor varejista nacional.

Reação

O setor de laticínios se movimentou diante dessa informação, já que consideram um despropósito a tentativa de prejudicar um setor que durante toda a pandemia vem se esforçando de todas as maneiras para que o abastecimento seja feito com a total prioridade.

Os produtores, mesmo com os elevados custos da alimentação dos rebanhos, vivenciando forte seca que abate as maiores bacias, o frio e queimadas, não deixam de produzir.

Por outro lado, a indústria enfrenta redução de seu quadro de funcionários, devido ao número de pessoas no grupo de risco ao Covid-19. Mesmo assim, continua processando e movimentando-se intensamente nas logísticas de captação e distribuição dos produtos até os milhares de pontos de vendas.

Arbitrariedade

Guilherme Abrantes

De acordo com  Guilherme Abrantes, presidente  do Silemg -Sindicato da Indústria de Laticínios do estado de Minas Gerais –   os produtores e os Laticínios sofrem perdas durante meses e se mantém firmes  na produção e abastecimento. A cadeia produtiva do leite e seus derivados ocupa no Brasil de forma direta e indireta mais de 5 milhões de pessoas.

Abrantes não acredita que o governo vá incentivar a importação, pois “o agronegócio está segurando a economia do país durante esta pandemia, o ministro Paulo Guedes não permitiria um ataque deste com o setor produtivo”, afirma.

Ainda segundo Guilherme, as margens de lucro dos supermercados tem se mantidos altas durante toda a pandemia. Quando o setor varejista  percebe a redução de sua margem líquida inicia esse tipo de pressão sob os produtores e a indústria nacional de alimentos.

Em relação à solicitação dos estoques reguladores, Abrantes também não vê motivo para uma interferência do governo. “Não existe risco de desabastecimento, os estoques estão mais baixos mas não tem previsão de falta de alimentos”, garante.

Interesse Nacional

A esperança do setor de laticínios é de que o governo por possuir as informações estratégicas sobre os setores que compõem a produção destes alimentos, desde o campo até às prateleiras, não cederá a esse tipo de pressão, e vai trabalhar em defesa do interesse nacional.

As importações já ocorrem, e até mesmo estão maiores, e existe em épocas de entressafra com uma certa normalidade. Mas na maioria das vezes, os importadores buscam complementar e não substituir as produções nacionais.

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