Sociedade Brasileira de Infectologia faz críticas ao discurso do presidente

Foto: Isac Nóbrega/PR

Na noite de ontem (24), Jair Bolsonaro discursou em rede nacional, durante a fala, brasileiros de várias cidades fizeram mais um panelaço. O presidente pediu aos brasileiros a interrupção do isolamento e o retorno à rotina, com a reabertura dos comércios e das escolas. Ele ainda afirmou que o coronavírus é uma ‘gripezinha’.

Por estar na contramão do que tem sido feito em todo o mundo, o discurso repercutiu negativamente e hoje, a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) divulgou uma nota de esclarecimento.

Trecho da nota:

Tais mensagens podem dar a falsa impressão à população que as medidas de contenção social são inadequadas e que a COVID-19 é semelhante ao resfriado comum, esta sim uma doença com baixa letalidade. É também temerário dizer que as cerca de 800 mortes diárias que estão ocorrendo na Itália, realmente a maioria entre idosos,
seja relacionada apenas ao clima frio do inverno europeu. A pandemia é grave, pois até hoje já foram registrados mais de 420 mil casos confirmados no mundo e quase 19 mil óbitos, sendo 46 no Brasil.

O Brasil está numa curva crescente de casos, com transmissão comunitária do vírus e o número de infectados está dobrando a cada três dias.

O país hoje tem 2.403 casos confirmados, destes, dois recuperados e 57 mortes. O estado de São Paulo lidera o ranking com 862 casos, com 48 mortes.

A nota da SBI assinada pelo presidente Clóvis Arns da Cunha encerra com a seguinte mensagem:

A epidemia é dinâmica, assim como devem ser as medidas para minimizar sua disseminação. “Ficar em casa” é a resposta mais adequada para a maioria das cidades brasileiras neste momento, principalmente as mais populosas.

Veja a nota na íntegra: clique aqui.

Repercussão política

O presidente do Senado Federal, Davi Alcolumbre, que testou positivo para o covid-19, e o vice-presidente Senado, Anastasia, divulgaram uma nota ainda na noite de ontem (24):

“Neste momento grave, o País precisa de uma liderança séria, responsável e comprometida com a vida e a saúde da sua população. Consideramos grave a posição externada pelo presidente da República hoje, em cadeia nacional, de ataque às medidas de contenção ao covid-19. Posição que está na contramão das ações adotadas em outros países e sugeridas pela própria Organização Mundial da Saúde (OMS). Reafirmamos e insistimos: não é momento de ataque à imprensa e a outros gestores públicos. É momento de união, de serenidade e equilíbrio, de ouvir os técnicos e profissionais da área para que sejam adotadas as precauções e cautelas necessárias para o controle da situação, antes que seja tarde demais. A Nação espera do líder do Executivo, mais do que nunca, transparência, seriedade e responsabilidade. O Congresso continuará atuante e atento para colaborar no que for necessário para a superação desta crise.”

 

Foto: Ronaldo Caiado durante a coletiva desta manhã (25). Divulgação.

Nesta quarta-feira (25), o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, convocou uma coletiva de imprensa para anunciar o rompimento com o presidente. Como médico, Caiado demonstrou indignação com o do pronunciamento do presidente. “Fui aliado de primeira hora, durante todo tempo. Não posso admitir que o presidente venha agora e lave suas mãos, responsabilizando outras pessoas por um eventual colapso. Não é isso que esperamos de um governante, de um Estadista, em um momento como este, mas sim humildade e serenidade. Numa guerra, não se aceita transferir responsabilidade a outros”, expressou o governador. “Aqui em Goiás, a responsabilidade sobre a vida de sete milhões e 200 mil goianos é exclusivamente minha. Eu assumo”, destacou Caiado.

O governador ainda condenou aqueles que priorizam a economia no momento de crise de saúde pública. “Muitos colocam a tese de que teremos um colapso econômico de grandes proporções. Ao colocar na balança – o que é mais importante? A vida ou a economia? Nós podemos fazer as duas coisas. Existem aqueles que são guiados pelo lucro e pelo dinheiro. Mas a grande maioria do empresariado goiano pensa diferente e tenho que reconhecer o apoio que temos recebido”. E reiterou: “Não temos a vacina para a Covid-19, não sabemos como se comporta. Até então, o único dado conclusivo é de que apenas o isolamento pode conter sua disseminação”. Assim, pontuou que saberá ponderar o momento adequado para flexibilizar as regras de isolamento social.

Já Ibaneis Rocha, governador do Distrito Federal, postou hoje em uma rede social:

Copiando Trump?

Donald Trump também acredita que até a Páscoa, os Estados Unidos possam voltar a rotina. No entanto, os governadores discordam e pedem que as pessoas sigam em isolamento social para conter o avanço da epidemia e evitar o colapso do sistema de saúde.

O estado de Nova Iorque já representa mais da metade dos casos de coronavírus no país, que tem mais de 64 mil casos ativos e 893 mortes.

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