Sem amizade não existe o amor [Bastidores de Você]

Olá meus amigos leitores da coluna. Hoje converso com você sobre a amizade e como ela e sua importância para nosso caminhar durante a vida.

Lendo Arnold H. Glasow pincei uma frase que foi o que motivou a minha escrita: Ele afirma que amigo é aquele que jamais fica no seu caminho salvo para evitar que você caia.

Amigo é exatamente isso, aquele que se posta ao nosso lado, não para a farra, festa e curtição. Os verdadeiros amigos aparecem quando estamos na pior e nos estendem a mão para que consigamos sair daquela situação. Porém, uma chamo a atenção para um ponto que temos negligenciado: a amizade entre casais.

Casais costumam esquecer algo fundamental em qualquer relação, ou seja, que antes de serem pessoas que se amam e tem contato físico mais íntimo,  o amor que os mantém juntos tem uma porção significativa de amizade. Não concorda? Vamos olhar de perto…

A amizade é uma relação de afeto que mantém unidas duas pessoas. Ela nos traz companheirismo, afeição e suporte emocional nos momentos tormentosos da vida e, ainda, contribui para sua própria autoestima, pois nos mostra que somos importantes para alguém e que o mundo não é um lugar solitário.

Além disso, junto com a amizade, nasce também um sentimento de companheirismo, e a palavra “companheiro” tem forte significado. Antes de passar a explicar minhas percepções quero lembrar um poema de Bertolt Brecht:

Escravo, quem te libertará?

Aqueles que estão no abismo mais profundo

Companheiro, vão te ver

seus gritos ouvirão.

Os escravos te libertarão.

Todos ou ninguém. O todo ou o nada.

Sozinho ninguém pode se salvar.

 

Companheiro é então justamente aquele que está ao seu lado, em todos os momentos, que luta ao nosso lado. Aliás a origem etimológica da palavra companheiro é do latim vulgar compania, formado de cum “com” + panis “pão”, paralelo ao latim gaulês companìo, por sua vez, decalque do germânico gótico gahlaiba, de ga “com” + hlaiba “pão”; segundo Nascentes, o signficado do latim vulgar compania é o “conjunto de pessoas que comem seu pão juntamente”. A partir disso teria sido generalizado para “pessoas que vão juntas” e, depois, se especializado, como termo militar e para fazer referência à “tripulação de uma embarcação”.

Resumindo, companheiro é aquele que come o pão com você no caminho, aquele que caminha lado a lado e tão brilhantemente cantado por Milton Nascimento:

Amigo é coisa para se guardar

No lado esquerdo do peito

Mesmo que o tempo e a distância digam “não”

Mesmo esquecendo a canção

O que importa é ouvir

A voz que vem do coração

 

Ora, a pessoa que você escolheu para viver uma vida, para comungar uma família, para ser aquela que você vai caminhar por toda a vida na figura de ser seu marido, sua esposa, seja como você organiza sua família, independente de qualquer rótulo. Se essa pessoa não for seu verdadeiro companheiro, infelizmente a coisa não vai acontecer da forma esperada, e um dia esse relacionamento vai acabar.

Você ainda pode estar discordando de mim, mas estudos comprovam que tal como o poema de Brecht quem tem um relacionamento onde o casal é também amigo, as chances de ser feliz aumenta muito. John Helliwell, da Faculdade de Economia de Vancouver, e Shawn Grover, do Departamento Canadense de Finanças, perceberam que estar em um relacionamento estável torna as pessoas mais felizes e mais satisfeitas com a vida do que as que ficam solteiras, principalmente durante os períodos mais difíceis.

Gary Backer, ganhador do Prêmio Nobel de Economia, autor do livro “The Economic Approach to Human Behavior”, afirma que o casamento até os anos 70 possuía, salvo algumas exceções, um sentido utilitarista. O homem teria um papel para a mulher e a mulher um papel bem definido para o homem e a união de um casal se dava justamente pela utilidade da relação.

As mudanças dos papéis sociais que operaram-se na sociedade, também impactaram no modo como o matrimônio é percebido. Diante disso os papéis não são mais fixos, onde a mulher fica em casa e o homem trabalha. Na verdade, ambos passaram a assumir ativamente todos os papéis. Desta forma o que passou a ser fundamental não são mais os benefícios que um poderia retirar do outro, mas as relações passaram a ser baseadas no companheirismo e nas confidências que um faz ao outro.

Isso se torna mais importante ainda na meia idade, quando a vida ainda não está resolvida, mas por outro lado, há muitas pressões externas ao casal, seja de trabalho, finanças ou filhos.

Afinal de contas, encontrar um amigo de verdade parece um presente que recebemos diariamente. Mesmo que haja uma distância física sempre deve haver o companheirismo, respeito, admiração e, principalmente, uma aliança em que juntos travarão as lutas da vida em conjunto.

Muitos relacionamentos morrem justamente porque esquecemos desse detalhe, que antes de ser um casal, as pessoas precisam sempre lembrar que são amigas. Nas amizades verdadeiras não há camuflagens, mentiras, ocultações.

Assim, nesse dia dos namorados, quero lembrar que você, antes de ser namorado, marido, convivente, seja o que for, antes de tudo seja amigo e companheiro da pessoa que você escolheu conviver.

 

 

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