
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) anunciou que a farmacêutica indiana Biological E. foi selecionada para fornecer uma vacina pneumocócica de última geração. A empresa fornecerá a vacina conjugada PCV-14, que protege contra 14 sorotipos de Streptococcus pneumoniae, bactéria responsável por infecções respiratórias graves como pneumonia e meningite.
Desenvolvida após 15 anos de pesquisa, a PCV-14 atende aos rigorosos padrões internacionais de qualidade, segurança e eficácia. Atualmente, está em fase final de pré-qualificação pela Organização Mundial da Saúde (OMS), com aprovação prevista para o segundo trimestre de 2025.
Além do fornecimento da vacina, a Biological E. se comprometeu com a transferência completa de tecnologia, permitindo que o Brasil produza o imunizante nacionalmente. Essa iniciativa está alinhada com as Parcerias para o Desenvolvimento Produtivo (PDPs) e com as diretrizes do Complexo Econômico-Industrial da Saúde (CEIS), fortalecendo a autonomia e a inovação no setor de saúde.
A parceria também inclui o desenvolvimento conjunto de uma nova vacina pneumocócica com 24 sorotipos, com previsão de conclusão entre 2027 e 2028. Esse projeto reforçará o papel do Brasil como centro de excelência em saúde pública na América Latina.
Com essa iniciativa, o Brasil será o primeiro país a adotar a vacina pneumocócica mais abrangente do mercado, incorporando-a ao Sistema Único de Saúde (SUS). A produção será feita em parceria com Bio-Manguinhos/Fiocruz, responsável por imunobiológicos destinados ao SUS. Estima-se que a medida gerará economia de cerca de 1 bilhão de reais nos próximos anos, permitindo realocar recursos para outras áreas estratégicas da saúde.
César Rengifo, Diretor-Geral da Biological E. para a América Latina, destacou que a parceria com a Fiocruz é um marco para a saúde pública brasileira, garantindo não apenas uma vacina inovadora, mas também a autonomia na produção. Ele ressaltou ainda que o Brasil poderá se tornar um hub biofarmacêutico regional, com capacidade para exportar a PCV-14 para outros países da América Latina.
O Streptococcus pneumoniae continua sendo uma ameaça significativa no Brasil, especialmente para crianças, idosos e pessoas com comorbidades. Dados do Ministério da Saúde mostram que, em 2024, houve 598 mil internações por pneumonia, um aumento de 6,2% em relação a 2023. Os casos de meningite bacteriana também cresceram 12,8%, com 1.734 registros em 2024.
A PCV-14 oferece maior cobertura imunológica comparada às vacinas atualmente disponíveis no Programa Nacional de Imunizações (PNI). Segundo Rengifo, a vacina protege contra sorotipos emergentes e mais virulentos, podendo reduzir hospitalizações, mortalidade e custos associados ao tratamento de infecções pneumocócicas, fortalecendo a resposta do país a emergências sanitárias.