Entenda como diferentes formas de criação de gado leiteiro podem ser sustentáveis

Gado no Pasto da Fazenda Grassi. Foto: divulgação

Conheça três propriedades que apesar de criarem gado de formas distintas possuem três coisas em comum: produção de leite de qualidade, respeito ao meio ambiente e ao bem-estar dos animais

 

O setor lácteo vem se destacando, durante a pandemia de covid-19 de forma muito positiva, pois foi um dos poucos segmentos que não apresentou demissões, manteve o nível de vendas e abastecimento.

E isso pode ser constatado por todos em uma simples ida ao mercado, já que as prateleiras continuam devidamente abastecidas de produtos com a variedade de sempre.

No entanto, a população que vive na cidade pouco sabe como funciona lá na ponta… No campo, onde tudo começa, para que os alimentos cheguem à nossa mesa diariamente.  E como somos gentis, vamos começar com a dama do trio.

 

Fazenda Floresta

Roberta Bertin da Fazenda Floresta com uma de suas “rainhas”: Fotos: divulgação

A veterinária Dra. Roberta Bertin administra a Fazenda Floresta com amor de mãe! Tanto, que ela se refere às suas vacas como rainhas, e de fato os mais de 600 animais de sua fazenda são tratados com toda pompa e carinho.

O empreendimento conta com seis veterinários, cada um com sua especialização, e “ao menor sinal de doença ou desconforto o animal é tratado imediatamente”, destaca Roberta.

A propriedade é localizada em Lins no estado de São Paulo e produz cerca de 14.500 litros de leite por dia.

Mas o negócio da Fazenda Floresta não se limita a produção de leite. O grande orgulho da Bertin é seleção genética sustentável com alta produção.

Todos os animais nascidos na propriedade são provenientes de fertilização in vitro – FIV, uma técnica reprodutiva que é feita no laboratório da própria fazenda, o Reproll, a partir de mães doadoras e pais de boa genética comprovados, informa a pecuarista.

Além de reproduzir o gado para a produção da própria Fazenda Floresta, eles comercializam embriões,  bezerras, novilhas e vacas paridas para agregar leite e genética nas propriedades rurais de forma mais imediata.  No próxima sexta-feira, dia 17 às 19h será organizado um leilão em formato de live mais informações podem ser obtidas neste link aqui.

 

Fazenda Grassi

Animais da Fazenda Grassi se alimentando no cocho. Foto: divulgação

A maior alegria do empreendedor Luciano Rossato Grassi é a possibilidade de trabalhar em família que agropecuária proporciona. “É uma atividade muito complexa, é preciso trabalhar com dados e números além de gestão, e outras áreas toda a família pode trabalhar nela”, destaca Grassi.

Localizada no município de Ibiam em Santa Catarina são criados na propriedade 200 cabeças de gado, sendo 70% da raça Jersey e 30% gado Holandês. Atualmente a Fazenda Grassi produz cerca de 3.500 litros de leite por dia.

Há seis anos a família entrou no ramo da produção leiteira. Mas no agronegócio eles já possuem mais de 36 anos de experiência. Começaram com aves, e depois inseriram a criação de suínos. Mas atualmente, a pecuária leiteira é a principal fonte de renda e atividade da propriedade.

 

Fazenda Boa Fé

Jônadan Hsuan Min Ma Diretor Executivo do  Grupo Araunah. Fotos: divulgação

Aqui o grande orgulho do engenheiro agrônomo Jônadan Hsuan Min Ma, que é Diretor Executivo do  Grupo Araunah, fundado por imigrantes chineses, está na excelência. Afinal, neste ano foi a primeira fazenda brasileira com certificação plena de bem estar animal oferecida pelo #bebamaisleite em parceria com a QConz uma consultoria da Nova Zelândia.

Também foi considerada a fazenda agropecuária leiteira mais sustentável de 2018. “Nos deixa muito orgulhosos pois trabalhamos com sustentabilidade,  técnica e além de tudo produzindo leite de alta qualidade”, ressalta Jônadan.

 

A fazenda Boa Fé  fica na cidade de Conquista, em Minas Gerais e produz 12 mil litros de leite por dia  com rebanho de cerca de 390 vacas da raça Girolando. O bem estar animal é preocupação constante, assim como nas demais propriedades.

Eles desenvolvem o sistema misto de criação na pecuária leiteira composta por cria, recria e vaca de reprodução. Por isso o sistema é verticalizado, desde a bezerra até o gado leite.

Entenda a sustentabilidade de cada empresa

Agora que cada propriedade e seus responsáveis foram apresentados, vamos entender como funciona cada sistema de criação  escolhido e como eles beneficiam e protegem o meio ambiente além de promover o conforto dos animais.

É importante ressaltar que não existe uma forma mais certa do que a outra. São opções, que cada propriedade adota de acordo com a sua realidade e capacidade de trabalho.

Fazenda

Sistema

Como funciona

Floresta

Pasto rotacionado irrigado e adubado Na Faz. Floresta as vacas são criadas soltas no pasto.  “Duas vezes por dia elas são levadas para uma estrutura onde ficam a sala de ordenha e os coxos. Então elas comem e são ordenhadas neste espaço,” explica Roberta. A área é arejada por aspersores e os animais, equipamentos e ambientes são higienizados  para estes momentos também.  Quanto ao solo, a mata foliar que é intercalada ao pasto garante a troca de CO². Parte dos dejetos dos animais vão para biodigestores de concreto onde são transformados em adubo. “Os dejetos que seriam um problema, se transformam em solução,” esclarece a veterinária.

Grassi

Pasto em sistema de piqueteamento rotativo O gado é criado 100% em pasto livre com suplementação.  “Como nós também temos suíno cultura, que gera muitos dejetos, a adubação da terra é feita com  biofertilizantes, o que torna o ciclo bem sustentável,” garante Grassi.  Como nos demais, todos os animais e equipamentos são higienizados antes de cada procedimento. A propriedade possui duas nascentes de água, cercada por plantas nativas protegidas e monitoradas.

Boa Fé

Sistema misto animais em pasto Tifton-85(gramínea com alto poder nutritivo) e gado encapsulado em  Compost Barn e Freestall Na Faz. Boa Fé a forma de pasto de cada animal depende da fase em que se encontra. “Um animal vai atrás de comida, o outro recebe a comida, a vaca que não está produzindo leite e as novilhas ficam no pasto, onde se alimentam. Já as vacas produtoras ficam no  Freestall para que fiquem mais descansadas, refrigeradas e limpas,” explica Jônadan. Por serem um indústria de agro alimentos que produzem milho, soja e sementes de várias espécies, eles trabalham com sistema de manejo integrado. “Temos um trabalho muito bom na terra produzindo alimentos e pastagens baseados no plantio direto, é um sistema que preserva o solo, sempre com rotação de culturas e uso de plantas coberturas” afirma. Se orgulham de produzir zero lixo pois integram totalmente a lavoura com a pecuária, que recebe o alimento e retorna como adubo. O que deixa o solo mais saudável e sustentável.

 

Controle de qualidade do leite

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A qualidade do leite, é medida pela primeira vez ainda na fazenda, por meio da CCS, que é a contagem de células somáticas do leite e da CBT, que é a contagem bacteriana total.

A CCS mede a saúde da glândula mamária, e a CBT é o reflexo da higiene do ambiente de ordenha e armazenamento do leite.

Tanto no CCS quanto no CBT, quanto mais mais baixo os níveis melhor é a qualidade do leite.

Além da CCS e do CBT, o índice de proteína e de gordura do leite é medido nas propriedades e pelos laticínios, tornando o leite que chega nas prateleiras dos supermercados extremamente seguros e limpos.

 

O bem estar dos animais

A pequena Olga faz carinho em uma das vacas da Fazenda Grassi. Foto: divulgação

Como dizem os especialistas, na pecuária leiteira moderna não há espaço para amadorismo. As técnicas e pesquisas já estão muito avançadas e há o consenso de que o animal estressado produz menos leite.

Por isso, a preocupação com o conforto e o nível de stress das vacas é constante. Temperatura do ambiente, emissão de ruídos, valor nutricional dos alimentos oferecidos, iluminação adequada, maciez da forragem onde os animais descansam, saúde e higiene das vacas são o foco de todas as propriedades sérias que conseguem se filiar às centenas de cooperativas de laticínios espalhadas pelo país.

Portanto, além dos profissionais da saúde devemos também ser gratos a estes produtores que continuam garantindo que o leite e seus derivados cheguem  nos supermercados e alimentem as nossas famílias em plena pandemia. E quando forem doar alimentos para as famílias carentes, lembrem-se de garantir o leite das crianças.

 

*texto atualizado dia 21/07/20 às 15:45

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