Selic: Será que o Copom poderá reduzir juros na próxima reunião?

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Selic a 13,75% e EUA entre 5% e 5,25%, o controle inflacionário para as nações gera polêmica

Considerada como “Super Quarta”, os bancos centrais brasileiro e americano anunciaram ontem (03) a nova taxa de juros vigente para cada país. No Brasil, a Selic foi mantida pela sexta vez consecutiva no patamar de 13,75%. Já nos EUA, o FOMC decidiu pelo aumento em 25 pontos base, levando os juros para o intervalo entre 5% a 5,25% ao ano.

Aumentar os juros em uma economia é um remédio amargo para o controle inflacionário da nação. Com juros mais altos, é mais difícil tomar crédito emprestado, consequentemente, o consumo cai, dificultando o acesso a produtos e estabilizando a economia como um todo; no entanto, diversos setores sofrem com a perda de vendas, contratos, negociações e clientes.

Tanto o Brasil quanto os Estados Unidos presenciaram inflações acima do teto limite ao longo dos últimos anos, mas, os indicadores recentes mostram certa diminuição nos preços em geral. No cenário nacional, o IPCA-15 do mês de abril ficou em 0,57%, a taxa foi inferior na comparação com o apontado em março de 2023, cerca de – 0,69%, e de abril de 2022 que fechou em – 1,73%. Na terra do Tio Sam, o índice de preços ao consumidor (CPI na sigla em inglês) fechou o mês de março em 5%, abaixo dos 6% esperado por analistas, e marcando o menor patamar nos últimos dois anos.

Para Paulo Cunha, especialista em mercados financeiros e CEO da iHUB Investimentos, o momento dos juros nas economias já era esperado. “A decisão foi unânime em relação à expectativa do mercado. Sempre em super quartas o mercado fica mais volátil, mas curiosamente essa semana foi mais fraca; não vimos os ativos oscilarem tanto, mesmo havendo quedas expressivas”, comenta.

Panorama Brasil

O cenário brasiliero segue na batalha entre governo e Banco Central. Falas de membros do executivo federal e principalmente do presidente Lula estão voltadas para a diminuição da taxa de juros no país. Já Roberto Campos Neto, presidente do BC, e membros do Copom continuam firmes na decisão sobre o atual patamar da Selic.

De acordo com o comunicado que acompanhou a decisão da taxa, o Comitê de Políticas Monetárias afirma que a conjuntura demanda paciência e serenidade na condução da economia. “O Copom enfatiza que, apesar de ser um cenário menos provável, não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso o processo de desinflação não transcorra como esperado”, diz o texto.

Vale lembrar que em 21 de setembro do ano passado, o Copom interrompeu um ciclo de 12 altas seguidas na Selic, iniciado em março de 2021.

“É necessário se atentar também à curva de juros, após a decisão da Selic, vemos a curva com vencimento de juros longo, lá para 2030, 2031, cair abaixo dos 12% pela primeira vez nos últimos tempos, isso sinaliza que o mercado enxerga uma possível redução na Selic em breve. Mas vemos essa movimentação da curva de juros futuros muito mais sensível aos discursos políticos”, comenta Cunha.

Panorama EUA

Mesmo com nove quedas consecutivas no nível de inflação, no patamar dos 5% indicado no mês de abril, a situação inflacionária em terras americanas está longe de atingir a meta de 2%. Em contrapartida, Jerome Powell, presidente do Federal Reserve, afirmou em discurso para a imprensa, que certos fatores serão levados em consideração nas próximas decisões da entidade financeira, sinalizando que novas altas poderão ser paralisadas.

Porém, o momento não é nada favorável para a economia do país. Na última semana, mais um banco teve de ser amparado economicamente em falência. Depósitos e outros deveres do First Republic Bank foram assumidos pelo maior banco dos EUA, o JP Morgan.

Outro ponto de preocupação é a dívida que o governo norte-americano possui. Segundo Janet Yellen, secretária do Tesouro, o país poderá deixar de pagar suas dívidas até 1º de junho, caso o congresso americano não aprove um novo teto limite para a dívida. O débito atual dos EUA encontra-se no patamar de US$31,4 trilhões.

“A situação de quebra dos bancos tem sido motivo de preocupação. Há um temor de contágio da situação em relação ao sistema financeiro, isso pode acarretar numa crise de proporções macro. Nessa linha, o FED mantém o discurso mais duro para conter o problema e tentar entregar a inflação na meta ”, finaliza o CEO.

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