Novo aumento da Selic gera crítica do setor produtivo

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Foto: Marcello Casal/Agência Brasil

CNI avalia que o novo aumento da Selic foi equivocado. Fiesp e Firjan avaliam que a elevação não é o melhor caminho para combater a inflação

Como previsto pelos analistas financeiros, o Comitê de Política Monetária (Copom) anunciou um novo aumento da taxa Selic. Os juros básicos da economia vão de 9,25% para 10,75% ao ano. A decisão foi tomada por unanimidade e a justificativa é o aumento da inflação.

De acordo com o comunicado do Copom, a Selic deverá seguir em alta até que a inflação esteja controlada no médio prazo. Por outro lado, o ritmo do aumento da taxa deverá ser menor, uma vez que a economia ainda vem reagindo aos aumentos anteriores. 

“Em relação aos seus próximos passos, o Comitê antevê como mais adequada, neste momento, a redução do ritmo de ajuste da taxa básica de juros. Essa sinalização reflete o estágio do ciclo de aperto, cujos efeitos cumulativos se manifestarão ao longo do horizonte relevante”, destacou a nota do Copom.

 A taxa Selic chegou a passar seis anos sem ser elevada. De julho de 2015 a outubro de 2016, a taxa permaneceu em 14,25% ao ano. Depois disso, o Copom voltou a reduzir os juros básicos da economia até que a taxa chegasse a 6,5% ao ano em março de 2018. A Selic voltou a ser reduzida em agosto de 2019 até alcançar 2% ao ano em agosto de 2020, influenciada pela contração econômica gerada pela pandemia de covid-19. Esse era o menor nível da série histórica iniciada em 1986.

Reação do setor produtivo

Entidades da indústria avaliaram a decisão do Copom de forma negativa, por não combater de forma correta as causas da inflação e ainda por prejudicar a recuperação econômica, em um cenário de pandemia de covid-19.

Para a Confederação Nacional da Indústria (CNI), a decisão foi excessiva e equivocada, a CNI teme que o aperto monetário gere um cenário de recessão para este ano.  

“Isso inibe a atividade econômica e deve continuar a desacelerar a inflação nos próximos meses. Essa intensificação do ritmo de aperto da política monetária aumenta o risco de recessão em 2022, com efeitos negativos sobre a produção, o consumo e o emprego”, destacou no comunicado o presidente da CNI, Robson de Andrade.

Na avaliação da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), o aumento da Selic não representa o melhor caminho para combater a inflação. De acordo com a entidade, os preços estão subindo pela pressão de custos e não por causa da demanda. 

“O novo patamar da Selic incomoda, e muito, já que a inflação que visa combater não apresenta um perfil condizente para um tratamento exclusivo via aumento dos juros”, criticou a Fiesp. “A expansão da renda e a geração de empregos de qualidade são características da indústria de transformação, com impactos positivos generalizados, do agronegócio aos serviços. Por isso, a Fiesp afirma: é preciso pensar para além do Copom”, acrescentou a federação.

A Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) também entende que o aumento, mesmo que esperado, pode comprometer a recuperação econômica neste ano.

“Assim, é impreterível o resgate da credibilidade fiscal com a aprovação das reformas necessárias, que são capazes de sinalizar a boa conduta no caminho da sustentabilidade das contas públicas. Só assim conseguiremos resgatar a, já muito abalada, confiança dos empresários e promover um crescimento sólido da atividade econômica”, acrescenta a nota da Firjan.

 

*Com informações da Agência Brasil

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