Mães que empreendem com os filhos

Este especial é uma homenagem a todas as mães, e um agradecimento por elas nos permitir à vida, o bem mais precioso, e que elas possam estar sempre perto de nós

Empresas familiares não são nenhuma novidade na realidade brasileira, muitos negócios surgem nas cozinhas de casa, nas salas de estar ou durante o jantar. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Sebrae, elas representam 90% das empresas no país, o que leva a uma representatividade de 65% no Produto Interno Bruto (PIB) e à empregabilidade de cerca de 75% dos trabalhadores.  

No entanto, hoje não é dia de falarmos de números ou estatísticas, neste especial de Dia Das Mães, queremos convidar você a conhecer histórias em que o amor e a parceria, entre mãe e filho, deram origem a negócios inspiradores, em que o cuidado com o próximo é a grande marca, isso parece ser um valor muito natural dentro desse formato de business.

Atualmente, muitas empresas correm em busca de formas de ‘humanização’ dentro das organizações. Mas quando mães e filhos se unem para empreender, esse valor, a humanização, surge naturalmente. 

Mas como isso é possível? 

A resposta não é exata. Talvez, possa ser explicado pelo elo que existe entre mães e filhos, ou por acaso seja pela confiança ou ainda porque esses negócios representam uma extensão da casa dessas pessoas. Mas será?

Vamos conhecer três histórias de mães e filhos que empreendem juntos e possivelmente, no fim, tenhamos uma resposta.

Cuidar do próximo “vem de berço”

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Luzia e William. Foto: arquivo pessoal

Para começar a nossa jornada, vamos conhecer um pouco da história de Luzia Câmara, uma mãe que tem uma história que representa tantas outras mulheres e nos ensina que o amor é um ato de coragem.

Ela engravidou jovem nos anos 1980 e assumiu sozinha a gravidez. Era um tempo que havia muito preconceito com mães solo, o que não foi totalmente superado nos dias de hoje. “Eu realmente enfrentei tudo e todos, meu pai praticamente me deserdou, e depois meu filho virou o melhor neto”, conta. 

Apesar das adversidades, Luzia escolheu pela vida e pelo amor a criança que estava à caminho. Além do próprio pai, ela também não teve o apoio do pai do filho dela, e mesmo assim, Luzia seguiu e trilhou uma jornada inspiradora.

Luzia vendia enciclopédias, trabalho realizado de 1979 a 1998, e quando o filho nasceu, ela escolheu o nome: William Benton. Segundo Luzia, foi uma homenagem ao fundador da Enciclopédia Britânica, o ex-senador americano William Burnett Benton

Mãe solo, ela precisou se dedicar muito ao trabalho para garantir o melhor para o seu filho. A rotina era puxada, Luzia saia cedo para vender as enciclopédias seja no aeroporto ou nos  shoppings de Brasília, e muitas vezes a volta para casa só acontecia depois das 22h. E se algumas crianças não gostam nada dessa escolha dos pais ou mães, e reclamam da ausência, o pequeno William era o grande incentivador de Luzia.

Luzia conta que a empresa que ela trabalhava criou um programa de premiação para os vendedores que batesse a meta estabelecida. O melhor vendedor iria para Disney com tudo pago.

E quem não gostaria de ir para a Disney?

Pois bem, o pequeno William recebeu da empresa que Luzia trabalhava um cartão postal (foto à esquerda)com o Mickey, e ele se apaixonou pela possibilidade de ir aos Estados Unidos e fazer a viagem dos sonhos. 

A partir disso, o filho incentivava a mãe para seguir fechando vendas “ele (William) me cobrava para bater a meta”, disse.

Depois de muito trabalho, Luzia conseguiu. Ela bateu a meta da empresa e os dois realizaram o sonho de conhecer o maior parque temático do mundo.

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Mãe e filho na Disney. Foto: arquivo pessoal

“Ele sempre esteve ao meu lado, e ele entendia a minha ausência, que era para dar melhores condições para ele”.

Desde 2016, os dois trabalham juntos como corretores de plano de saúde, e uma pergunta não pode faltar, se no passado, o filho ‘cobrava’ a mãe para bater as metas, e atualmente? Quem cobra quem? “Hoje sou eu, o disco virou, a gente trabalha em parceria e a gente está sempre se cobrando”, disse Luzia de forma leve e descontraída, feliz em ter o filho mais uma vez ao seu lado.

Lembra que falamos de valores? Luzia conta do cuidado,  do carinho e da honestidade com que os dois atendem os clientes e ela confessa: “muitas vezes, o William tem mais paciência do que eu”, formado em TI e estudando Educação Física, o filho se revelou um grande vendedor. 

E para a mãe a explicação é simples, o cuidado com as pessoas “vem de berço”, Luzia ainda lamenta o momento em que vivemos, para ela, hoje “as pessoas só querem saber do eu, eu me dei bem e o próximo que se dane”.

A história desses dois outros capítulos de superação que exigiram a fé e força tanto da mãe quanto do filho. Antes de entrar no universo dos planos de saúde, não podemos deixar de contar que Luzia e William trabalharam juntos na revista GuiaBsb, que posteriormente virou um site.

Sempre lado a lado, o amor entre os dois nos inspira neste Dia das Mães, feliz Luzia celebra: “Hoje  me sinto com dever cumprido de ser mãe de homem tão Maravilhoso, ético  responsável das suas responsabilidades, nunca fez nada que desabonasse a sua conduta”.

Para fechar esse primeiro capítulo do nosso especial, uma mensagem de Luzia: “aproveito para desejar a todas as Mães deste Brasil, um excelente dia das mães com todo meu carinho!  Feliz dias das Mães, especialmente a minha mãe Maria Cleuza Câmara!”

Mãe e filho na cozinha: não tem combinação melhor

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Foto: arquivo pessoal

Este capítulo do nosso especial começa com o Gregory, o filho da Lina. Ele era estudante de Jornalismo, enquanto a mãe, já aposentada, decidiu entrar na faculdade para seguir um sonho: a gastronomia. Os dois estudavam no IESB e por lá, os dois cursos são praticamente vizinhos, os prédios são muito próximos, e essa proximidade fez com que Gregory se apaixonasse por uma outra profissão.

Atualmente, os dois se tornaram Chefs e trabalham juntos nos seguintes negócios: A Pastelaria da Chef Lina e o Clube da Pizza, esse é comandado por Gregory, que também virou professor e consultor de gastronomia. 

Uma pausa para lembrar que temos a honra de ter o Gregory no time de colunistas do Contexto.

Voltando a nossa história, depois de um ano de formado como jornalista, Gregory se voltou ao empreendedorismo e a mãe dele foi a grande parceira. “No princípio eu estava na minha pizzaria e minha mãe era quem assinava o sabor, a massa, essas coisas.. Pelo conhecimento técnico que ela tem em gastronomia”, conta.

“E a gente trabalhou e começou a crescer, quando em 2011, minha mãe resolveu abrir a Pastelaria da Chef Lina no Shopping Popular”, conta Gregory que ainda revela que no novo negócio as funções se inverteram, “aí eu comecei assinar também”. 

Então funciona assim, na pastelaria, quem comanda é Lina e Gregory administra, na pizzaria, o filho é o chef e a mãe atua na administração também.

Afinal como fica a relação mãe e filho? Afasta ou fortalece? Trabalhar junto não deve ser uma missão fácil. Ou seria?

“Não sei se fortaleceu (a nossa relação), porque já era uma coisa muito consistente. O que que eu vejo? É que eu passo muito mais tempo com a minha mãe. Então, isso é muito bom”, revela Gregory.

Claro que a divergência pode fazer parte do negócio, afinal, são dois chefs com muito conhecimento e formação superior, Gregory fez uma pós em gastronomia inclusive. No entanto, tudo termina bem, “dois chefs sempre vão ter divergência na cozinha, até chegar em um consenso no que é melhor para o negócio e melhor para o cliente”.

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Chef Lina, Sérgio Reis e Chef Gregory. Foto: arquivo pessoal

Um dos momentos especiais para a dupla foi quando veio o convite para fazer o camarim do cantor Sérgio Reis, ídolo de Lina. Os dois estavam trabalhando na Expominas e a organização veio com desafio: “precisamos de alguém para fazer o camarim”. Claro que Lina e Gregory aceitaram a proposta, preparam pizzas especiais, teve uma com queijo e goiabada e também, a de frango com milho.

Mas a entrega não foi feita na porta, os dois entregaram pessoalmente. “Quando ele (Sérgio Reis) recebeu, ele olhou para gente e falou que tinha muito tempo que não comia pizza e ‘mas por vocês eu vou comer’”. O cantor aprovou o cardápio para a alegria e satisfação dos dois chefs.

Contudo, falta um depoimento para que o capítulo tenha um tempero especial. Então, com vocês: Chef Lina.

“Trabalhar com o meu filho é muito gratificante e eu me sinto, não só mãe, uma professora. E muitas vezes, ele é meu professor. É muito gratificante (trabalhar junto) e pouca gente pode falar, fazer isso o que nós dois estamos fazendo”, Lina ainda pontua que Gregory “como parceiro (de trabalho) é o melhor que eu posso ter na vida”. 

Ah, vale dizer que Lina faz questão de lembrar que não se sente mais aposentada e seguir trabalhando significa “saúde, felicidade, crescimento e exemplo”.

A chef ainda deixou um recadinho: “o dia das mães pra mim é um dia muito, muito gratificante e gostaria que o todas as mãe tivessem o privilégio de estar com seus filhos, ser feliz junto aos seus filhos, porque tenho certeza que os filhos são muitos felizes de estar ao lado das suas mães”.

Amor em forma de bolo

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Daniel ao lado de sua mãe, Marina. Foto: arquivo pessoal

Em Brasília não é nenhum exagero dizer que existem três pessoas: a que conhece o Bolos do Flávio, a que já ouviu falar ou aquela que conhece alguém que conhece o Bolos do Flávio.

O sucesso da marca tem vários ingredientes, e um deles é a parceria entre mãe e filho.

Daniel Cavalcanti conta que trabalhar com a mãe foi natural, e ela sempre foi uma parceira. Juntos venderam ouro, perfumes, importados, roupas e outros itens. 

E um dia, Daniel deixou Campina Grande, Paraíba, para vir para Brasília. Com o irmão, surgiu um negócio que tem um conceito simples e que conquistou muita gente: os bolos caseiros.

O negócio começou pequeno e no período da inauguração da primeira loja, em junho de 2008, a mãe de Daniel deixou a terra natal para desbravar um novo caminho.

E funcionava assim, Daniel colocava a mão na massa e a mãe Verônica encantava os clientes. Sabe aquela história de humanização? Muitas empresas contratam especialistas, implementam processos para alcançar essa meta, realizam treinamento e, no entanto, Verônica carrega isso na alma. O olho no olho, o saber o nome dos clientes, e saber como o cliente gosta do bolo, afinal, cada um gosta de bolo de um jeito, não é mesmo?

Daniel conta que “eu que coloquei a mão na massa, Mainha não tem muito gosto pela arte culinária, o alento dela sempre foi a comunicação, no início, ela cuidava do atendimento com seu sorriso cativante e alegria irradiante.”

A experiência da mãe, que administrou por anos a empresa do avô de Daniel, é um porto seguro. “Hoje é como se tivesse dois de mim ou dois dela, então, eu não teria chegado tão longe sem ela, graças a Deus!”

Esta história também tem um capítulo de superação. Daniel conta que houve um incêndio na fábrica e “foi um momento bem complicado e total desespero, eu pensava que era o fim, na minha cabeça só vinha as vidas dos funcionários, e logo descobri que todos estavam bem e não tinha sofrido nenhum aranhão”, relata. 

A sensação de alívio tomou conta de Daniel, mas era preciso cuidar da repercussão do ocorrido. “Quando eu vi estava na frente da loja com a minha mãe e minha esposa. Minha esposa cuidando dos curiosos e minha mãe estava com um sorriso estampado no rosto, falando para os clientes que estava bem, e que em breve estaríamos funcionando. Em 3 dias a loja estava reaberta e de fato tudo estava bem!”, disse.

Anos se passaram desde a primeira venda. Hoje, o Bolos do Flávio se tornou uma rede bem estabelecida no Distrito Federal e mãe e filho seguem lado a lado, com a missão de levar afeto em forma de bolo.

 

A equipe do Portal Contexto aproveita para desejar Feliz Dia das Mães para as nossas mamães e para todas as mães e filhos que nos prestigiam todos os dias.

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