Mais 135 mil pessoas viram de perto a volta do ‘Homem-Aranha’ na Indy 500
Mais um capítulo emocionante na história do automobilismo foi escrito neste domingo (30). E para os brasileiros, as 500 Milhas de Indianápolis deste ano teve um sabor muito especial. Pela quarta vez na carreira, Helio Castroneves venceu a Indy 500, uma das provas mais famosas do mundo do esporte a motor. Com 46 anos e com uma equipe nova, o piloto mostrou que a velha guarda ainda tem muito para mostrar nas pistas.
As 500 Milhas de Indianápolis tem charme, rituais e tradições próprias. Como contamos na sexta-feira, o grande campeão do dia não bebe champanhe, por lá, quem aguenta correr 200 voltas e ainda consegue terminar na frente celebra com leite. Outra diferença é que o Victory Lane ou o circulo da vitória, só comporta o vencedor, não há um pódio, com a presença dos três primeiros, como em outras etapas.
No Victory Lane, o piloto recebe a icônica garrafa de leite gelada, flores e encontra com o super troféu Borg-Wagner, que tem o rosto de todos os vencedores da prova.
A Indy 500 é um evento que não se restringe aos carros na pista, além de homenagear os produtores de leite do estado de Indiana, o evento presta homenagens às forças armadas americanas. Tradicionalmente, a corrida acontece no fim de maio devido ao Memorial Day, o feriado nacional que acontece na última segunda-feira deste mês e que relembra os militares que faleceram em combate.
No entanto, não é só a corrida ou a Fórmula Indy que tem tradições, o vencedor deste domingo também tem um ritual especial, que, inclusive, se tornou a marca dele.
Sobe na grade, Helinho!
Poucas voltas para o fim, Helio Castroneves superou o jovem piloto Álex Palou e tomou a liderança pela última vez da prova. Depois de cruzar a linha de chegada, o brasileiro parou o carro em frente à arquibancada e pode repetir o ritual de comemoração: escalar a grade do circuito. Era possível ouvir o público ovacionando o ‘novo’, aliás, o velho conhecido de Indianápolis e da Fórmula Indy. Pela quarta vez, Helinho pode subir na grade e celebrar a conquista que o reafirma como um dos grandes nomes da história do automobilismo nacional e americano.
Aqui é preciso fazer uma breve pausa para contar como surgiu esse hábito de escalas as grades. A primeira vez foi em 2000 e não foi nada planejado. A Após cruzar a linha de chegada em Detroit, o carro ficou sem combustível e o brasileiro saiu do carro e resolveu comemorar com a torcida. E a cada vitória, ele comemora assim e isso iria render algum apelido. Conhece imaginar qual? Homem-Aranha.
Com a quarta vitória nas 500 Milhas de Indianápolis, o Helinho se iguala a três lendas do automobilismo: Rick Mears, AJ Foyt e Al Unser Jr. “Estou muito honrado por fazer parte deste grupo incrível com AJ Foyt, Al Unser Sr. e Rick Mears. Isso é absolutamente um sonho que se tornou realidade”, celebrou o brasileiro.
O Brasil passa a ter oito conquistas, duas com Emerson Fittipalti, uma com Gil de Ferran e mais uma com Tony Kannan.
As três conquistas anteriores foram com a equipe Penske. Castroneves passou 20 anos disputando provas, campeonatos com o time comandado por outra lenta, Roger Penske, hoje, proprietário da Fórmula Indy e do Indianapolis Motor Speedway. E, no Victory Lane, o ex-patrão saudou o vencedor do dia.
Mas não foi só Penske que abraçou Castroneves. Por causa da pandemia, o público não era o mesmo de anos anteriores, mas cerca de 135 mil pessoas acompanharam a corrida e aplaudiram e vibraram com a vitória do brasileiro, que subiu na grade e foi abraçado pelos concorrentes, pela família e pelos ex-companheiros de equipe como Simon Pagenaud, Will Power e Tim Cindric.
Não podemos esquecer de contar mais um detalhe da corrida, foi a primeira vitória da história do time Meyer Shank Racing.
Com 46 anos e sem um contrato para correr toda a temporada, Helio Castroneves lembrou: “Não é o fim: é o começo”. Ele ainda disse: “não sei se é uma boa comparação, mas Tom Brady venceu o Super Bowl, Phil (Mickelson) venceu o PGA.” Com bom humor, o piloto destacou: “os velhos ainda conseguem e estamos ‘chutando o traseiro’ dos jovens. Estamos ensinando uma lição a eles.”
Reveja os melhores momentos a Indy 500 na transmissão americana:
Homenagem a André Ribeiro
O ex-piloto da Fórmula Indy André Ribeiro faleceu aos 55 anos no dia 22 de maio. E foi lembrado pelos pilotos brasileiros e pela equipe Penske durante a corrida de domingo.
A carreira nos Estados Unidos começou em 1994 na Indy Light. Dois anos depois, ele venceria a primeira corrida Fórmula Indy realizada no Brasil. A prova foi realizada no circuito oval do Autódromo do Rio de Janeiro. A vitória abriu portas para outros talentos nacionais, como o próprio Helio Castroneves e Tony Kanaan.
Depois da aposentadoria, André Ribeiro não deixou o automobilismo. Foi ele que acreditou no potencial de Bia Figueiredo até 2012, quando a brasileira chegou a disputar etapas Fórmula Indy pela equipe de Michael Andretti.
Além de gerenciar a carreira de Bia Figueiredo, o ex-piloto criou, em parceria com Pedro Paulo Diniz, piloto com passagem pela Fórmula 1, um grande celeiro de pilotos no país: o Renault Speed Show. O evento contava com duas categorias-escola: a Fórmula Renault e a Fórmula 3 Sulamericana, além da Copa Clio. De 2002 a 2006, diversos nomes protagonizaram grandes duelos, as corridas atraíam público por onde passavam. As arquibancadas enchiam em Brasília, Curitiba e São Paulo.
O Renault Speed Show dava a esperança da continuidade de legados como de Fittipaldi, de Senna e do próprio André Ribeiro na Indy. Alguns nomes chegaram à Fórmula Indy, como Mario Moraes e Bia Figueiredo, e até a GP2, como aconteceu com Luiz Razia, na época a categoria de acesso à Fórmula 1.
Entre os pilotos revelados e que passaram pelas duas categorias no período do Renault Speed Show estão: Sérgio Jimenez, Allam Kodhair, Paulo Salustiano, Diego Nunes, Nelson Merlo e Felipe Lapenna.
Para relembrar: a vitória de André Ribeiro no Brasil