Durante evento organizado pela Finnet, empresa de tecnologia financeira, empresários e representantes do Banco Central debateram os reflexos do primeiro ano do PIX
Os números do primeiro ano de operação do PIX chamam atenção, foram registradas 7 bilhões de transações, sendo que até o dia 16 de novembro os valores chegaram a 4 trilhões de reais (considerando o período de de novembro/2020 a outubro/2021). Também no último mês foi atingido um novo recorde de 50 milhões de transações em um único dia (5 de novembro).
Para Breno Lobo, gerente de gestão e operações do PIX no Banco Central (Bacen), o sucesso das operações se deve ao sistema robusto sem grandes problemas, apenas com falhas pontuais no início da operação. “Temos hoje cerca de 350 milhões de chaves cadastrados. Comparado ao sistema de pagamento instantâneos de outros países, o PIX foi o mais rápido (maior velocidade), com uma média de 30 transações por brasileiro no primeiro ano”, destaca.
No mês de abril, o PIX superou a soma de todas as operações de TED, DOC e boleto, e desde outubro representa 72% das transações. No entanto, para o CMO da Finnet, Ori Brandão, o boleto ainda tem muito o que avançar e se atualizar para que o PIX o absorva.
“Quando conhecemos os números do PIX, principalmente no B2B, vemos o tamanho do corpo que esse modelo ganha. A Finnet, como uma empresa que facilita todo o processo financeiro das empresas, enxerga no PIX o futuro para as transações que vão além do uso entre PF’s, mas traz diversos benefícios para o mercado business”, afirma Brandão.
Comparando aos cartões, no segundo trimestre de 2021 foram registradas mais de 3 bilhões de operações, enquanto o PIX registrou 1,9 bi no mesmo período. Ao todo, mais de 100 milhões de pessoas já utilizaram o PIX, o que corresponde a 62,4% da população adulta. De acordo com os dados do Bacen apresentados pelo gerente de gestão e operações do PIX, Breno Lobo, o novo método é utilizado por todas as camadas sociais.
PIX cresce para atingir o mercado B2B
Para o universo business, já são 7,9 milhões (55%) de empresas cadastradas no sistema financeiro (SFN) para utilizar o PIX em suas movimentações. Comprovando o movimento de migração para o novo sistema, as transações P2B estão em crescimento desde seu lançamento, em outubro foram registradas mais de 150 milhões. “É preciso entender que no país existem muitas pessoas na informalidade, por isso o número está muito aquém da realidade. Ou seja, são pessoas não formalizadas, que atuam como empresa mas não possuem automatização de recebimentos ou mesmo um CNPJ ativo”, destaca Lobo.
Já o volume de transações B2B atingiu a marca de 25 milhões ao mês, equivalente a 3% da quantidade total de transações neste nicho de mercado. Já em valores, isso representa 35% do total movimentado pelo setor empresarial.
“Queremos estimular as pessoas a utilizarem as chaves QR code para a transição de PIX, e é desta forma que os boletos poderão se modernizar, adicionando velocidade a um modelo tradicional de vendas, que aqui chamamos de Bolepix”, afirma o representante do Bacen.
De acordo com a gestora de Contas a Receber da Ri Happy, Renata Freire, a tendência natural é de o universo B2B migrar para o PIX. “No início houve um estranhamento, mas hoje os clientes enxergam no PIX uma forma bastante segura e rápida para processar pagamentos em nossos PDV’s. Isso vai atingir todo nosso sistema em breve”, afirma. No e-commerce já é bastante comum a utilização do PIX para pagamento em plataformas como Uber e Ifood, por exemplo.
Para o ano que vem, estão previstas ações de catalisação com foco em B2B para uso do QR Code, além do débito automático. “Nós queremos estimular o uso de APIs para poder gerar cobrança em lotes. Ainda, também vamos investir em funcionalidades para liquidação, PIX internacional, acessibilidade com NFC, bluetooth e etc. O Banco Central não para e tem muito ainda para trazer ao público para ganhar”, destaca Breno.
Identificar pontos nevrálgicos para modernizar o sistema
A Finnet realizou recentemente uma enquete sobre a intenção de as empresas aderirem ao PIX nos próximos meses. Entre os respondentes, 51% já utiliza o PIX em suas transações, enquanto 26% pretende implantá-lo ainda no próximo ano.
Abrir mão de um CNAB dentro do ERP seria uma possibilidade para o futuro a médio ou longo prazo? Para Breno Lobo, ainda pode ser que demore um tempo, apesar da Febraban ter agido de maneira rápida, ainda é preciso modernidade ao processo. “Com o CNAB 750 do PIX teremos uma padronização e facilitação ao meio”, afirma.
Uma verdade é certa entre os especialistas: conforme a demanda for surgindo, o comércio deverá se adaptar a essa nova realidade. Para Fabiane Cecato, Head de operações da Finnet, a não tarifação do PIX o transforma em uma ferramenta bastante atrativa. “Para uma pessoa Jurídica, essa é também uma questão a ser levada em conta quando os boletos ainda são maioria”, afirma.
“Para as grandes empresas de varejo, os investimentos em tecnologia que o mercado realiza constantemente dependerão do que o mercado demanda. Também é importante frisar que no mercado B2B, o PIX tem tarifação. Ainda, nos ERPs e demais ferramentas de pagamento/recebíveis, ainda serão necessárias mudanças fundamentais para que exista a mudança de cultura e hábitos que hoje estão atreladas ao boleto”, destaca Ori Brandão.
Um substituto para o boleto?
Sobre o ponto de conciliação, essa é uma dor comum a todos os clientes em unificar todos os meios de pagamentos (TED/DOC/Boleto). “Com o PIX isso foi facilitado. Conseguimos reduzir custos operacionais através do QR Code que vai impresso no boleto e também diminuir a liquidez, já que o dinheiro entra instantaneamente ao caixa das empresas”, afirma a Head de operações da Finnet.
Para o mercado B2B deixar de lado os boletos estão envolvidos muitos aspectos, que envolvem não apenas a diminuição de taxas, mas também mudança no fluxo de serviços que já existem, além de os boletos serem usados para consignação de créditos para empresas. A Finnet já consegue montar o bolepix junto com os bancos e operadores de crédito no mercado.
De acordo com Breno Lobo, o Bacen sabe que não será no dia da noite que haverá uma virada de chave. Ela deverá acontecer aos poucos e com auxílio de terceiros, com empresas que mediam o movimento, com base na demanda dos mercados. Além, é claro, de que foram feitos investimentos inúmeros de empresas, como a Finnet, por exemplo, que tem investido em novas plataformas e sistemas que permitem a experiência do PIX nas transações.
“Temos de verificar, analisar e promover melhorias no sistema para que o PIX seja um perfeito substituto para o boleto, assim como é hoje para o TED/DOC no B2B”, afirma o especialista do Bacen.
Para a representante da Rihappy, já é possível identificar um novo padrão de consumo dos clientes. “Nos PDVs a gente vê um crescimento gigante de transações via PIX (cerca de 3 vezes mais no último dia das crianças). Com novas ferramentas do PIX, como PIX agendado, os clientes estão ficando cada vez mais confortáveis a utilizá-lo, substituindo todos os demais meios comuns para pagamento. Por isso, vejo que as mudanças estão cada vez mais intensas e deverão ser parte da empresa para o próximo ano ao passo desse crescimento” afirma Renata.
Para Fabiane Ceccato, as empresas estão entendendo cada dia mais as necessidades individuais e por isso estão identificando suas dores no momento de investir em tecnologia para o PIX. “Quando buscam a Finnet, ainda não tem ideia do fluxo que será demandando do novo meio de pagamento. Com a empresa optando pelo bolepix, a Finnet consegue oferecer suporte para mensurar o fluxo de demandas no mercado, adaptando os ERPs e demais sistemas, ou mesmo utilizando APIs em total adequação aos bancos existentes no mercado hoje” afirma a head de operações da Finnet.