Eduardo Kobra transforma cilindro inativo em obra de arte em prol da vida

Esta foi a primeira ação do Instituto Kobra. Com a venda da peça, foi possível construir duas usinas de oxigênio no Amazonas 

Eduardo Kobra com a obra "Respirar"
Eduardo Kobra com a obra “Respirar” – Foto: Alan Teixeira

Eduardo Kobra é um dos artistas brasileiros com maior reconhecimento no mundo. Ele tem deixado sua marca por todos os cantos com obras do Brasil até Moscou. Em fevereiro de 2021, fundou o Instituto Kobra com o intuito de utilizar a arte como ferramenta de transformação social para jovens em estado de vulnerabilidade. A primeira ação da fundação foi utilizar a arte para contribuir com a situação delicada que o Amazonas está vivendo na saúde pública.

Então, Kobra transformou um cilindro de oxigênio, em desuso, de 1m30, em uma obra de arte, exemplar único, chamada “Respirar”. O muralista pintou o cilindro como se fosse um recipiente transparente, com uma árvore plantada dentro. A princípio, o artista colocaria a obra em um leilão e doaria 100% do valor a instituições que estão sofrendo com a falta de oxigênio.

“A mensagem central é a importância da vida. Que o sopro da minha arte ajude a levar um pouco de oxigênio para os hospitais mais necessitados e, ao mesmo tempo, provoque a reflexão sobre a importância de usar máscaras, lavar as mãos constantemente, manter o isolamento social e, claro, de preservar a natureza, que é um patrimônio de toda a humanidade”, diz o artista.

Mudança de planos

Entretanto, todo o planejamento da doação foi mudado. O movimento UniãoBR tomou conhecimento da iniciativa através da ONE, do Grupo VG, e decidiu adquirir a obra “Respirar’, unindo parcelas de seis famílias. Posteriormente, a criação foi comprada por 700 mil reais. Com isso, a verba levantada com a venda da peça foi completamente direcionada a construção de duas usinas de oxigênio, as quais já estão funcionando em duas cidades do Amazonas desde segunda-feira (8).

Ou seja, isso quer dizer que 20 leitos de UTI’s beneficiados 24h por dia, numa ação perene, que ficará como legado para a cidade. Para se ter a noção do impacto deste feito, a usina vai gerar 480 horas de oxigênio por dia. Portanto, 14.400 horas por mês. “A título de comparação, um cilindro abastece um leito de UTI com oxigênio por até 10 horas. Ou seja, para fazer uma entrega equivalente à usina, seriam necessários mais de 1.400 cilindros por mês. Com 700 mil conseguiríamos comprar 350 cilindros, o que equivaleria a 3.500 horas”, explica o muralista.

A admiração dos parceiros

Gabriela Marques Conti, diretora de Operações da UniãoBR, contou da admiração por Kobra que extrapola o campo das artes. Ela ainda contou que o cilindro será exposto ao público paulista, porém o evento ainda não tem uma data definida. “Ficamos sensibilizados com a delicadeza do Kobra em desenvolver uma obra especialmente para essa situação tão delicada que estamos passando. Ele é um artista por quem temos carinho, e está sempre conectado às causas sociais e ambientais. O cilindro deverá ser colocado no Shopping Iguatemi, em São Paulo, para que o público possa ver e se engajar”. Após a mostra, a obra deverá ser levada para o Hospital Israelita Albert Einstein, também em São Paulo.

“Foi um encontro feliz, de dois lados que estão comprometidos com uma causa maior, que é cuidar das pessoas”, afirmou Bruno Watanabe, CEO do Grupo VG.

Campanhas em 2020

Não é a primeira vez que a sensibilidade de Kobra ultrapassa as pinturas nos muros. No ano passado, ele também utilizou seu talento para uma campanha que buscava colaborar com famílias carentes que tiveram a má condição pela pandemia do Covid-19. Dessa forma nasceu o painel “Coexistência”, onde mostrava crianças de cinco religiões – budismo, cristianismo, islamismo judaísmo e hinduísmo – em oração e vestindo máscaras. Uma Serigrafia da obra foi sorteada entre as pessoas que fizeram doações. Com o valor arrecadado, R$ 450 mil, foram produzidos e distribuídos 20 mil kits.

Pouco depois, com o leilão da tela “Ao Líbano com Carinho”, conseguiu arrecadar 50 mil dólares para as vítimas da explosão ocorrida na zona portuária de Beirute, capital libanesa. “A obra mostra duas mãos, que simbolizam as mãos da humanidade, levantando o cedro do Líbano, que é um símbolo de paz, de fraternidade, de união e respeito”, disse o artista, que utilizou a bandeira do Líbano como a base para a pintura. “O vermelho representa o sangue derramado pelas pessoas que se feriram ou morreram nas lutas para livrar o país das forças externas; o branco representa a permanente busca pela paz e a beleza das montanhas cobertas pela neve; e o cedro, árvore presente em boa parte do país, é um símbolo de força e eternidade”, explicou Kobra.

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