Velocidade na campanha de vacinação contra a covid-19 e atraso no pagamento dos benefícios podem ter provocado a redução do indicador
O nível de confiança na indústria e comércio é vital para as confederações compreenderem o futuro dos setores, e essa é uma das principais razões para a motivação desses trabalhadores ser calculada regularmente. Neste mês, a confiança dos comerciantes apresentou redução de 1,5%, conforme mostra o Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec) elaborado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) divulgado hoje (22).
A variação registrada foi a mesma de fevereiro e reflete as dificuldades motivadas pela demora na imunização da população, e no atraso do pagamento dos benefícios sociais por conta da falta de impulso da economia nacional.
“A implementação de medidas restritivas e indefinições sobre o novo auxílio emergencial respondem por essa desconfiança do setor. A dependência do varejo presencial ainda é grande, apesar dos avanços na digitalização. Esperamos que haja uma agilidade em relação à vacinação, que é o mais urgente no momento. Mas precisamos também de salvaguardas econômicas e sociais”, avalia o presidente da CNC, José Roberto Tadros.
Resultado negativo
No mês de março, o Icec atingiu o resultado negativo de 103,6 pontos, assim, se manteve na zona superior a 100 pontos, o que resulta em uma significativa satisfação. Porém, de acordo com o relatório, os dados também preveem um terceiro sinal negativo no ano e o quarto consecutivo, considerando que em dezembro, também houve queda. Na comparação com março de 2020, o indicador da confiança do setor recuou 19,3%. Em relação a outros trimestres, a performance deste começo de ano foi de forte contração (-5,1%). Nos últimos 10 anos, só perdeu para 2014 (-7,6%) e 2015 (-14,2%).
Os três componentes do índice apresentaram queda no mês março, com destaque para o que avalia as condições atuais (-4,1%), derrubando a média geral do Icec. Nesse contexto, apenas poucos dos consultados pela CNC apontaram que as condições melhoraram (2,7%) no período.
Curto prazo
Antonio Everton, economista da CNC responsável pelo estudo, cita outros motivos que podem ajudar a explicar o resultado. “Além das dificuldades provocadas pela pandemia com relação ao mercado, há outros fatores que impactam o negócio do comerciante, como a pressão de custos sobre os preços finais, dólar alto e reajustes nos contratos de aluguel. Com as medidas restritivas e a baixa imunização, parece que estamos ainda em 2020. No curto prazo, o índice tende a se comportar dependente de fatores como esses, oscilando em reação com o humor do consumidor”, explica.