Covid-19: a máscara é a melhor aliada. Veja ainda o alerta da SBOC

Pneumologista destaca a importância de seguir usando a máscara ao sair de casa e a Sociedade Brasileira de Oncologia (SBOC) alerta para os riscos do relaxamento da quarentena para pacientes oncológicos

O Brasil já passou o número de 1,5 milhão de infectados pelo novo coronavírus, de acordo com os dados do Ministério da Saúde. Mesmo com o avanço, várias cidades brasileiras já flexibilizaram as medidas de quarentena ou estão com cronogramas para a volta das atividades econômicas. 

Ao afrouxar as medidas de isolamento, mais pessoas estarão nos transportes públicos, nas ruas e as aglomerações voltaram a acontecer. A preocupação neste momento é com o sistema de saúde que está a um passo da lotação máxima em várias capitais, como em Brasília. A taxa de ocupação já passou dos 60% na capital federal.

O veto presidencial

Neste cenário em que o uso de máscara, o distanciamento entre pessoas na rua, a higiene das mãos são atitudes fundamentais, o presidente da República Jair Bolsonaro vetou nesta sexta-feira (3), o trecho da Lei 14.019/2020 que trata sobre o uso da máscara em locais fechados.

O que dizem os especialistas sobre o veto?

Assim como o professor Emanuel Maltempi de Souza da Universidade Federal do Paraná, a pneumologista dra Fernanda Miranda não concorda com a decisão do Planalto. A médica considera um “absurdo, pois o texto se refere a espaços fechados acessíveis ao público e nunca a domicílios. Avalio como muito preocupante essa decisão pois entre as medidas preventivas do contágio do SARS-CoV-2”.

Dra Fernanda Miranda destaca que sem a máscara a taxa de contágio deverá subir no país

O uso das máscaras faciais é um dos métodos mais eficazes para proteger as pessoas de outras que podem estar infectadas, a médica ainda lembra que assintomáticos podem transmitir o vírus. Sendo assim, “o uso da máscara significa proteger as outras pessoas caso você esteja infectado. Todas as pessoas devem usar máscaras de tecido em qualquer lugar que seja público e quando próximas às pessoas que não moram numa mesma residência. Só não devem ser colocadas em crianças menores de 2 anos de idade, pessoas que estejam inconscientes ou incapacitadas de remover a máscaras sem assistência.”

O Congresso Nacional ainda pode derrubar o veto do presidente, mas a decisão de derrubar o uso obrigatório da máscara em locais fechados “pode significar aumento substancial da transmissão do vírus pois 30% dos casos de Covid-19 cursam de forma assintomática e mesmo sem sintomas, indivíduos infectados podem transmitir”, alerta a pneumologista.

A Dra Fernanda Miranda demonstra preocupação com a ação do governo federal isto porque “lideranças e formadores de opinião são elementos chave para que a população tenha referência de como deve ou não proceder. No caso do chefe do poder executivo do país, a relevância de suas atitudes e decisões repercutem de forma incisiva na tomada de decisões da população.”

O alerta da Sociedade Brasileira de Oncologia

A Sociedade Brasileira de Oncologia (SBOC) ainda não se manifestou sobre o veto do presidente, no entanto, a SBOC segue atuando para conscientizar os pacientes oncológicos, para que eles mantenham os cuidados, como o isolamento social, uso da máscara ao sair de casa e lavagem frequente das mãos. 

A Dra. Angélica Nogueira, diretora da SBOC, considera como riscos reais: o relaxamento das medidas de quarentena, o aumento da circulação das pessoas nas ruas e a sobrecarga dos hospitais, em algumas regiões a taxa de ocupação está acima de 80%.

A médica destaca: “para uma doença que não temos vacina ou tratamento, um relaxamento no distanciamento social em um momento de ascensão de casos e de mortalidade faz com que a probabilidade de pacientes oncológicos contraírem a doença seja maior, o que, para eles, pode ser ainda mais grave, já que fazem parte do grupo de risco”, afirma.

Além dos riscos reais, a SBOC se preocupa com o controle do câncer no país. Atualmente, hospitais e clínicas estão traçando planos de contingência para seguir atendendo os pacientes oncológicos que não podem ter o tratamento interrompido. A Dra Angélica entende que “com o prolongamento da pandemia e redução da realização de exames de prevenção e rastreamento, há um risco significativo de aumento do número de casos de câncer diagnosticados em estágios avançados”. Ela ainda reforça que “neste cenário, para a necessária retomada de exames de prevenção/rastreamento de câncer torna-se fundamental a criação de fluxos diferenciados e dedicados àqueles sem suspeita de Covid-19. Desta forma, a realização de exames seria feita com mais segurança e sem a necessidade de interromper a rotina de rastreamento, evitando um impacto negativo em diagnósticos da doença em estágios mais avançados”.

Outro ponto preocupa a SBOC: a falta de transparência dos dados que permitiam a territorialização da pandemia, pelo Ministério da Saúde. Para a Dra. Angélica, a decisão do governo aumenta o risco à vida da população, pois a falta de visibilidade do tamanho do problema limita a formulação de ações adequadas de combate ao coronavírus.

“Se compararmos o combate da pandemia do coronavírus com a gripe espanhola, por exemplo, podemos observar as mesmas dificuldades do início do século, como a falta de vacina e de tratamento. A diferença é que agora temos a informação, que é essencial e nossa grande arma até o momento. Os países que conseguiram o melhor controle do coronavírus fizeram uma identificação adequada dos casos, rápido isolamento de pacientes e contatos e pela orientação em larga escala. Por isso, a SBOC está ao lado de tantas outras sociedades médicas e organizações civis na defesa da transparência de informações e elaboração de estratégias baseadas em evidências científicas para combater a doença”, completa

Recomendações já conhecidas

O conjunto de recomendações da SBOC é válido para pacientes oncológicos e também para pessoas que não estão diretamente no grupo de risco, afinal, não é possível prever a resposta imune.

  • Isolamento social a todas as pessoas que tiverem condições fazê-lo;
  • Circulação mínima;
  • Uso de máscara facial;
  • Lavagem das mãos.

Para pessoas com acompanhamento médico, a decisão de adiar consultas ou exames precisa ser feita em conjunto com o médico.

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