A Síndrome do Impostor [Contexto Livre]

Contexto Livre
Júlia Tudella Bianco

Você já sentiu alguma vez que, apesar de ter sido escolhido para uma tarefa ou posição, outros seriam mais competentes para desempenhá-la e logo alguém perceberia isso? Já conseguiu uma vaga ou um cliente e, apesar da alegria, no fundo se perguntava como haviam escolhido você dentre tantos? A esse sentimento, os especialistas dão o nome de “Síndrome do Impostor”.

Quais são os sintomas?

Apesar do nome, essa síndrome não é uma doença e não necessariamente está vinculada à depressão ou à ansiedade. Ela é um sentimento de que suas conquistas e ideias não são merecedoras de atenção e reconhecimento pois na verdade “nem são tudo isso” e “qualquer um poderia ter feito”.

Segundo pesquisas, pelo menos 70% de nós já se sentiu assim alguma vez na vida. Acreditamos que não foram nossos conhecimentos e habilidades que nos trouxeram as oportunidades e conquistas que obtivemos, nos parece que outros teriam a capacidade de fazer melhor ou, no mínimo, igual a nós.

O problema dessa síndrome é que independentemente de quantos elogios, reconhecimento e feedbacks positivos recebamos, esse sentimento de que “logo alguém vai perceber que eu não sou a pessoa mais competente para isso” não nos abandona. Entretanto, como chegamos à tais conclusões?

Nos baseamos em uma comparação imaginária

Na maior parte das vezes chegamos a tais conclusões sobre nossos méritos e conquistas baseados apenas em sentimentos imaginativos e não fatos concretos. Afinal, seria possível saber o tamanho do esforço que os outros fazem, quais as dificuldades que enfrentam ou quanto sabem sobre algo?

Não pensamos em considerar o quanto as outras pessoas talvez duvidem de si, assim como nós e apenas não demonstrem. Nem questionamos se estamos criando padrões idealizados e irreais, existentes unicamente na nossa imaginação.

Na realidade, eu imagino que sei pouco, imagino que não sou apto ou que meus conhecimentos e habilidades não são suficientes. Imagino que existem tantas outras pessoas melhor qualificadas do que eu e logo alguém vai perceber que eu não sou a melhor opção. E deveria eu confiar na minha imaginação? Afinal, pessoas competentes não se questionam assim, correto? Errado.

Quanto mais você souber, mais saberá que nada sabe

Na década de 50, dois pesquisadores descobriram o que foi posteriormente nomeado o “Efeito Dunning-Kruger”. Segundo eles, pessoas “estúpidas” não possuem o conhecimento necessário para detectar sua ignorância e o contrário também é verdadeiro: pessoas inteligentes sempre sabem que existe muito mais a saber e, por isso, muitas vezes se sentem ignorantes e insuficientes. Ou seja, quanto mais você “souber que nada sabe”, maior a probabilidade de que você, na verdade, saiba de algo.

Por isso, quando você duvidar de sua capacidade ou qualificação, converse com seus pares, mentores e pessoas que admira e verá você não é o único que se sentiu assim. Não é à toa que até nome essa síndrome tem, não é mesmo?

Mantenha em mente que o conhecimento vem acompanhado da clareza de que ainda existe muito mais a se saber. Se você recebeu uma oportunidade, não foi por acaso. Trabalhe para realizar tudo da melhor forma e não permita que a Síndrome do Impostor faça você desistir, mas transforme-a em combustível para se qualificar e atualizar constantemente.

 

Júlia Tudella Bianco é Publicitária paulista vivendo no Planalto Central. “Adoro aprender mais sobre os assuntos da mente e da alma, sempre inquieta na busca por encontrar o melhor jeito de viver essa aventura que é a vida. Apaixonada por viagens, mãe de dogs e na eterna dúvida sobre largar tudo e morar na praia! Já trabalhei em diferentes agências e empresas, atualmente estou no marketing de uma empresa brasiliense do ramo da tecnologia.” Sigam  a Júlia no insta: @jubianco 

 

Contexto Livre é uma coluna rotativa, de assuntos diversos escrita por pessoas bacanas que tenham algo legal e inspirador pra compartilhar.

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