Professor de escola pública é o único brasileiro entre os finalistas do prêmio. Além dele, mais três estudantes foram indicados para o Global Student Prize
O Brasil terá um representante no Global Teacher Prize 2021 da Fundação Varkey, prêmio que conta com a parceria da UNESCO. Greiton de Azevedo, professor de Matemática na escola pública IF-Goiano, em Ipameri, Goiás, está entre os 50 finalistas da premiação. E o país ainda será representado por três estudantes no Chegg.org Global Student Prize.
O professor Greiton chamou atenção do mundo ao transformar o ensino de Matemática. O docente combinou pesquisa científica e disciplinas tecnológicas, como a Robótica, para tornar o universo dos números mais atraente para os estudantes da nova geração.
Durante as aulas, os estudantes saem da “caixa” e passam a usar o raciocínio matemático para resolver problemas e com isso, os jovens passaram a assumir novos papéis, como pesquisadores e inventores, e deixaram de decorar fórmulas e resolver problemas que, aparentemente, não tem aplicações práticas. Afinal, quem já usou báskara no dia a dia?
Com essa metodologia, os estudantes foram desafiados a encontrar aplicações que beneficiem a sociedade, tais como produtos de baixo custo destinados a tratar sintomas de doenças, incluindo Parkinson, dando assim mais significado e contexto ao estudo da Matemática, projetos que ganharam aclamação de instituições como o Creative Learning Challenge do MIT nos Estados Unidos.
O professor Greiton passou por uma seleção acirrada, foram mais de 8 mil indicações e inscrições de 121 países do mundo. O prêmio final neste ano será de 1 milhão de dólares. Global Teacher Prize foi criado para reconhecer os professores e o importante papel deles na sociedade. A premiação possibilita o conhecimento de milhares de histórias de docentes que estão transformando as vidas de jovens em volta do mundo.
Premiação também para os alunos
No início deste ano, a Fundação Varkey lançou o Chegg.org Global Student Prize para criar uma nova e poderosa plataforma para destacar os esforços de estudantes de todo o mundo que estão causando um impacto real no aprendizado, na vida de seus colegas e na sociedade além. O prêmio é aberto a todos os estudantes que tenham pelo menos 16 anos de idade e estejam matriculados em uma instituição acadêmica ou programa de treinamento e competências. Estudantes em tempo parcial e alunos matriculados em cursos online também se qualificam para o prêmio.
O Brasil terá três estudantes representando o país: Anna Carolina Silva Aragão, estudante de 20 anos de São Gonçalo, estado do Rio de Janeiro; Ana Julia Monteiro de Carvalho, 18 anos de Maceió, aluna da Escola Industrial de Educação Básica do SESI Abelardo Lopes; e Alex Santiago Gamaliel, estudante de 24 anos da Unifadra Dracena, São Paulo.
Os três estão entre os 50 finalistas e vão disputar o prêmio final de 100 mil dólares. O presidente e fundador da Fundação Varkey declarou: “Parabéns a Greiton, Ana, Anna e Alex por terem chegado aos 50 finalistas. Suas histórias destacam claramente a importância da educação para enfrentar os grandes desafios futuros – da mudança climática à crescente desigualdade em pandemias globais. É somente dando prioridade à educação que podemos garantir o futuro de todos nós. A educação é a chave para enfrentar o futuro com confiança.”
Juntos, o Global Teacher Prize e o Global Student Prize contarão histórias inspiradoras dos dois lados da educação. Os prêmios destacarão o excelente trabalho que os professores fazem ao preparar os jovens para o futuro e a promessa incrível que os alunos mais brilhantes estão demonstrando em seu aprendizado e além.
Conheça um pouco mais dos nossos finalistas:
Anna Carolina Silva Aragão, orientanda dos Fundos de Oportunidade da Education USA, nasceu em São Gonçalo, cidade do estado do Rio de Janeiro.
Após ser admitida na prestigiada escola Cefet/RJ, ela se interessou por sustentabilidade, gestão e negócios, em especial pela ciência da reciclagem e da melhoria da comunidade. Ela agora atua como Diretora Financeira da Gera – Gestão de Resíduos Recicláveis, que ajuda as cooperativas de reciclagem a conectar e coordenar seus esforços para que possam lidar com mais reciclagem.
Suas habilidades também foram reconhecidas com medalhas de ouro e prata na International Olympiad Mathématiques Sans Frontières e em programas de aceleração de startups. No futuro, Anna gostaria de estudar nos EUA para poder buscar uma variedade mais ampla de oportunidades e obter as ferramentas para mudar a educação em sua cidade natal, São Gonçalo. Se ganhar o Global Student Prize, ela gostaria de financiar uma ONG que ensina as pessoas a serem microempresárias, além de utilizar parte dos fundos para viabilizar seus estudos no exterior.
Ana Julia Monteiro de Carvalho, aluna da Escola Industrial de Educação Básica do SESI Abelardo Lopes, é da cidade de Maceió.
Aos 13 anos, Ana Julia foi co-fundadora da primeira equipe de competição de robótica da FIRST LEGO League da sua escola, que representou a região e sua cultura no cenário nacional e internacional, ganhando prêmios inéditos para uma equipe brasileira.
Entre outras invenções, ela também é co-criadora do Aerador Sustentável: um mecanismo para aumentar a produção de leite em áreas de subsistência de países em desenvolvimento, oxigenando a água do gado com energia eólica. Este projeto foi selecionado para a Exposição Nacional de Robótica no Brasil e eventos científicos na Argentina e no Peru. Se ela ganhar o Global Student Prize, Ana Julia investirá no desenvolvimento e teste do projeto e também no financiamento de estudos nos EUA.
Alex Santiago Gamaliel, estudante de Pedagogia na Unifadra Dracena, São Paulo, é um filho de professores cuja paixão é desenvolver uma comunidade estudantil que possa criar oportunidades reais de mudança social.
Ele liderou um trabalho importante para acabar com o bullying na escola, defendeu um melhor acesso a uma biblioteca comunitária, realizou trabalho voluntário incluindo a coleta de roupas e alimentos para os necessitados, juntamente com atividades culturais que celebram a história, ancestralidade e diversidade de sua cidade, e tem promovido palestras motivacionais.
Além de estudar, ele teve que trabalhar vendendo lanches na faculdade para sustentar seu pai, que foi hospitalizado após vários ataques cardíacos e um derrame, e sua mãe, que perdeu o emprego de professora. Ele tem ajudado alunos com seus canais nas redes sociais, postando vídeos dando dicas, anunciando oportunidades de estágio, programas, bolsas de estudo e até empregos.
No início deste ano, ele e sua mãe decidiram criar uma ONG cujo objetivo é oferecer assistência à comunidade, serviços prestados por voluntários e medicina preventiva, entre outros. O projeto foi encaminhado à Câmara Municipal de Dracena para aprovação.