Volta às aulas: você sabe se seu filho está enxergando bem?

Em algumas escolas as aulas já começaram. É preciso estar atento à saúde ocular dos pequenos para que ela não atrapalhe o desempenho no aprendizado. 

O início do ano letivo é uma oportunidade para colocar o check-up oftalmológico da garotada em dia. Dados do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) estimam que 30% das crianças em idade escolar no Brasil apresentam problemas de visão, enquanto 10% dos brasileiros de sete a dez anos precisam usar óculos. Muitas vezes, simples contratempos, como erros de refração, quando não diagnosticados precocemente, podem afetar o aprendizado e até ser causa de evasão escolar.

O desinteresse pelas aulas e a dificuldade de aprendizado podem estar associados à dificuldade de enxergar, que leva a criança a perder o interesse em estudar e socializar, comprometendo o seu desenvolvimento. O oftalmologista Natanael de Abreu Sousa, do Hospital Oftalmológico de Brasília (HOB), empresa do Grupo Opty, esclarece algumas das principais dúvidas, quando o assunto é saúde ocular infantil. Confira:

 

Dr Natanael de Abreu Sousa atende crianças no Hospital Oftalmológico de Brasília (HOB).  Foto: Patricia Mezzaroba

Quando a criança precisa realizar exames oftalmológicos?

Todo recém-nascido deve realizar o teste do reflexo vermelho ou ‘teste do olhinho’. O esperado é um reflexo de cor avermelhada. A ausência desse reflexo pode indicar opacidades de meios, como depósito corneano (doenças de depósito, relacionadas ao erro inato do metabolismo), edema corneano (glaucoma congênito), catarata congênita ou descolamento de retina (inflamações oculares intrauterinas, má involução dos vasos do vítreo ou até retinoblastoma). Para descartar tais alterações graves, os bebês com reflexo vermelho alterado devem ser encaminhados ao oftalmopediatra para exame completo do olho com dilatação pupilar (análise dos segmentos anterior e posterior do olho, refração e medida da pressão intraocular).

Segundo recomendações da academia americana de oftalmologia, uma nova consulta preventiva ou de screening deve ser realizada entre 6 meses a 1 ano de idade. Sendo possível, essa consulta oftalmológica deve ser repetida, anualmente, durante a idade pré-escolar (de modo geral, de 2-3 anos até os 7 anos de idade). A preocupação com a visão nessa idade visa o diagnóstico precoce de patologias cujo tratamento em tempo hábil pode evitar o desenvolvimento de ambliopia ou atraso no aprendizado escolar.

Quais os sinais ou sintomas que pais e professores devem prestar atenção para identificar que a criança tem algum problema de visão?

  • Quando a criança erra ao anotar letras ou números, refere não enxergar algum objeto ou imagem, aperta os olhos para enxergar, tropeça (parece desajeitada) ou demonstra-se desinteressada ou desatenta na escola, ela merece um exame oftalmológico.
  • Criança com algumas condições médicas também merecem exame oftalmológico de rotina, exemplo: síndrome de Down, prematuridade, artrite idiopática juvenil, neurofibromatose.
  • Deve-se considerar como indicação ao exame outras questões, como história familiar de ambliopia, estrabismo, retinoblastoma, catarata congênita ou glaucoma congênito.
  • Igualmente, podem-se incluir crianças com distúrbios de aprendizado, comportamentais ou atraso no desenvolvimento neuropsicológico/ cognitivo.

Quais são os problemas de visão mais comuns na infância?

Os problemas visuais mais comuns na infância são os erros refracionais (hipermetropia, miopia ou astigmatismo), ambliopia (diferença de acuidade visual entre os olhos, ou seja, um olho ‘preguiçoso’) ou estrabismo (desvio ocular).

Hipermetropia e astigmatismo de baixa magnitude são comuns e considerados fisiológicos nos primeiros anos da infância. Sendo assim, habitualmente não são prescritos óculos nesses casos.

A miopia, que causa baixa visual para longe, precisa de correção com o uso de óculos a fim de evitar dificuldades visuais na escola.

Quando uma criança apresenta desvio ocular ou maior erro refracional (grau) em um dos olhos, é comum que a imagem proveniente daquele olho desviado ou com visão embaçada tenha menor representatividade cerebral, ou seja, a informação cerebral vinda daquele olho é menos nítida. Ao longo de dias a semanas, o cérebro suprime a imagem daquele olho e a acuidade visual cai. Chamamos esse quadro de ambliopia ou, popularmente falando, de ‘olho preguiçoso’. Esse processo é reversível, se melhoramos a nitidez da imagem com o uso de óculos e passamos a utilizar a oclusão do melhor olho (tampamos o olho com melhor acuidade visual), diariamente, por algumas horas. Por meio desse tratamento, treinamos o olho preguiçoso a enxergar e o cérebro a não suprimir mais a imagem, ou seja, a receber o sinal enviado pelo olho amblíope. Quanto mais cedo iniciado o tratamento, maiores as chances de recuperação rápida e definitiva da acuidade visual.

 

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