O dilema da escolha

O tema de hoje é a escolha. E eu me sinto muito à vontade para tratar desse assunto, afinal, sou uma libriana típica e sempre escuto por aí que este é o grande dilema dos librianos e eles são indecisos.

Eu acho esta afirmação uma grande intriga da oposição. O que posso fazer se gosto de considerar prós e contras antes de tomar uma decisão? Já parou para pensar nas consequências que uma simples escolha pode trazer?

Uma pausa para você pensar nisto. Onde você está hoje, o trabalho que você, o relacionamento, os amigos.. Tudo começou com uma simples escolha. A decisão por um curso, a ida a um show… 

Voltando para a nossa conversa de hoje, semana passada, eu prometi discutir um tema que, na minha visão, deveria ser mais visto e debatido pelas pessoas: o não voto. 

E por que falar do não voto?  Simples, este fenômeno está entre nós, e ele vem vencendo eleições nos últimos anos. Bom, as consequências não são nada agradáveis.

O não voto

O que é o não voto? Primeiramente, ele é uma escolha. Já diria a minha terapeuta, não escolher é uma escolha. O não voto vem como um protesto do eleitor: “ninguém me representa na política atual, não vou votar ou se eu for, eu anulo mesmo”.

Qual o problema do não voto, daqui a pouco eu te conto. Vamos olhar para três eleições? Peço que você esqueça o amor partidário, a militância ou como preferir, não quero aqui dizer que o vencedor é o melhor ou o pior, vamos apenas olhar os números, combinado?

2014

Dilma e Aécio polarizaram a disputa pela presidência. Ali o país se via dividido, estávamos em um contexto de manifestações. 2013 não foi um ano pacífico e tranquilo.

No segundo turno, a regra foi clara: Dilma venceu. Mas vamos dar uma olhada melhor?

Chapa Dilma e Michel Temer: 54.501.118 votos
Chapa Aécio e Aloysio Nunes: 51.041.155 votos

Total de eleitores aptos para votar: 142.822.046. Votos em branco 1.921.819 e votos nulos: 5.219.787.

Ou seja, em 2014, 88.320.928 títulos de eleitores não escolheram Dilma Roussef. 

2016 

A prefeitura de São Paulo foi disputada por Doria, Haddad, Marta Suplicy e Celso Russomano. 

O PSDB trouxe um novo nome para a política, o empresário João Doria, ele teve uma arrancada impressionante e venceu no primeiro turno. Foram 3.085.187 votos. Só que 8.886.324 pessoas estavam aptas a votar. 

Assim, 5.801.137 não se identificaram com as propostas de Doria. 

2018

O país seguiu ainda mais dividido. A esquerda e a direita ou vermelhos e camisas verde-amarela duelaram até o fim de outubro.

No fim, Jair Bolsonaro teve 57.797.847. A chapa de Fernando Haddad recebeu 47.040.906

Votos brancos: 2.486.593. Votos nulos: 8.608.105

Brasileiros aptos a votar: 147.306.294

Quantos títulos de eleitor não escolheram Bolsonaro? 89.508.447.

Como eu entendo o fenômeno?

Olhando para as três eleições acima, percebemos que o não voto venceu nas três. Anos atrás eu ouvi colegas dizendo que o fenômeno era um recado do eleitor, do brasileiro que estava cansado da corrupção, cansado da velha política e não se via representado mais. E alguns diziam, é preciso ver como partidos e candidatos vão reagir.

Eu não acho que os partidos e candidatos esquentaram a cabeça com isto. Se, dentro da regra, eu estiver vencendo, está tudo bem. A missão seria apenas convencer os meus eleitores a ir votar no dia certo.

O protesto da urna me parece ter um efeito nulo e a consequência para política nacional é grave. Dois anos depois, Dilma sofreu o impeachment, que trouxe uma crise política e quando se fala em crise, a dona economia vem junto para festa.

Doria não completou o mandato da prefeitura e logo se tornou governador de São Paulo. O paulistano tem um prefeito que ele não escolheu, mas sabemos que esta é uma estratégia comum do PSDB. Mas tudo bem o partido seguir fazendo isto?

Jair Bolsonaro está em campanha. A reeleição é o maior objetivo do presidente, então, ações populistas como rever o Bolsa Família, agradar os investidores, ok, eu sei que as ações são contraditórias, afinal, o discurso sobre o meio-ambiente não é um imã para o investidor externo e a forma de lidar com a pandemia também não.

Estamos no meio de uma pandemia, e o governo federal tem feito o quê? Mas deu o auxílio, sim, mas será que só isto é o suficiente? 

O que o brasileiro deve fazer?

escolha

O brasileiro precisa se interessar por política e não apenas rir dos memes. “Mas é chato, é cansativo… mimimi”. Eu sei, aliás, eu não acho, mas eu entendo. Perceba que ao não escolher, alguém vai escolher por você e aí, a reclamação será inútil. 

Para os opositores, o recado é simples: não adianta lançar 102 candidaturas.

Em 2018, quantos nomes se apresentaram? 

E o que aconteceu? Mais nomes e os votos se espalharam. Na época da minha graduação eu ouvia muito uma frase: “dividir para governar”. Faz sentido? 

Será preciso buscar um meio-termo, um nome que seja habilidoso o suficiente para conversar com mais pessoas para tentar fazer frente ao atual presidente, que já entendeu o que precisa dizer e fazer, e assim, já está cantando vitória.

Mas repare, nos cenários, se a oposição se unifica, ele não consegue vencer. 

Não estamos em um Big Brother, mas talvez seja a hora do brasileiro pensar em combinar votos ou que o número de abstenção diminua.

Fica a reflexão e até próxima!

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