Mudança no retorno às aulas pode impactar a saúde de jovens

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Aulas adiadas e pandemia. Robson Paiva explica o que é o Transtorno por estresse e listou os sintomas mais comuns. Como vai a saúde mental do seu filho?

Volta ou não volta? As escolas estão fechadas desde março por conta da pandemia. As aulas digitais longe das salas e dos colegas se tornou uma realidade para os jovens, que agora lidam com outro dilema: a incerteza do retorno.

Em São Paulo, o governador João Doria adiou o retorno para o dia 5 de outubro. No Distrito Federal (DF), Ibaneis Rocha havia autorizado as aulas presenciais da rede particular para o dia 27 de julho. No entanto, uma decisão judicial suspendeu a decisão e a reabertura das escolas se tornou uma novela. Não há a proposta de uma nova data, pois o desembargador que suspendeu as aulas deu um prazo de 10 dias para que Ministério Público do DF e o governo se manifestem.

E como fica a saúde mental de crianças e adolescentes neste cenário de incerteza? Robson Paiva, psicólogo e colunista do Contexto, lembra que neste momento desafiador é preciso fazer um processo de preparação para o retorno dos estudantes. Isto porque o estresse causado pela pandemia pode causar ansiedade e afetar o rendimento escolar.

“Com esse adiamento, ganhamos mais tempo para preparar o psicológico de crianças e adolescentes, pois o estresse vivido hoje, pode levar ao desenvolvimento do Transtorno por Estresse Pós-Traumático, que desencadeia sintomas como perda de sono, tensão, por exemplo. E os transtornos trazem consequências negativas, que impedirão o aluno de absorver por completo o conteúdo programático escolar, quando as aulas retornarem ”, afirma Paiva.

Esse transtorno é uma desordem, de origem ansiosa, onde pessoas com um determinado arranjo psíquico combinado com a exposição a fatores severamente estressantes, tais como a pandemia, podem desencadear uma série de sintomas em indivíduos de todas as idades.

A recomendação do psicólogo para os pais é manter o diálogo com os filhos.“É claro que, neste momento, o ideal é conversar com os filhos, explicar o que está havendo e observar o comportamento deles em relação a isso. Se houver mudança, distanciamento, agressividade, ansiedade, é necessário buscar ajuda de um profissional o quanto antes”, ressalta. 

Robson Paiva lista abaixo 8 sintomas comuns e fáceis de serem identificados: 

Sintomas de estresse pós-traumático em crianças 

  • Enurese: A criança que já tinha feito o controle dos esfíncteres, ou seja, já tinha parado de urinar na cama, por exemplo, volta a ter esse comportamento; 
  • Encoprese: A criança volta a defecar na roupa, mesmo já tendo passado para a fase de pedir para um adulto que precisa de um banheiro. Assim como na enurese a criança perde o controle de seus esfíncteres; 
  • Retorno a fase oral: A criança volta a chupar dedos, pois alivia a ansiedade e o senso de abandono, ainda que não tenha sido abandonada de fato, pois essa é a maneira como ela percebe a realidade; 
  • Retorno aos pais: A criança pode, devido ao medo que sente, por conta da necessidade de sentir-se protegida, passar a sentir uma necessidade extrema de ficar perto dos pais ou de algum adulto, não conseguindo ficar sozinha. Isso traz para ela um conforto mental; 

Sintomas do estresse pós traumático em adolescentes 

  • Comportamento destrutivo: O adolescente passa a destruir coisas, objetos, gastar dinheiro excessivamente e, eventualmente destruir-se, ferindo a pele e em casos mais graves, cometendo suicídio; 
  • Desrespeito: O indivíduo inicia um comportamento de afronta às ordens e obrigações que lhe são impostas; 
  • Incômodo: O adolescente passa a adotar comportamentos que causam incômodo a outras pessoas; 
  • Demanda de atenção: A pessoa passa a ter atitudes, por conta do desamparo que sente, de fazer tudo para chamar a atenção do outro. Isso se dá pelo conflito psíquico típico da adolescência. O adolescente não sabe efetivamente se é adulto ou se é uma criança devido a dubiedade de tratamento que recebe. Em um momento ainda é criança para determinados atos e em outro, é tratada como adulto. 

“É importante deixar claro que, por estarmos falando sobre seres humanos, as questões são relativas, ou seja, existe a possibilidade de pessoas desenvolverem o transtorno e outras não. Também existem indivíduos que poderão precisar de tratamento psicológico e psiquiátrico e pessoas que podem até sofrer deste problema de forma crônica. Dessa forma, é necessário estar atento aos sintomas e saber tratá-los o quanto antes, recuperando a qualidade de vida”, finaliza o psicólogo.

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