Em um clima de final de Copa do Mundo, o Brasil parou para acompanhar as apurações das urnas em dia histórico para a democracia
30 de outubro de 2022 será um dia para ficar marcado na história da recente democracia brasileira, que foi restituída após 1988. Nos oito pleitos anteriores nunca havia se visto uma disputa tão acirrada entre os dois candidatos à presidência da República, assim como, o número de votos das duas campanhas foi bastante expressivo.
De 1988 para cá, a política mudou, assim como o mundo que está mais digital e veloz. A linguagem do entretenimento invadiu a forma de comunicar com os eleitores e um outro fenômeno, que já existia e com outro nome, ganhou força com as redes sociais, e tomou conta da pauta de discussão das duas campanhas: as tais fake news.
Se um lado acusava de espalhar mentiras, o rival rebatia e assim foi se construiu um ciclo constante durante os meses de campanha. No meio do debate, ficava o eleitor que precisava decidir um lado da guerra de narrativas que foi estabelecida, afinal, onde ficam os fatos com essa nova política do entretenimento? E até que ponto eles importam?
Os dois concorrentes ao Planalto tentaram conquistar os eleitores ao falar do que já fizeram e no início da campanha, muito se falou sobre o tal plano de governo, que parece ter sido algo menos importante em 2022, especialmente quando se compara com eleições anteriores.
A pauta conservadora, com a defesa dos costumes e da família, e liberal defendida pelo atual presidente parecia caminho certo para seguir no Planalto, e do outro lado, a defesa da democracia, liberdade e restauração do país eram os pilares do rival, que formou uma frente ampla, um desejo de muitos brasileiros por aí.
Neste domingo, 124.252.796 brasileiros compareceram às urnas e decidiram o futuro para os próximos quatro anos. Os votos válidos totalizaram 118.552.353, a abstenção representou 20,59%, mantendo a tendência de outras eleições.
Mantendo a tradição da urna eletrônica, poucas horas após o encerramento das eleições, o Tribunal Superior Eleitoral confirmou a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Será a terceira vez que o político irá governar o país, ele recebeu 60.345.999 votos, o que representa 50,90% dos votos válidos. Jair Bolsonaro (PL) teve 58.206.354 votos, ou seja, 49,10% dos votos válidos.
A diferença entre os dois confirma a forte polarização que foi estabelecida no país. Com isso, o grande desafio do próximo presidente, como já era sabido, será tentar unificar e pacificar o país.
Após o resultado, as pessoas foram às ruas com bandeiras e foi possível ver fogos de artifício e gritos de comemoração, como em uma final de campeonato.
Lula fez o pronunciamento defendendo que “a partir de 1º de janeiro de 2023 vou governar para 215 milhões de brasileiros, e não apenas para aqueles que votaram em mim. Não existem dois Brasis. Somos um único país, um único povo, uma grande nação.”
Com a vitória confirmada, líderes de outros países parabenizaram o presidente eleito, como Joe Biden, que postou nas redes sociais, “Envio meus parabéns a Luiz Inácio Lula da Silva por sua eleição para ser o próximo presidente do Brasil após eleições livres, justas e críveis. Estou ansioso para trabalhar juntos para continuar a cooperação entre nossos dois países nos próximos meses e anos.”
Reconhecimento também do primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak. Ele disse: “Parabéns ao @LulaOficial por sua vitória na eleição do Brasil. Estou ansioso para trabalhar juntos nas questões que importam para o Reino Unido e o Brasil, desde o crescimento da economia global até a proteção dos recursos naturais do planeta e a promoção de valores democráticos.”
Mensagem também do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, ele disse: Parabéns Lula pela vitória. Venceu a Democracia, venceu o Brasil!
Como tradição nas eleições pelo mundo, o perdedor telefona para reconhecer o resultado e parabenizar o vencedor, mas Jair Bolsonaro optou pelo silêncio, os aliados dele, pelas redes sociais, afirmaram que serão oposição nos próximos anos.
A derrota de Bolsonaro marca um novo fato para a política brasileira, é a primeira vez que um candidato à reeleição não confirma a continuidade no cargo para presidente.