Na última terça-feira, 10 de dezembro, Brasília foi palco de uma edição histórica do debate “Papos que Transformam”, promovido pelo Sindilegis, em parceria com os comitês de equidade do Senado Federal e do Tribunal de Contas da União (TCU). O evento, realizado em celebração ao Dia Internacional dos Direitos Humanos, teve como destaque o lançamento do livro “Como Não Ser Racista”, uma obra que promove a reflexão sobre a construção de uma sociedade mais justa e inclusiva.
O evento ocorreu no Anfiteatro do Instituto Serzedello Corrêa, reunindo autoridades, convidados especiais e figuras importantes do movimento antirracista. A abertura contou com a presença de Cristiane Sobral, escritora e dramaturga, autora do livro, e da Vanessa Ferreira (Preta Ilustra), ilustradora da obra. Também participaram da cerimônia a advogada e especialista em crimes de gênero Fayda Belo, e o artista visual Sanagê Cardoso, todos com contribuições significativas para a discussão sobre racismo e equidade racial.
Diálogos sobre Racismo e Inclusão
Moderado por Marcela Timóteo, coordenadora do Comitê Técnico de Equidade, Diversidade e Inclusão do TCU, o evento trouxe importantes reflexões sobre a representatividade e a necessidade de um trabalho conjunto na luta contra o racismo. O Pedro Mascarenhas, diretor de cultura do Sindilegis, ressaltou a responsabilidade do Sindicato como representante dos servidores públicos na construção de um ambiente mais justo e inclusivo no setor público. “O Sindilegis tem um papel fundamental em promover um espaço de trabalho mais saudável e equânime”, afirmou Mascarenhas.
O livro foi uma resposta a uma provocação feita pela Ilana Trombka, Diretora-Geral do Senado Federal, durante o evento “Expressões e Vivências Negras” em 2023. Ilana destacou a importância de trazer temas sensíveis à tona para amadurecer como sociedade. “Esses temas são necessários para que possamos crescer e nos transformar enquanto sociedade”, completou.
Reflexões Poderosas sobre a Luta Antirracista
A advogada Fayda Belo fez uma palestra impactante sobre a “Luta Antirracista na Prática”, abordando a urgência de pessoas brancas se tornarem aliadas na luta contra o racismo. Fayda também apresentou uma perspectiva histórica sobre o racismo no Brasil, afirmando que “ninguém nasce racista, mas torna-se racista”, e destacou a importância da educação antirracista. Seu discurso foi aplaudido de pé pelos presentes, que se uniram à reflexão sobre as práticas que podem ser adotadas no dia a dia para transformar as estruturas sociais.
O Secretário-Geral de Administração do TCU, Márcio Albuquerque, também enfatizou a importância de refletir sobre a inclusão e a representatividade no setor público. Ele alertou sobre a presença predominante de pessoas brancas em espaços de poder e a necessidade de garantir que mais pessoas negras ocupem esses espaços. “Precisamos garantir que a diversidade seja refletida em todos os espaços de poder”, afirmou Márcio.
A Arte como Ferramenta de Transformação
No último painel do evento, moderado por Elisa Bruno, diretora de comunicação do Sindilegis, os artistas envolvidos no livro compartilharam suas perspectivas sobre a obra e a importância da arte na luta contra o racismo. Cristiane Sobral, autora do livro, destacou o papel da literatura no letramento racial, afirmando que é essencial “ter leitores, pensadores e pessoas capazes de refletir sobre o que estão lendo”. Vanessa Ferreira (Preta Ilustra), explicou como sua arte rompe estereótipos e constrói uma representação negra e feminina, criando imagens mais inclusivas e poderosas.
Sanagê Cardoso, com seu estilo neoconcretista, explicou o impacto de sua arte, que promove uma imersão na diáspora africana e na questão racial brasileira. “Minhas obras visam refletir as trajetórias do povo negro e criar uma conexão profunda com nossa história e cultura”, afirmou o artista.
Disponibilidade do Livro
O livro “Como Não Ser Racista”, uma continuidade da série “Como Não Ser um Babaca”, está disponível de forma gratuita no formato digital. Interessados podem acessar o conteúdo no site naosejaumracista.com.br e ter acesso a uma leitura fundamental para refletir sobre como todos podem contribuir para a construção de uma sociedade mais igualitária e antirracista.
O evento foi um marco para a reflexão sobre os direitos humanos, o racismo e a equidade, e reforçou o compromisso dos órgãos públicos e da sociedade em trabalhar por um Brasil mais justo para todos.