GDF remove pinheiros do Jardim Botânico para preservar o Cerrado

Retirada de pinus do Jardim-Botânico. Foto: Divulgação

A ação foi necessária para garantir a manutenção da flora nativa. Mais de 100 pinheiros e eucaliptos foram removidos. 

A equipe técnica do Jardim Botânico de Brasília (JBB) removeu mais de 100 pinheiros e eucaliptos presentes em uma área de 2,3 hectares da estação ecológica. A ação, prevista no plano de manejo da unidade, tem o objetivo de retirar essas espécies exóticas invasoras para controlar a disseminação e cumprir a principal missão do JBB, que é a proteção e manutenção do Cerrado.

O plantio ocorreu há mais de 50 anos, como um experimento do Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF) e da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Muito tempo depois, estudos científicos comprovaram os impactos negativos causados por esse plantio, capaz de promover mudança estrutural e funcional da flora nativa.

A diretora de vegetação e flora do JBB, Priscila Rosa, pontua que é preciso acompanhar o crescimento e propagação dos pinheiros e eucaliptos, pois, quando essas espécies encontram condições de se reproduzir, acabam se tornando dominantes. “Ainda na época do experimento, foram inseridas de seis a oito espécies diferentes na área da estação ecológica, e duas se adaptaram melhor: Pinus elliotti e Pinus oocarpa”, conta. “São essas que temos que controlar para garantir a conservação e restauração de formações de Cerrado”.

Pesquisa científica

Um projeto importante realizado em parceria com pesquisadores do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e da Universidade de Brasília (UnB) retirou pinheiros de outra área dentro da estação ecológica, e o resultado foi surpreendente. “O Cerrado se regenerou rapidamente graças ao plantio de sementes de espécies nativas”, comenta Priscila. “Os mutirões para retirada desses indivíduos serão feitos periodicamente para o cumprimento do nosso plano de manejo”.

Ameaça à diversidade

A iniciativa possibilitou o desenvolvimento de técnicas aplicadas ao manejo para melhorar a gestão e a conservação no interior de uma das áreas mais bem-conservadas do DF. Foi, ainda, uma oportunidade de realizar pesquisas de alto nível para produção científica e formação de profissionais, incluindo alunos de graduação e pós-graduação da UnB.

A invasão biológica é considerada uma das maiores ameaças à biodiversidade. Isso acontece quando espécies são transportadas, por acidente ou de forma intencional, para fora de sua região de ocorrência nativa, e encontram condições de se reproduzir. No caso dos pinus do JBB, a competição é acirrada com o Cerrado, pois esses se tornam indivíduos adultos em três anos e já são capazes de espalhar sementes. “Algumas espécies do nosso bioma levam até 20 anos para se estabelecer e se desenvolver; um competidor mais forte acaba tomando o espaço”, explica Priscila.

Combate aos incêndios

Além dos problemas relacionados à dominação da área, a presença dessas espécies pode contribuir para a propagação de incêndios florestais. “Essa região específica é muito importante no combate às chamas, pois tem muitas rochas e não deixa o fogo subir para a área de visitação do Jardim Botânico”, atenta o gerente de preservação do JBB, Pedro Cardoso, lembrando que os pinus são altamente inflamáveis. “A vegetação nativa daqui é bem rala e, naturalmente, dificulta a propagação dos incêndios”.

*Com informações da Agência Brasília

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