Eros e Psique – O amor e suas dimensões [Bastidores de você]

Olá meus amigos da coluna Bastidores de Você. Hoje vamos falar do amor, para fugir um pouco dessa overdose de COVID-19. Para tanto vamos usar a mitologia, através da lenda de Eros e Psique.

Meus queridos leitores, quero deixar aqui um alerta, não vou reproduzir a lenda em sua integralidade, pois levaria muito tempo. Vou somente mencionar os pontos-chaves para nossos argumentos. Perdoem-me por isso.

Reza a lenda que Psique era a mais bela das filhas de um rei, e de tão linda, intimidava os pretendentes. Sua beleza era tamanha que as pessoas a confundiam com uma deusa e por conta disso, ela capturava, mesmo sem querer adoradores e isso incomodava Vênus.

Vênus, revoltada com o fato de estar perdendo adoradores para uma mortal, manda seu filho Eros (alguns chamam de Cúpido). Eros também se apaixona por Psique e se junta a Apolo par que pudessem ludibriar Vênus. Eros casa-se com Psique, porém havia uma condicionante, que o casamento só se manteria se ela não visse Eros.

As irmãs de Psique, com inveja da riqueza que Psique passou a ter, incentivaram-na a olhar Eros enquanto dormia, desrespeitando assim a condicionante imposta por seu amado. Quando Psique vai ao quarto de Eros esta, sem querer, deixa cair uma gota de azeite e ele acaba acordando. Eros, então deixa Psique, mas dizendo antes: “- Onde há amor deve haver confiança”.

Psique, que antes era adorada, agora vaga pelo mundo sofrendo as punições de Vênus, amando Cupido que não estava mais disponível, pois sentia-se traído.

Psique então procura por Vênus e se oferece como sua serva e Vênus, percebendo essa situação acaba por lançar Psique nas tarefas mais degradantes e impossíveis, mas Psique com muito esmero consegue cumprir a todas. De adorada ela torna-se aquela que serve, deixando a posição de servida para uma posição servil.

Numa destas tarefas, Vênus determina que Psique não abra uma determinada caixa, e ela, curiosa como foi no dia que viu Eros pela primeira vez, abre a caixa, lá dentro continha o sono e ela adormece.

Eros, ao ver sua amada caída ao solo, se volta a Zeus e pede para que ele o permita viver com sua amada, que foi desperta de seu sono. Psique passa por imensas modificações, Eros também, pois Zeus somente deixaria ambos juntos se parasse de atormentar os humanos, bem como a Zeus.

Zeus então transforma Psique em uma imortal para viver ao lado de seu amado pelo resto dos tempos.

Novamente, quero pedir desculpas ao puristas, sei que a história de Eros e Psique tem muito mais do que estou dizendo. Sei das questões da relação com a sogra e muito mais, mas hoje vou me dedicar somente ao amor do casal.

O amor deles é um construto, onde ambos precisaram abrir mão de seus lugares para que pudessem, em certa medida, ter um ao outro. Era necessário que Psique descesse do lugar de adorada, de amada, de invejada para conseguir ter o seu amor. Por outro lado, para Eros, foi necessário sair do lugar de emissário de sua mãe, do lugar daquele que atormentava a todos para que ele, que dispara a flecha do amor, pudesse ter o seu, que ele pudesse encontrar a sua amada.

Amar é doação, não é exigência, quando exijo que o outro haja dessa ou daquela forma, não estou de fato amando, estou objetalizando o outro, pois não há entrega e sim adoração. Tal como Psique descobriu. Também não há amor onde somente um lado faz algo, isso vira devoção que da mesma forma não é saudável.

Viver o amor é achar a justa medida entre seus desejos, seu ego e a dor de ser o que se é, pois como diria Lacan “o amor é o mais sublime dos sintomas”, vou além, o amor é o mais sublime e mais odioso de nossos sintomas.

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