SIDF e SBGG-DF entendem que a medida é uma estratégia importante para reduzir a transmissão do coronavírus
Decretado pelo Governo do Distrito Federal (GDF) como medida de enfrentamento ao coronavírus, o lockdown não é uma unanimidade dentro da classe médica. Isto porque, ontem (1), o Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal (CRM-DF) divulgou nota se posicionando contra a paralisação e fechamento de determinadas atividades.
Em oposição ao posicionamento do CRM-DF, a Sociedade Brasileira de Infectologia do DF (SBI-SF) e a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia do DF (SBGG-DF) divulgaram notas defendendo o lockdown e destacando que não foram consultados pelo CRM-DF.
Do mesmo modo, ontem, em nota, a Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília (UnB) demonstrou preocupação com a postura do CRM-DF.
SBGG-DF
Em nota, mesmo tendo um quadro qualificado de dirigentes, associados e importantes pesquisadores na área geriátrica, a entidade relata que não foi consultada pelo CRM-DF para a nota em que o conselho rechaça a eficácia do lockdown.
Defendendo a ciência e os valores constitucionais, a SBGG-DF critica a postura do CRM-DF. A entidade ainda lembra que as medidas restritivas já auxiliaram na redução na taxa de transmissão e por consequência, no número de mortes.
Em verdade, o CRM/DF ignora a mais vital de todas as disposições em favor da saúde individual e coletiva, exposta e explícita no texto constitucional, segundo a qual Saúde é tida como direito universal e dever do Poder Público em ser assegurada mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doenças e agravos congêneres. Neste sentido, o lockdown já se demonstrou medida eficaz para redução significativa de surgimento de novos casos em todas as capitais brasileiras, com
evidência de que a medidas reverte a tendência de novas mortes diárias por COVID-19.
SIDF
No início da Carta Aberta, a diretoria da Sociedade de Infectologia do DF reforça que apesar do CRM-DF “ter nomeado uma Câmara Técnica de Infectologia, a mesma nunca foi consultada antes da emissão dos posicionamentos recentes, que são a favor do tratamento específico precoce para Covid-19 e contra o lockdown.”
A entidade entende que o momento, com o aumento do número de casos e a pressão na rede hospital, requer “expertise, para que as melhores medidas de contenção sejam implementadas”. O texto ainda visando assim o benefício da sociedade como um todo. Soluções simples ou radicalismos não atendem à necessidade atual.
A SIDF entende que o lockdown é uma medida útil para o controle da transmissão da Covid-19. E ainda ressalta, as restrições devem ser baseadas em indicadores que avaliem o risco de cada atividade envolvida, mas não acredita no radicalismo “como fez o CRM-DF”.
O lockdown já se mostrou, em várias partes do mundo, uma medida útil para controle da transmissão da Covid-19, devendo ser adotado em casos extremos. No Distrito Federal, propõe-se no momento a restrição de atividades específicas e em horários delimitados. São lícitos os debates e os questionamentos sobre quais atividades devem, ou não, ser afetadas pelas restrições, bem como a duração desse período.
Faculdade de Medicina UnB
Assim como a SIDF e SBGG-DF, a Faculdade de Medicina da UnB emitiu nota e concorda com a adoção do lockdown, uma vez que, medidas de distanciamento físico, higienização das mãos e o uso de máscara não vem sendo o suficiente para “reverter o cenário crítico atual na rede de atenção à saúde do DF”.
O texto ainda destaca:
As medidas de restrição preconizadas no decreto do GDF são baseadas em evidências sólidas obtidas em estudos científicos bem desenhados e executados em diversos locais do mundo. Estas medidas reduzem a transmissão do vírus e que podem apresentar impacto positivo sobre o comportamento da epidemia, contando com a adesão da população.
Assim, surpreende-nos sobremaneira a afirmação do CRM-DF ao argumentar contra uma medida destinada a evitar a morte das pessoas afetadas pela doença, em prol de interesses de natureza econômica e alheios ao seu dever de zelar pelo bom exercício da profissão médica. A atitude do CRM-DF tristemente contribui para reduzir a adesão às medidas e certamente terão um preço em vidas ceifadas pela doença.
Dessa forma, os representantes da Faculdade de Medicina da UnB se coloca favorável ao lockdown, a implementação de políticas públicas que tenham embasamento cientifico para que o “Sistema Único de Saúde possa garantir que todas e todos tenhamos oportunidade e acesso ao cuidado necessário, evitando perda de vidas por Covid-19.”