Atualmente, pelo menos 21% da população idosa que já se aposentou continua ativa no mercado de trabalho; é o que mostra a pesquisa da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) em parceria com o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil).
O levantamento diz ainda que 47% dos aposentados que ainda trabalham estão nesta situação por necessidade financeira – ou seja, o valor do benefício do INSS não é suficiente para pagar as contas. Destes, 45% são das classes A/B e 48% das classes C/D/E. Outros 48% dos consultados responderam que trabalham porque desejam se sentir produtivos nesta etapa da vida – em especial os que pertencem à faixa de renda maior (classes A/B), que são 58%.
“Não dá pra viver de aposentadoria”
2014 poderia ter sido um ano de mudanças na vida do Cícero José Breda, 61 anos. Nesta época, ele recebeu o direto da aposentadoria, e entre a escolha de descansar ou seguir trabalhando, ele optou por esta segunda – impulsionado principalmente pela força da necessidade. “Na verdade eu não tinha a opção de descansar; eu precisava trabalhar”, evidencia.
Ficar “parado” não está nos planos
Aos 64 anos de idade, Luiz Bessa não quis ficar parado e, mesmo diante do benefício, investiu no primeiro negócio. No ano passado ele deu início às negociações com a rede de franquias, Suav (marca de serviços femininos – Depilação, Esmalteria, Design de Sobrancelha e Fotodepilação). Junto à filha, ele investiu numa unidade com o intuito de torna-la familiar. E vem conseguindo.
A unidade aberta em Belo Horizonte (MG), foi inaugurada oficialmente em meados de dezembro. E a satisfação do jovem senhor é expressada em sua fala. Para Bessa, atuar na direção de uma empresa com essa idade é muito válido devido a bagagem adquirida ao longo dos anos. “Tenho muita experiência como administrador de empresas e isso vem a agregar na gestão do negócio”, relata.
Bessa afirma que a experiência é totalmente nova e se agarra também ao potencial que o setor oferece atrelado ao suporte da rede. E ressalta que por enquanto, ficar “parado” não está em seus planos. “Nem penso nisso à curto e médio prazo. Possuo muita energia e vou direcioná-la ao que sei fazer de melhor, que é trabalhar”, conta.
Empreendedorismo maduro
A inserção dos mais velhos no mercado de trabalho vem ocorrendo principalmente através do negócio próprio. Nessa frente o franchising surge com uma valiosa opção por oferecer algo já testado e aprovado no mercado, não exigir a experiência do investidor na área por transmitir suporte e know-how, além de possuir modelo de franquia, como as microfranquias (negócios de até R$90 mil), com investimento baixo e rápido retorno.
Assim, o aposentado pode pegar parte do seu rendimento e investir em algo próprio sem ter que comprometer todo o dinheiro que juntou ao longo da vida.
Mercado experiente
Com aproximadamente 40% do público sendo de aposentados, Henrique Mol, empresário mineiro, no qual, possui uma holding com cinco franquias (Encontre Sua Viagem, Quisto, Suav, Fórmula Pizzaria e Acquazero) totalizando mais de mil unidades, dentre elas, micros, diz que vem sentindo esse movimento. Somente nos últimos cinco anos esse aumento foi de 30%.
Para ele, um cenário que é favorável, já que os mais velhos carregam consigo diversas características fundamentais para conduzir um negócio.
“Geralmente essas pessoas são muito comprometidas e pela experiência que possuem, tem muito jogo de cintura para lidar com situações e clientes. Isso agrega valor ao padrão de atendimento. Com certeza é algo muito positivo”, explica Mol.
Paciência e organização no trabalho são valores que segundo Henrique, também se faz presente no dia a dia dos mais experientes. Para ele que lida com diferentes gerações, cada qual com suas qualidades, a força de trabalho mais madura e experiente também vem a calhar, pois gere ao mercado de trabalho padrões de qualidade sólidos e de total comprometimento.