Não sei se você sabe, mas eu namoro um músico. Ele toca guitarra em uma banda muito legal chamada Lupa. E, como um bom aficionado, ele não se contenta em ter uma única guitarra. Atualmente, temos na nossa casa 5 guitarras (fora os outros instrumentos e as outras guitarras espalhadas por aí). E como se não bastasse, ele vive comprando ou trocando por novas.
Nessa onda de “vai guitarra, vem guitarra”, nós já tivemos uma verdinha, ele pintou uma de azul com purpurina, agora temos uma vermelha, tem a bege que ele usa nos shows… e é assim que eu distingo cada uma delas: através das suas cores ou histórias.
Esses dias, no carro, ele começou a olhar algumas oportunidades de compra e comentar comigo: “Olha essa Telecaster que linda! E se eu trocar a Stratocaster nela?!”. Eu, mais uma vez, disse: “Amor, você sabe que eu não tenho a menor ideia de quais guitarras você está falando. A Stratocaster é aquela marrom que você está lixando?”. Foi então que ele teve uma brilhante ideia: me mostrar todas as guitarras para eu aprender qual era qual.
Inicialmente, essa tal brincadeira foi basicamente uma sequência de chutes para mim. Afinal, como eu saberia de primeira o nome de alguma delas sendo que eu nunca tinha aprendido nada disso? Só na sorte mesmo.
Agora, depois desse momento de aprendizado, conseguimos nos comunicar melhor sobre esse tema. Obviamente, eu ainda erro muito. São anos de interesse e vivência dele contra 30 minutos de “cara/crachá” para mim.
Se distinguir algo concreto, mas desconhecido, é tão difícil. Imagine então como é complicado entender um sentimento alheio e, que muitas vezes, também é desconhecido para nós.
Quando se trata de sentimentos, não temos fotos para explicar e nem características determinadas para categorizar. Nem todo mundo lida com eles do mesmo jeito e, para complicar, nem todos sentimos as mesmas coisas pelos mesmos motivos.
E o que fazer para nos comunicarmos melhor sobre sentimentos?
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Você sabe ou supõe?
É normal e até importante que a gente tente reconhecer o sentimento do outro no nosso próprio catálogo de sentimentos já experimentados. Afinal, muitas vezes sentimentos são sim similares ou compatíveis. Mas, você nunca saberá se está certa a sua suposição se não parar para escutar e entender antes de tentar identificar. Por isso, não assuma e sim deixe que o outro te conte. Pergunte sobre o que está sendo dito, esteja atento e interessado. Confirme se vocês estão na mesma página. Fale ao interlocutor o que está entendendo e pergunte se é isso mesmo que ele quer dizer, assim ele poderá afirmar se você o compreende.
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Qual o sentido mais aguçado?
Quando alguém está te contando uma experiência ou situação, quais as características evidenciadas por essa pessoa, o que ela viu, sentiu ou escutou? Repare nisso e faça uso dos mesmos recursos para se comunicar melhor com ela. Assim, será mais fácil que ela entenda o que você está tentando expressar e se reconheça na sua fala.
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Conte histórias
Apesar de cada pessoa reagir de uma forma diferente aos acontecimentos, existe uma certa similaridade. Quando quiser comunicar sentimentos, conte histórias para que a pessoa se imagine em uma situação que despertaria nela o mesmo sentimento que você está tentando descrever. Assim você faz com que a pessoa se coloque no seu lugar e te entenda melhor.
Com certeza, ainda assim não será simples. Mas, com interesse, paciência e atenção ficará muito mais fácil. Seres humanos são galáxias inteiras que se relacionam, cada uma com o seu formato, planetas e número de satélites. Faça desse processo uma expedição curiosa e respeitosa