Um ano que valeu por dez

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Empreendedores viveram muitos desafios no ano passado e Nelson Vilalva, coordenador do Conselho Estratégico da MOAI e CEO da Nova/SB, nos convida a refletir sobre as mudanças e transformações vividas durante a pandemia. Boa leitura!

Ninguém aguenta mais falar do tal “novo normal” e das expressões que tomaram o nosso cotidiano desde que a pandemia começou, em março do ano passado. Em meio ao debate entre abrir o comércio ou preservar vidas, muitos empreendedores não tiveram escolha: aceleraram um aprendizado forçado para manter os negócios funcionando com segurança para colaboradores e clientes.

Naturalmente, por vocação e afinidade, alguns empreendimentos conseguiram se adequar ao home office. Outros, buscaram um sistema híbrido. Entretanto, muitos segmentos sofreram de forma inclemente com uma total ausência de atividades.

Quem empreende viveu no fio da navalha por conta de receitas decrescentes e custos que teimavam em subir. Muitas vezes, decorrente da necessidade de buscar novas tecnologias, aplicar rescisões e lidar com os “abre e fecha” intermináveis.

Dentro desse contexto, ainda tivemos que nos deparar com decretos intempestivos, investimentos em protocolos para atender com segurança e a natural dificuldade em conseguir crédito e apoio.

Sozinhos, numa conjuntura desafiadora, os empreendedores do Brasil tornaram-se mais fortes e resilientes. Apoios como o do SEBRAE, que formatou conteúdos relevantes, tanto para enfrentar os períodos de restrições de funcionamento quanto para orientar sobre uma reabertura segura, foram fundamentais nesse processo.

Diante de um cenário tão intenso, penso que a grande marca deste ano tenha sido a capacidade de união, de intercâmbio e troca que aproximaram os empresários, o que foi decisivo para a sobrevivência dos empreendimentos brasileiros.

É clichê dizer que a união faz a força. Contudo, cada comerciante, prestador de serviço ou pequena indústria tem uma história para contar de solidariedade e “coopetição”. Afinal, muita gente entendeu que para continuar competindo, era fundamental cooperar. Negociações em conjunto, permutas, compartilhamento de máquinas e insumos e outros aprendizados da pandemia vieram para ficar.

Estamos mais próximos de uma retomada. Além disso, acredito que com o consumo represado e a natural e humana ansiedade de abraçar, de se reencontrar e de viver ajudará os negócios, em especial de segmentos que mais sofreram como turismo e eventos, por exemplo. Meu desejo é que essa tal de “coopetição” siga como um ensinamento para o futuro.

Enquanto muitos só falam sobre a aceleração digital que o mundo sofreu – e eu concordo e reconheço inúmeros pontos positivos como a migração para operações phygitals –, prefiro celebrar esta nova realidade de mercado. De empresas e empresários que se deram as mãos e uniram forças para combater o momento econômico mais desafiador das últimas décadas.

Espero que os bravos que seguem escrevendo a história de suas empresas sigam praticando diariamente a colaboração. Trocando impressões, experiências e fortalecendo o compartilhamento de soluções e inovações sem perder a competitividade.

Entregar uma proposta de valor relevante para os clientes vai exigir isso. Porque com a competição solidária, os empreendedores poderão atingir a escala e ferramentas até então só acessíveis aos grandes e, assim, buscar mais eficiência. O difícil já foi feito: atravessar a tempestade. Agora, é abrir as velas e esperar o vento favorável que, o quanto antes, começará a soprar.

Nelson Vilalva é coordenador do Conselho Estratégico da MOAI e CEO da Nova/SB

Contexto Livre é uma coluna rotativa, de assuntos diversos escrita por pessoas bacanas que tenham algo legal e inspirador pra compartilhar.

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