
Material será utilizado na exportação de mangas sem casca e sem caroço
Grande parte dos produtos consumidos pela população estão envolvidos em embalagens. E estas são descartadas no meio ambiente e na maioria dos casos, são materiais de difícil decomposição que necessitam de décadas ou até séculos para serem absorvidos. Preocupados com esta questão, pesquisadores do campus Integrado de Manufatura e Tecnologia do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI CIMATEC), em Salvador, desenvolveram uma embalagem biodegradável feita com a fibra de coco e mandioca.
A embalagem verde vem demanda do mercado por mais praticidade e por produtos mais saudáveis, além disso, o consumidor está mais ligado nas questões ambientais.
O projeto faz parte das soluções tecnológicas do projeto GestFrut, coordenado pela Embrapa Mandioca e Fruticultura. A embalagem será utilizada na exportação de manga sem casca e sem caroço.
Desenvolvimento

A pesquisadora do SENAI, Bruna Machado, ressaltou que a Bahia é um dos maiores produtores de manga, assim, a solução aparece como um diferencial no mercado de exportação da fruta. “Algumas empresas importantes do Brasil já fizeram contato para a prospecção de projetos na área de embalagens biodegradáveis. O custo de produção é bastante acessível. E é possível estruturar uma linha de produção para atender diferentes escalas produtivas”, disse a pesquisadora.
Para a concepção do material, foram utilizados nanocristais da celulose, provenientes da fibra de coco e do amido de mandioca. Dessa forma, o fruto e a raiz se tornaram assim a matéria-prima da embalagem, que é degradada em menos de seis após o descarte. O projeto teve início em 2015 e foi finalizado no ano passado.
O estudo também contou com a participação da alunas do Centro Universitário SENAI CIMATEC no curso de engenharia de materiais, Marina de Andrade e Taynã Santana. De olho em um futuro mais saudável para as futuras gerações, Taynã espera o dia em que as embalagens verdes possam substituir definitivamente as sintéticas.
“As embalagens verdes são promissoras e revolucionárias. Hoje em dia é possível desenvolver uma embalagem com insumos e matérias-primas naturais, com baixo custo e de qualidade equivalente aos modelos convencionais. Espero que o mercado faça essa opção. Isso vai diminuir os impactos ambientais”, afirma.
Grau de importância

O coordenador do GestFrut e pesquisador da Embrapa, Domingo Haroldo Reinhardt, disse que a nova embalagem gerou um ativo tecnológico importante, que se enquadra nas demandas recentes por produtos ambientalmente corretos. “É biodegradável, usa resíduos e contribui para o consumo conveniente de fruta pronta para comer, reduzindo o desperdício. Com essas vantagens, cria boas perspectivas de viabilidade econômica, podendo atrair parceiros da iniciativa privada para concluir o processo de inovação”, avalia.
Sobre a parceria da Embrapa com o SENAI, Reinhardt considera que as duas instituições têm objetivos similares, com ênfase na geração e adaptação de inovações tecnológicas em benefício da sociedade brasileira.
“A Embrapa mais na área agropecuária, e o SENAI focado na indústria. Não basta gerar um novo produto tecnológico, ele precisa evoluir. A Embrapa tem contribuído muito para o fortalecimento da cadeia produtiva da manga, que se tornou a principal fruta fresca exportada pelo Brasil. O SENAI contribui com novas formas de agregação de valor ao produto manga — uma parceria perfeita”, finaliza.