Sem aprovação de crédito, empreendedores buscam novos caminhos para os negócios

Segundo o Sebrae, cerca de 80% dos pequenos negócios não conseguiram aprovação de empréstimos com bancos. Neste cenário, fintech de empréstimo coletivo oferece uma solução para empreendedores e veja ainda, advogado dá dicas para negociar dívidas e financiamento com as instituições financeiras

A pandemia do coronavírus trouxe a abertura da temporada de caça aos empréstimos. Para manter as empresas vivas, muitos empresários buscam a aprovação das linhas de crédito oferecidas por bancos privados e públicos. No entanto, muitos empreendedores receberam ‘não’ como resposta. E agora, quais alternativas viáveis?

Para o especialista em direito tributário, Eduardo Natal, as empresas têm uma lição importante para realizar, pensando em curto prazo, é hora de rever os custos de operação. “Tem muita coisa que pode ser melhorada. As empresas precisam cuidar muito bem do seu fluxo de caixa, porque as crises têm sido cada vez menos espaçadas e há que se ter um preparo para reduzir essa fragilidade. É aprender na marra a ter mais eficiência”, elenca Eduardo Natal.

Outra mudança que vem sendo bastante defendida é a digitalização dos negócios. Assim é recomendado que as empresas possam migrar do mundo físico para o online e seguir oferecendo produtos e serviços. Assim, defende Caio Bartine que “o e-commerce vai ser algo irrefreável e as empresas precisam estar atentas a isso. As que ainda não têm devem começar a oferecer seus bens e serviços por meio de plataformas digitais”, recomenda Caio Bartine.

Raphael Falcão, especialista em marketing digital, reforça que “mas você não pode ter medo, tem que criar uma oportunidade de venda para o cliente, porque vender é a coisa mais digna que tem, todo mundo está sempre comprando e vendendo algo. O importante é que os empresários não desanimem nesse momento e que comecem a focar nessas estratégias online”. 

Aproveite e veja as dicas do especialista para construir uma estratégia no universo online. 

Empreendedorismo Social

Firgun, fintech de empréstimo coletivo, oferece um caminho para que pequenos empreendedores consigam ter acesso a crédito em um cenário tão instável. 

Assim foi criado um fundo de financiamento e a meta é atender 200 empreendedores com até R$ 3 mil cada um. Carine Elpídio conta que “já captamos R$ 180 mil e esperamos chegar até R$ 600 a R$ 700 mil. Já estamos fazendo os empréstimos com as captações que fizemos e 40 empreendedores já foram atendidos”.

Os empreendedores devem solicitar o crédito se cadastrando na plataforma da www.firgun.com.br. No entanto, há uma lista de espera e a fintech espera atender os cadastrados dentro do limite de 200 empreendedores. 

Para conseguir o empréstimo, o solicitante precisa ter um negócio e, após o contato da equipe Firgun, explicar como usará a verba recebida. O objetivo do financiamento é auxiliar os empreendedores que estão sofrendo com a queda do faturamento por conta da pandemia, a falta de crédito e com risco de fechamento do negócio.

Carine Elpídio ainda destaca que “empreendedorismo social é uma incrível ferramenta. Neste momento de pandemia traz a oportunidade de escala para negócios de impacto, dada a mudança de mentalidade do empreendedor que entende que ganhar dinheiro sendo empreendedor social é possível, sustentável e necessário. Para a população traz uma maturidade  emocional quanto a mudanças de valores, e deixará um legado de colaboração incrível que eu espero que transforme de verdade as possibilidades. E que os negócios periféricos sejam, de certa forma, mais valorizados pela população que consome, e que pode desenvolver a cultura de consumir de empresas menores e locais.”

O que dizem as pesquisas? 

Pesquisa realizada por uma por uma consultoria de investimentos revelou ao mercado que 78% das companhias brasileiras não tiveram acesso a nenhum tipo de crédito desde o início da pandemia. Nesse universo, foram ouvidas empresas com faturamento entre R$ 30 milhões e R$ 300 milhões. Para as pequenas, o cenário é o mesmo: segundo o Sebrae, cerca de 80% dos pequenos negócios não conseguiram nada com os bancos.

A negativa de crédito afeta a todos, mas em especial aos setores de como turismo (hotéis, agências e aviação), varejo tradicional (lojas físicas como de vestuário e calçados), restaurantes lanchonetes e bares, indústria automotiva, de cosméticos e construção civil.

O medo do calote resulta na negativa dos bancos. Segundo a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), haverá uma escalada de calotes de dívidas. As projeções apontam para inadimplência semelhante à ocorrida em 2008, quando chegou a 60%.

Ações do Governo

O presidente Jair Bolsonaro sancionou o Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe), com 85% dos recursos garantidos pela União. No entanto, Bolsonaro vetou dois itens importantes: o que estabelecia carência de oito meses para início dos pagamentos e a prorrogação por mais 180 dias dos prazos para pagamento de parcelamentos da Receita Federal e da Procuradoria Geral da Fazenda Nacional. Cabe ao Congresso Nacional derrubar ou manter os vetos, mas a MP já está valendo.

Outra questão é a reforma tributária, que se acontecer será bem-vinda, como acredita o Presidente da Comissão de Direito Tributário e Constitucional da OAB-Pinheiros, André Felix: “diminuir incidência dos tributos sobre a atividade empresarial já era necessária antes da crise, agora se torna mais urgente”.

Dicas de como negociar um empréstimo

O advogado Paulo Akiyama oferece algumas dicas que podem ajudar a barganhar taxas e empréstimos. Ele lembra que “o cliente dos bancos é o patrimônio mais valoroso da instituição, pois é quem investe ou toma recursos, gerando meios de receitas. Já estava na hora dos bancos se conscientizarem e flexibilizar as negociações, diminuindo tarifas ou aumentando os prazos para pagamentos”

Com a pandemia, muita instituições bancárias estão investindo em campanhas para mostrar que estão ao lado das pessoas e das empresas, mas é importante ter atenção às condições impostas para receber os empréstimos. Por exemplo, alguns bancos oferecem 60 dias para pagamento de empréstimos pessoais, no entanto, o prazo é válido apenas para clientes que estejam em dia com as parcelas. Quem não estiver em dia, pode ser encaminhado a negociação com empresas terceirizadas e sofrer com taxas de juros mais altas do que eram ofertadas inicialmente.

“Um dos principais pontos é procurar pelas instituições financeiras antes mesmo de ficar inadimplente e buscar por todos os meios negociar para mudar o perfil do endividamento. Por agora, uma boa maneira de fazer isso é alongando a dívida, lembrando que a retomada da economia pode ser mais lenta. Quando os ventos mudarem, é possível procurar maneiras de encurtar o tempo de pagamento a juros menores”, indica o advogado

Ao buscar um empréstimo é fundamental fazer um planejamento, colocando as despesas e também, as receitas esperadas. Essas informações irão ajudar na hora da negociação. Mais dica dada por Akiyama é: solicitar condições de pagamento que sejam mais vantajosas, incluindo uma carência de 60 a 90 dias para pagamento. Bancos oficiais, como a Caixa Econômica e Banco do Brasil podem oferecer tarifas e juros factíveis devido a pandemia, por isso são boas opções.

Por fim, o advogado reforça que é importante a proximidade e bom relacionamento com o gerente do banco responsável pela conta, pois cabe ao gerente orientar e buscar uma solução positiva para o cliente. “Para contornar esta situação o mais aconselhável é negociar e não se cansar, pois com certeza o banco não quer o cliente inadimplente e muito menos enfrentar uma possível ação por conta disso”, finaliza Paulo Akiyama.

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