Para especialista, defasagens sociais corroboram com falta de popularidade do meio de pagamento na hora de fazer compras ou pagar contas
Apenas 3,5% dos brasileiros preferem usar o Pix para pagar contas ou fazer compras. É o que aponta uma pesquisa realizada pela Fundação Dom Cabral em parceria com a empresa de transportes de valores Brink’s. O dinheiro físico aparece em 1º lugar, com 53,4%, seguido pelo o cartão de crédito (20%), cartão de débito (16,5%) e boleto bancário (4,6%). Para José Luiz Rodrigues, especialista em regulação da JL Rodrigues & Consultores Associados, a maior adesão do Pix só será possível com melhorias sociais.
“Junto com o Pix, é necessário proporcionar condições para que a população faça uso da ferramenta, como, por exemplo, acesso à internet e pacotes de telefonia mais baratos. Falamos em substituição do uso do dinheiro físico, mas o Brasil tem grande dimensão e diferenças sociais e culturais muito marcadas. O uso do dinheiro físico permanecerá por um longo tempo, só tende a diminuir à medida que a população tenha mais acesso a dispositivos e internet, e assim começar a mudar hábitos culturalmente estabelecidos”, pondera.
Somente em seu primeiro mês de funcionamento, o Pix movimentou R$ 83,4 bilhões em mais de 90 milhões de transações, segundo dados do Banco Central, o que mostra seu potencial. “A sociedade brasileira hoje, predominantemente, trabalha com o dinheiro físico. O Pix vem para tentar difundir ainda mais as transações virtuais, e isso tem um impacto em cadeia”, explica José Luiz Rodrigues. “Isso afeta a gestão dos negócios, com a necessidade de modificar a dinâmica de dinheiro em caixa; as instituições financeiras, que com o Pix têm uma mudança de receita, ganhando por quantidade de transações e não por valores transacionados; e o comportamento do próprio consumidor, que necessita entender, na prática, que as transações digitais vão além do consumo em lojas virtuais”.