Pérsio Arida traça perpectivas para o próximo governo

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Foto: Marcello Casal Jr. /Agência Brasil

Pérsio Arida estava no time de economistas que criaram o Plano Real, com passagens pela presidência do Banco Central e do BNDES. Durante participação em evento online, o especialista traçou perspectivas para o próximo governo

Confirmado como um dos nomes da equipe do governo de transição, liderado pelo vice-presidente eleito Geraldo Alckmin, o economista Pérsio Arida comentou pontos importantes da agenda econômica do país para o curto e o médio prazos, como a reforma tributária e o acordo entre União Europeia e Mercosul, além de apresentar suas expectativas para o cenário econômico global em 2023.

Os comentários do ex-presidente do Banco Central foram feitos durante a participação de Arida no evento online, Canal Aberto/Observatório Econômico, realizado pela Câmara de Comércio França Brasil (CCIFB-SP).

Entre os pontos da agenda econômica comentados, Arida afirmou que, negociado há muito tempo, o acordo com a União Europeia “já nasceu velho, ficando aquém daquilo que o Brasil precisaria”. Em sua opinião, no entanto, é melhor fechar o acordo e, se possível, garantir a entrada do Brasil na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), iniciativa ” que seria muito bem-vinda para o país, inclusive do ponto de vista das restrições que a organização coloca em relação a políticas protecionistas”. Arida acrescentou que, como ocorre com toda economia emergente, “o caminho do Brasil é a integração com o mundo”.

Sobre a reforma tributária, Arida comentou que está amadurecida a vertente em que se busca o aumento da produtividade na economia, que está embutida na criação do Imposto sobre o Valor Agregado (IVA). “Deve ser prioridade no próximo governo, o que é ótima notícia”, disse ele. Ele destacou que a medida será um enorme avanço, considerando o longo prazo de implementação do IVA. “A ideia é criar o IVA e reduzir outros impostos, calibrando para a arrecadação ficar mais ou menos constante”, disse. Em sua opinião, a iniciativa facilitaria o ganho de produtividade e resolveria muitos pontos da discussão envolvendo a reindustrialização no país.

Outro assunto abordado por Arida foi agenda ambiental. Segundo ele, a saída do governo Bolsonaro renovará a expectativa de uma boa agenda ambiental no Brasil, “que tem tudo para se transformar na vanguarda da preservação da natureza”, lembrando que, além da Amazônia, o país conta com grande diversidade de fontes renováveis de energia. Em sua opinião, essa mudança contribuiria muito para a atração de fluxos de capitais para o Brasil. “Temos investidores que dão peso muito grande ao chamado ESG e que deixaram de considerar o Brasil como opção de investimento”, disse ele.

No front fiscal, o economista citou o exemplo da Grã-Bretanha – em que, em sua opinião, houve uma “barbeiragem” no anúncio da política econômica da ex-primeira-ministra Elizabeth Truss –, como um alerta ao novo governo no Brasil. 

“Não se pode queimar a largada, ou seja, começar com algo percebido como desastroso”, disse ele. “A Inglaterra nos faz um alerta: não queimar a largada”, acrescentou. Arida disse que o Brasil vem de uma política fiscal longe de ser contracionista e tem um teto de gastos que vem sendo furado. “A preocupação maior é o risco de o novo governo enfrentar o que se passou na Grã-Bretanha”.

Em relação à independência do Banco Central, outro tema abordado, o economista destacou que não vê possibilidade de reversão nessa iniciativa. “A iniciativa foi um enorme avanço. É algo que veio para ficar”, disse ele. Pérsio Arida acrescentou que o Banco Central vem fazendo ótimo trabalho para aumentar a competividade no setor financeiro. 

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