Papa Francisco visita o Iraque nesta sexta-feira (5)

Papa Francisco
Créditos: Angelo Carconi/Agência Lusa

Líder religioso visitará a cidade de Mossul, um dos principais cenários da invasão do Estado Islâmico

Cristãos iraquianos se preparam para receber a visita do papa Francisco marcada para essa sexta-feira (5). Programado para uma estadia de três dias, o líder religioso fará uma parada na cidade Mossul, que sofreu durante anos com o regime do grupo religioso extremista, Estado Islâmico (EI). O objetivo da visita é se aproximar das comunidades vítimas do conflito, no qual igrejas foram utilizadas pelo EI como tribunais religiosos.

O residente cristão iraquiano, Thanoun Yahya, de 59 anos, teve sua casa ocupada durante três anos pelo EI. Até hoje, não consegue apagar a mensagem deixada pelos invasores. “O Estado Islâmico perdura”, escreveram. Yahia contou que a escrita deixada na casa representa uma memória da resistência da minoria cristã que ainda vive em território iraquiano. “Mas não restam muitos de nós. A geração mais jovem quer partir”, disse Thanoun.

No vilarejo onde antes moravam cerca de 20 pessoas, sobrou somente a família de Thanoun. “O papa não nos pode ajudar, apenas Deus pode”, disse Yahya, sem deixar de sublinhar que aprecia a visita do Sumo Pontífice da Igreja Católica.

Atualmente há cerca de 400 mil cristãos no Iraque. O cardeal Sandri, citado no Vatican News, explica que a viagem do Papa Francisco pretende transmitir uma “mensagem de consolo, de paz, de admiração por tudo o que sofreram”. A mensagem solidária não se dirige apenas a cristãos.

O que aconteceu nos últimos anos?

No governo antigo estadista iraquiano Saddam Hussein, os cristão eram tolerados e chegaram a somar quase 1,5 milhões de adeptos. Após a invasão liderada pelos Estados Unidos em 2003, começou a partida em massa de crentes cristãos.

No ano seguinte, as minorias começaram a ser sequestradas e executadas pela Al Qaeda, organização fundamentalista islâmica internacional, fundada em cerca de agosto de 1988 por Osama bin Laden. Yahia lembra de quando teve que vender a serralheria da família para pagar pelo resgate do irmão.

Em 2014, Mossul foi autoproclamada cidade-sede do governo islâmico quando, um terço do território iraquiano estava sob o domínio do EI.

Yahia e os parentes fugiram para o território curdo ao norte do Iraque e foi um dos poucos cidadãos que retornaram a Mossul depois de o Estado Islâmico ceder a mão dos militares do país, em 2017. Até hoje, os residentes temem que o capítulo macabro se repita.

Visita Histórica

“Ele terá palavras poderosas para o Iraque, onde foram cometidos crimes contra a humanidade”, diz Najeeb Michaeel, arcebispo católico caldeu da cidade de Mossul, citado na France 24.

O papa Francisco pretende que, desse contacto com as diferentes comunidades religiosas, resulte um melhor diálogo cristão-muçulmano. Neste contexto, a agenda do Sumo Pontífice integra um encontro com o principal clérigo xiita, o grande ayatollah Ali Sistani, em Najaf, ao sul de Bagdá.

“É uma visita histórica, o encontro terá grande impacto, estamos falando do chefe de uma comunidade religiosa que representa 20% da população mundial”, destacou o governador de Najaf, Luay al-Yasserit, citado pela France 24. Francisco foi convidado pelo presidente Barham Saleh em 2019, e a visita ao Iraque irá até 8 de março.

*Com informações da Agência Brasil.

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