Olá meus amigos, na coluna de hoje não dedicarei a análise de pontos profundos da alma ou de algum sofrimento. Tentarei trazer para o leitor uma visão do que venha a ser a psicanálise. Neste sentido, quero começar com uma afirmação de Françoise Dolto, para ela o papel do psicanalista “não é o de desejar algo para alguém, mas de ser aquele, graças a quem ele pode chegar até seu desejo”.
O motivo de ter escolhido esse assunto para nossa coluna reside no fato de que, nesta semana, em 06 de maio se comemora o dia do psicanalista. Esse dia faz alusão a data de nascimento de Sigmund Freud, Pai da Psicanálise e há muita dúvida quanto ao método e muito preconceito com esta forma de terapia.
Equilíbrio
O papel do psicanalista é de mostrar para o sujeito que seus desejos não possuem certo ou errado, pois a função do psicanalista é a de ajudar a pessoa a equilibrar os desejos com os problemas que orbitam fora dele, em outras palavras, ajudar o sujeito a mediar seus desejos internos com as limitações impostas pela sociedade e assim conseguir viver de maneira mais estabilizada.
A pessoa, que se submete ao processo terapêutico da psicanálise, estará buscando o conhecimento de suas instâncias psíquicas mais profundas, e assim, sabedor de seus desejos, anseios, frustrações e dores, poderá lidar melhor com suas cobranças externas e internas.
O famoso psicanalista Cristian Dunker cunhou uma analogia que é perfeita para o que queremos explicar. Ele afirma que a função do psicanalista assemelha-se com o trabalho do “carteiro que pega cartas embaralhadas, as cartas de nosso destino, e ajuda a entregar as que podem ser entregues, reenviar as que estão sem destinatário e cuidar daquelas que ainda não foram escritas”.
Assim, através processo psicanalítico, a pessoa vai aprendendo, aos poucos, a conhecer seu âmago e isso vai fazendo com que ela consiga, através do amor, encontrar um alento para suas principais questões, assim vai descortinando o sujeito para o próprio sujeito.
Transformação
Os críticos da psicanálise dirão que ela não é ciência, o que a psicanálise jamais se propôs a ser. Muito pelo contrário, ela nem imparcial é, na verdade, uma medida terapêutica que busca alterar as dores do sujeito de tal modo que elas parem de incomodar o sujeito. Aliás, como diria Freud, a “essência da psicanálise não é provar nada, mas simplesmente alterar alguma coisa”.
A grande mudança proposta por Freud é justamente que se de um lado, o desejo insiste e as emoções iniciadas por ele jamais morrem, ao não lidar com essas questões, a pessoa força sua emoção para o profundo de sua alma, e lá são enterradas vivas. Acontece que emoções são imortais e certamente vão achar uma maneira de voltar à tona e, nesse caminho, irromperão de uma forma muito mais severa e mais ameaçadora.
Para finalizar, quero aqui lembrar uma frase de Rubem Alves, que diz o seguinte: “consulte sempre um advogado. Você tem direitos – Consulte sempre um psicanalista. Você tem avessos”. Por isso lhe convido, neste tempo, a se encontrar consigo mesmo, desnudando-se de suas fantasias para que você conheça seu verdadeiro Eu e saiba distinguir quem é você realmente daquilo que suas personagens representam. Para que os vazios barulhentos de nossa alma possam compreender os ecos que nos ressoam e, assim, nos guiar até ao próprio conhecimento e a consequente liberdade.
Você é mais do que um destino, você é o caminho. O psicanalista pode ajudar você a compreender melhor o rumo do seu caminhar, não importa o destino, o importante é caminhar, sempre caminhar.
Bom fim de semana.
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