Médico coloproctologista explica por que a doença pode aumentar as chances de câncer e comenta alguns mitos e verdades
O HPV (papilomavírus humano) é uma infecção sexualmente transmissível que já infectou entre 25% e 50% das mulheres e 50% dos homens no mundo, de acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA). Estima-se que 80% da população feminina sexualmente ativa vai ser infectada pelo HPV em algum momento da vida e esse número pode ser ainda maior para os homens.
O médico coloproctologista Danilo Munhóz explica que muitas dessas pessoas podem nem saber que foram infectadas pelo vírus, isso porque, na maioria das vezes, o HPV não apresenta sintomas.
“O fato de adquirir o vírus não quer dizer que desenvolverá verrugas e lesões, sendo que muitos pacientes ficam com o vírus latente em seus organismos por vários anos. No entanto, o HPV pode ser transmitido mesmo quando uma pessoa infectada não apresenta sinais ou sintomas. Portanto, qualquer pessoa sexualmente ativa pode ser infectada durante os contatos oral-genital, genital-genital ou manual-genital”, explica.
Embora muitas pessoas possam conviver por anos com a doença, sem desenvolver sintomas, não quer dizer que ela não requer atenção. O médico alerta que o HPV está relacionado com maior chance de câncer anogenital.
“Existem diferentes subtipos de HPV e grande parte dessa variedade é capaz de causar lesões que são consideradas precursoras do câncer. Ou seja, uma vez que um indivíduo foi infectado com vírus, ele poderá, no futuro, ter maior chance de desenvolver câncer nas áreas onde o vírus se instalou”, esclarece.
Ele completa que é por conta disso que a infecção por HPV é considerada fator de risco para doenças como o câncer de colo de útero e o câncer do canal anal. Além disso, existem grupos de pessoas que devem ficar ainda mais atentos para investigações da doença:
- Mulheres que já tenham recebido tratamento para lesões por HPV genital (uterino, vaginal ou vulvar);
- Qualquer pessoa, independente do sexo, que já tenha sido diagnosticada e tratada com lesões por HPV na região anorretal;
- Homens que têm relação sexual com homens (HSHs);
- Pessoas imunossuprimidas (portadores de HIV, transplantados, usuários de corticoides ou outros imunossupressores);
- Mulheres com história prévia de lesão cervical, vulvar ou vaginal de alto grau, displasia ou câncer;
- Indivíduos com história de câncer de canal anal
Como forma de rastreamento da doença, Danilo diz que dois exames são fundamentais para detectar lesões por HPV no canal anal: o citopatológico (papanicolau anal) e a colposcopia anal (anuscopia de alta resolução).
Qual a melhor forma de prevenção?
O médico coloproctologista comenta que a educação é fundamental para entender e se proteger contra as doenças relacionadas ao HPV. Além disso, é importante se vacinar contra o HPV antes do início da vida sexual, idealmente, e realizar uma avaliação médica regular para exames rotineiros preventivos.
O especialista explica também que os preservativos não oferecem proteção completa contra a infecção. “O uso de um método de barreira pode reduzir o risco de infecção. Porém, vale a pena lembrar que a transmissão ocorre também via contato direto pele a pele, sendo assim, os preservativos não protegem totalmente, pois o vírus pode estar presente em áreas que não estão protegidas durante o contato sexual”.
Como é o tratamento?
O que vai determinar o tratamento é o número e o volume das lesões perianais, bem como a expectativa/desejo do paciente, de acordo com Dr. Danilo Munhóz.
As verrugas genitais podem ser tratadas por métodos físicos (eletrocauterização, criocauterização e laserterapia) e métodos químicos (cauterização com ácido, imunomoduladores, quimioterápicos).