Guerra na Ucrânia pode reduzir investimentos em startups

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Conflito obrigou investidores tomarem medidas para proteger seu dinheiro e, assim, exigirem mais resultados reais das startups para reinvestir

A Guerra da Ucrânia corre o sério risco de afetar um segmento que está em constante crescimento nos últimos anos e que é responsável pela inovação. O conflito pode reduzir os investimentos nas startups brasileiras, que receberam US$ 9,4 bilhões em 2021, segundo levantamento da plataforma Distrito.

Apesar de o valor ter sido 2,5 vezes maior em relação a 2020, neste ano, os investimentos podem ser menores porque o conflito tem obrigado os investidores a comprarem mais para estocar e, dessa forma, aportar seu capital como forma de proteger o dinheiro. Isso tem provocado um aumento no preço das commodites em geral. As sanções contra a Rússia e o receio de uma escalada na disputa armada os levaram a adotar essas medidas como proteção.

O contexto todo voltado ao conflito também acentuou uma tendência entre os investidores, que têm exigido mais resultados reais, análises econômicas concretas de suas investidas. As solicitações estão vinculadas à liberação de novos investimentos, explica Emanuel Pessoa, advogado especializado em Inovação e Direito Econômico.

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Emanuel Pessoa, advogado especializado em Inovação e Direito Econômico. Foto: Divulgação

“Assim, o apetite por risco diminuiu bastante, de modo que as startups têm sido cada vez mais chamadas a comprovar uma relação de probabilidade entre risco e retorno, muito superior ao período precedente à guerra” afirma. O especialista ressalta ainda que antes esse capital barato responsável por incentivar o crescimento dessas startups, tanto na quantidade quanto no tamanho delas, também mascarava ineficiências.

Como exemplo disso, Emanuel Pessoa cita o caso do WeWork nos Estados Unidos. O fracassado IPO de 2019 revelou ao mercado uma empresa sem caixa e sustentada pelas promessas do fundador, mesmo após inúmeros aportes recebidos de grandes investidores.

O advogado salienta ainda a necessidade de realização de investimentos em empresas de inovação. No entanto, o especialista alerta que os investidores precisam ser guiados por regras capazes de prestigiar startups mais eficientes. “É preciso que elas façam o dever de casa, como crescer de forma escalável e resolver problemas, para que esse capital não seja desperdiçado em apostas indevidas”, completa.

Crescimento das startups

Pessoa relembra que o crescimento do número de startups que receberam grandes investimentos tem ocorrido após a crise financeira de 2008, quando os países desenvolvidos – sobretudo os Estados Unidos – passaram a injetar volumes de dinheiro na economia. Com isso, os investidores viram seu apetite por risco aumentar.

“Eles se sentiram mais confortáveis a ponto de aportar e diversificar seus investimentos na busca dos próximos unicórnios (startups com valor de mercado acima de US$ 1 bilhão)”, relembra o advogado.

Em meio a esse contexto, muitas startups receberam altos valores, sem apresentar resultados, aponta Emanuel. Dessa forma, muitos investidores com dinheiro em excesso aportaram recursos em empresas de mérito duvidoso, somente por medo de ficarem de fora.

“Isso permitiu que muitas delas munidas unicamente de uma apresentação bem-feita e um discurso recheado de jargões recebessem milhões de reais ou de dólares em recursos, sem qualquer justificativa para o investimento”, conta.

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