Estudo aponta aumento da obesidade no Brasil nos próximos anos

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Foto: Pixabay

Segundo Atlas de 2023 publicado pela World Obesity Federation, para 2035 a previsão é que a população brasileira com obesidade seja de 41% 

O Dia Mundial da Obesidade, 4 de março, é uma data escolhida como forma de conscientizar a população sobre a obesidade e falar de forma mais reforçada sobre esta que é considerada uma doença crônica. Os números são alarmantes e mostram que nos últimos anos, a quantidade de pessoas com obesidade no Brasil e no mundo só aumentou.

Desde 1975 a obesidade mundial quase triplicou. No Brasil, atualmente, existem cerca de 41 milhões de pessoas acima de 18 anos com obesidade, correspondendo a 26% da população. Um estudo publicado pela World Obesity Federation (WOF) neste mês de março traz o dado de que em 2035 a previsão é de que os brasileiros com obesidade sejam 41% da população.

A previsão divulgada no mesmo mês em 2022 apontava 29,7% de adultos com obesidade no Brasil em 2030, o que já corresponde a cerca de 47 milhões de brasileiros. Em 2019, um outro estudo apontou que excesso de peso e obesidade já eram a causa de 168 mil mortes por ano.

“O excesso de peso está associado a diversos outros problemas como diabetes, pressão alta, asma, gota, dor de cabeça e aumento de colesterol. A obesidade está associada também a 13 tipos de câncer, além de sobrecarregar o sistema ósseo e articular, levando a uma série de problemas ortopédicos. Uma alimentação equilibrada com base em frutas, legumes, verduras, fibras e consumo moderado de carne vermelha, gorduras e carboidratos influencia muito na saúde”, explica Dra. Andrea Pereira, médica nutróloga do Departamento de Oncologia e Hematologia do Hospital Israelita Albert Einstein e cofundadora da ONG Obesidade Brasil, a primeira organização sem fins lucrativos do mundo direcionada a pessoas com obesidade.

Um estudo recente publicado em fevereiro deste ano no The Lancet, uma das mais importantes revistas científicas do mundo, analisou os melhores tratamentos para pacientes com obesidade e doenças relacionadas ao excesso de peso. Atualmente, os tratamentos são os mais diversos, seja com medicamentos ou cirurgia bariátrica, porém, mesmo com os novos fármacos seguros e eficientes, os procedimentos cirúrgicos foram destacados ainda como os mais eficazes, com 25% a 30% de perda de peso total a longo prazo.

“A cirurgia altera diversos aspectos da vida dos pacientes. O primeiro deles é a relação com a comida, já que os pacientes passam a comer porções menores e alimentos menos calóricos e mais saudáveis. A perda de peso facilita a prática de atividade física que era difícil de ser realizada antes da cirurgia e muitas vezes acompanhada de dores. A autoestima também tem uma grande melhora”, explica Dr. Carlos Schiavon, cirurgião bariátrico, cofundador da ONG Obesidade Brasil e Coordenador de Ensino e Pesquisa do Núcleo de Obesidade e Cirurgia Bariátrica da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo.

No entanto, o preconceito ainda é uma das grandes barreiras na busca do tratamento da obesidade. “Ainda existem muitas pessoas que acreditam que a obesidade não é uma doença e a relacionam à falta de falha de caráter, falta de força de vontade ou algo que seja fácil de controlar, mas isso não é verdade. O tratamento da obesidade é multidisciplinar e engloba diferentes frentes, como prática regular de atividade física, reeducação alimentar, acompanhamento psicológico, medicação e cirurgia bariátrica”, afirma a psicóloga Andrea Levy, presidente da ONG Obesidade Brasil.

Segundo Andrea, atitudes gordofóbicas não fazem com que as pessoas busquem tratamento para a obesidade, mas sim, afastam as pessoas dos serviços de saúde, com medo de julgamentos até mesmo dos próprios profissionais de saúde. Uma pesquisa realizada em 2022 pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia mostra que 85% das pessoas com obesidade no Brasil já passaram por alguma situação constrangedora devido ao excesso de peso.

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