Por mais que as pesquisas e a tradição comprovem que o consumo de leite faz bem para a saúde, muita gente insiste em atacar o alimento. Tais ações são motivadas por influência de campanhas de marketing de produtos que se propõe substituir os lácteos na mesa do consumidor. As alegações e argumentos geralmente não são científicos, e são baseado em achismo.
O fato é que o leite é um alimento acessível, sustentável, fonte rica de proteína e ainda por cima é campeão em fornecimento de cálcio, vitaminas e minerais essenciais para a saúde.
Conversamos com especialistas, que derrubaram os principais argumentos usados contra o leite.
#1 O Ser humano não possuí enzimas para digerir o leite
Falso! A não ser que a pessoa tenha uma intolerância à lactose ou outra substância encontrada no leite.
“O homem é o único animal que toma leite depois de adulto, por ser o único que sabe comprar, os laticínios de forma geral trazem inúmeros benefícios para a saúde.” Afirma o médico nutrólogo Dr Edson Credídio.
Dr Credídio destaca ainda que “o melhor cálcio bio disponível que existe na natureza é o que vem do leite. Nós precisamos de três porções de leite ou derivados por dia para não precisar tomar suplemento de cálcio.”
Lembrando que uma porção de lácteos equivale a um copo de leite, ou um copo de iogurte ou uma fatia de 30 gramas de queijo.
#2 O leite vem contaminado com antibióticos
Mais uma falácia. O leite e seus derivados inspecionados passam por uma série de processos para garantir a segurança para o consumidor. E não é só porque o produtor é bonzinho não. Leite contaminado tem que ser descartado. O que significa prejuízo!
Segundo Maira B Zanela, Pesquisadora Embrapa Clima Temperado Área de Qualidade do Leite os produtos lácteos que a gente compra “passa por diversas etapas, desde o sistema de produção da ordenha do animal, até chegar ao consumidor, ele vai passar por vários processos de avaliação que garantem a segurança alimentar do produto,” esclarece Zanela. Confira o infográfico!
Como demonstrado no infográfico, durante o processo de produção o produtor testa na propriedade, a indústria faz uma análise no leite antes de descarregar na fábrica. E tem mais diversos protocolos com testes e análises até chegar ao consumidor.
O leite por lei deve cumprir diversos protocolos legais: leis, portarias e instruções normativas dos órgãos federais e estaduais que normatizam o setor e o fiscaliza.
O setor lácteo brasileiro, independentemente das legislações que deve observar e cumprir, é membro da Federação Internacional do Leite FIL/IDF. A instituição desenvolve rigorosas normativas técnicas cientificas à respeito dos padrões e processos, recomendados e exigidos durante toda cadeia produtiva, até chegar na mesa do consumidor.
“É cada vez mais exigido que o consumidor receba um leite seguro. Neste sentido a nossa equipe da Embrapa, trabalha arduamente para sistematizar e dar estrutura em todas as etapas de produção do leite, para que a população consuma um leite seguro”, conclui a pesquisadora.
#3 Leite é inflamatório ( ou acelera processos de inflamação)
Mais um engano. Não é possível atribuir a um único alimento a culpa de ser inflamatório, isto porque o processo inflamatório precisa de “alguns gatilhos e não um gatilho único”.
A nutricionista Janaína Goston acredita ser “muito leviano quando se faz essa afirmação. Então, eu não compactuo com colegas que atribuem méritos a um produto ou a um alimento detrimento de outro”. Ela ainda destaca que é preciso levar em consideração o estilo de vida e a história genética de cada um.
Afinal a saúde depende de vários fatores como: dormir bem, controlar o estresse, fazer atividade física e ter um hábito de realizar visitas aos médicos.
E quem é intolerante à lactose? A nutricionista recomenda o uso da enzima (lactase) e as versões de lácteos lacfree e pede: “não deixe de usar o leite, por quê? Porque nutricionalmente falando o leite é rico em vários nutrientes não só o cálcio, e a proteína além de se um alimento acessível e versátil”, destaca Goston.
É importante ressaltar que no caso do desenvolvimento de alergia à proteína do leite, um tratamento acompanhado por um médico alergista tem grande chance de sucesso.
Retirar o leite da alimentação deixa a dieta mais monótona. “O consumo do leite facilita o alcance das nossas necessidades proteicas e de cálcio diárias”, ressalta Goston. O desafio para os nutricionistas é “aproveitar a diversidade da nossa alimentação fomentando a variedade e aspectos nutricionais, culturais etc e não excluir um alimento ou fazer com que este ou aquele seja melhor do que um outro. Temos inteligência para utilizar e usufruir de tanta variedade, então, vamos fazer as melhores escolhas (para uma dieta equilibrada) e os leites, os lácticos, eles fazem parte, não é?” Conclui Janaína.
#4 A criação de gado prejudica e polui o meio ambiente
Além de ser um mentira, repetir uma afirmação desta é subestimar a inteligência dos produtores. Pois eles precisam do solo fértil e do meio ambiente preservado para aumentar a sua produção.
O projeto Pecus-Rumen Gases coordenado pela Embrapa Gado de Leite indica que o balanço do carbono em sistemas brasileiros podem ser positivos.
Segundo Luiz Gustavo Pereira, pesquisador da entidade, “dependendo da forma como é conduzida, a pecuária pode até mesmo ser vista como prestadora de um importante serviço ambiental para o Planeta”, avalia.
De acordo com o pesquisador, o benefício acontece por meio do Sequestro de Carbono, que remove o gás carbônico da atmosfera, fixando-o no solo ou nas plantas. Ele ocorre por meio da fotossíntese, capturando o carbono e lançando oxigênio na atmosfera.
Pereira afirma que isso se deve ao sistema de alimentação e criação dos rebanhos brasileiros, baseado principalmente no pasto. “Árvores, culturas anuais e pastagens funcionam com dreno de carbono. Se são bem conduzidas podem compensar a emissão de metano pelas vacas”, revela.
Produtor rural sério e profissional cuida de suas terras, pois tem a consciência que seu sustento precisa de um ambiente saudável.
#5 Leite industrializado tem muita química para durar mais
No Brasil, os leites encontrados nas prateleiras são geralmente pasteurizados ou UHT ( do inglês Ultra High Temperature). É importante destacar que ambos são processos de esterilização, apenas isso.
O leite pasteurizado costuma ser comercializado em saquinho, ele é super aquecido por até 20 segundos e depois resfriado de forma muito rápida. Este processo mata apenas as bactérias que causam doenças, e conserva o leite por até sete dias, sendo necessário mante-lo refrigerado.
Já no processo UHT o leite é aquecido a uma temperatura muito mais alta e por menos tempo. Este processo é acompanhado de um sistema de envaze que garante ainda mais assepsia e durabilidade. O leite UHT é geralmente comercializado em caixinhas de multicamadas que prolongam ainda mais a durabilidade do alimento longe da geladeira, pois impede a penetração de luz e ar.
A engenheira de alimentos Patrícia Blumer nos explicou de uma forma bem didática como funciona estes processos, que passam longe de aditivos químicos! Confira:
“É importante esclarecer que a água é um composto químico. A fórmula química da água é H2O. O corpo humano, o suco de laranja, a banana, o bife, o ovo, os chás e até o leite são formados naturalmente por vários compostos químicos.
Não podemos esquecer dos fundamentos de química das disciplinas do Ensino Médio pelas quais todos passamos. O leite UHT, que é bastante consumido em todo o Brasil, é aquecido a temperaturas entre 130 e 150º C por poucos segundo para que a maior parte dos microrganismos sejam destruídos e ele possa ser conservado sem refrigeração.
Quando lemos o rótulo do leite UHT verificamos que além do leite há a declaração de alguns tipos de sais.
Estes sais (citratos, fosfatos) são adicionados em quantidades bastante pequenas e tem a função de estabilizar as proteínas do leite, apenas isto, eles também estão presentes em outros alimentos.
Por sua vez o leite pasteurizado é aquecido a temperaturas mais brandas (entre 63 e 72º C) e precisa ser mantido refrigerado, tem vida de prateleira mais curta. Tanto o tratamento UHT como a pasteurização são processos de aquecimento que visam destruir microrganismos, não havendo modificações adicionais relevantes na composição do leite.
Por isso, fique tranquilo não são adicionados conservantes ao leite UHT e pasteurizado, sendo estes alimentos muito nutritivos para sua dieta,” revela Blumer.