Casa Omolokum: sabor, ancestralidade e axé!

O bairro da Saúde, na Zona Portuária do Rio, está bombando: na semana passada, a revista inglesa Time Out divulgou uma lista que classifica o lugar como o 25° bairro mais interessante do mundo! Entre as atrações, citou o Museu do Amanhã, o Museu de Arte do Rio, o Cais do Valongo, o Largo de São Francisco da Prainha, o Morro da Conceição e a Pedra do Sal. Mas entre as dicas, a única que eu ainda não conhecia era a Casa Omolokum, dedicada à comida dos orixás. A curiosidade bateu no grau máximo e tive que ir conferir. Quer saber o que achei? Confira na coluna Contexto Carioca! 😉

Casa Omolukum
Na Casa Omolokum, a comida votiva dos orixás serve de base para uma gastronomia urbana contemporânea.

Sempre tive curiosidade pela religiões de matriz africana. Meu pai é do candomblé e já participei de algumas cerimônias. Acho linda a relação da religião com os elementos da natureza. Já compus até uma canção, “Filho de Ogum”, que fala sobre o sincretismo. Penso que, mesmo para quem não acredita nessas coisas de axé, é inegável a riqueza cultural de herança africana presente na formação do povo brasileiro. E parte marcante desta história foi escrita ali na Pedra do Sal, na área hoje chamada Pequena África, cuja energia ancestral é fonte de inspiração para a Casa Omolokum.

Somos uma casa de comida de dendê, valorizando a ancestralidade dessa região, louvando Tia Ciata e todas as senhoras que trouxeram essa comida afetiva. Aqui não praticamos a religião, mas levantamos a bandeira de toda parte cultural que veio através da cultura de axé. Nossa cozinha é inspirada na culinária votiva, aquela ofertada para os orixás, mas adaptada para um ‘contexto urbano’, sem perder a essência. É muito mais do que encher a barriga: é alimentar o corpo e a alma. Isso faz parte da filosofia iorubá”, Leila Leão.

Casa Omolukum
A chef Leila Leão aprendeu com as matriarcas da família os segredos e a disciplina da comida de axé. (Divulgação)

Iniciada no candomblé aos 14 anos, a chef Leila Leão aprendeu os segredos da culinária religiosa com sua avó e mãe. O clima familiar permanece, e hoje ela conta com a ajuda da mãe e do filho na cozinha. A casa existe há 7 anos, funciona de sexta a domingo – das 13h às 20h – e na verdade é um coletivo: lá funcionam também a livraria Casa da Árvore, a Casa Odara (especializada em drinks) e um salão de beleza. Omolokum é o nome da comida feita para Oxum, orixá cuja energia maternal é ligada aos conceitos de fertilidade e prosperidade.

Fazem parte do coletivo a livraria Casa da Árvore, um salão de beleza e a Casa Odara, de drinks tropicais autorais.

Fomos num domingo chuvoso, quando conseguimos reserva no terraço coberto. Também há mesas no primeiro andar e, logo na entrada, a bela decoração temática chama atenção. Lá em cima, um cheirinho bom de incenso e música ambiente agradável. O cardápio varia sempre, pois a cada semana um orixá é homenageado. Confira antes no Instagram, bem como a agenda de música ao vivo. Quando fomos, era dia de “Combo Xirê”: acarajé + prato principal + sobremesa (R$ 75). Uma dica dada pela simpática garçonete é não deixar passar muito a hora do almoço, pois a comida pode acabar pelo final da tarde. 

Casa Omolukum
O acarajé da Casa Omolukum é uma iguaria que já conquistou público cativo.

O mini acarajé servido na entrada era muito gostoso, acompanhado de uma pimentinha saborosa. Ficou até um gostinho de “quero mais”. Para acompanhar, pedi o “Abapuru” (R$ 25): gin Abapuru com infusão de laranja, curaçao azul e aroeira. A apresentação era bonita, incluindo um pequeno clipe com uma mensagem, mas achei o teor alcoólico baixo e a quantidade de gelo exagerada. Os drinks são produzidos pelo pessoal da Casa Odara, que utiliza só cachaças brasileiras e as frutas da estação. 

Casa Omolukum
Decoração temática, clima descontraído e boas energias são a marca registrada da Casa Omolukum, que conta com 2 ambientes.

Mas o destaque foi o prato principal: arroz de coco, vatapá de frango, omolokum com moqueca de siri, banana da terra frita e farofa de dendê. O omolokum é feito com feijão fradinho cozido, refogado com cebola ralada, pó de camarão defumado, sal e azeite de dendê. A apresentação do prato era atraente e o sabor maravilhoso! Talvez o tamanho da porção pudesse ser maior, pois eu e mais 2 pessoas na minha mesa ficamos com um pouco de fome. O manjar de coco na sobremesa ajudou a amenizar. No final, saímos todos felizes e encantados com o astral do lugar e a riqueza cultural ali contida. Vale a pena conferir!

DICA CARIOCA

O fim de semana passado foi marcado pela volta das grandes feiras de rua, que viraram febre nos últimos anos na Cidade Maravilhosa, e a dica desta semana é ficar ligado na agenda destes eventos que unem moda, arte, gastronomia e música. Sábado passado fui conferir a Junta Local (@ajuntalocal) na Marina da Glória. Tomei uma cervejinha artesanal, vi o movimento e ainda curti um showzinho de jazz! A próxima edição é neste domingo (17), das 10h às 17h, na Praça Santos Dumont, Gávea. A feira também está marcada para os dias 23 e 24/10 novamente na Marina da Glória.  

A feira Carioquíssima (@carioquissimo), que já mencionei na última coluna sobre a Urca, foi transferida para este fim de semana, dias 16 e 17, entre 14h e 22h ali na Praça General Tibúrcio. E amanhã (16), também rola a feira Circuito Carioca (@feirasdocircuitocarioca) no Detran do Catete, das 10h às 18h, com direito a samba a partir das 13h. Divirta-se!

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Conheça outras descobertas de Gabriel Versiani pelo Rio de Janeiro em outras edições da coluna Contexto Carioca aqui!

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