Bebê reborn que há por trás da nova moda? Especialista explica

Foto: Unsplash

Os bebês reborn se tornaram um fenômeno no Brasil, com mais de 280 milhões de menções nas redes sociais. Vídeos de mulheres cuidando desses bonecos hiper-realistas, trocando fraldas e até simulando amamentação, viralizaram na internet e agora influenciam também a rotina off-line. Mas especialistas alertam para os riscos emocionais por trás dessa prática.

Gisele Hedler, profissional de análise comportamental, explica que muitas mulheres adotam esses bonecos para suprir carências afetivas, luto não resolvido ou desejo de maternidade não realizado. Ela destaca que, embora os bebês reborn possam oferecer conforto momentâneo, o uso excessivo pode levar a isolamento social, depressão e dependência emocional. “Há uma comunidade de mulheres que assumem o papel de mães desses bonecos e têm dificuldade em separar a fantasia da realidade”, afirma.

Um exemplo desse fenômeno é o vídeo da influenciadora Carolina Rossi, a Sweet Carol, que simulou o parto de um bebê reborn. O conteúdo, postado em 2022, acumula mais de 110 milhões de visualizações no TikTok e reflete o crescente interesse pelo tema. Enquanto algumas mulheres tratam os bonecos como parte de um trabalho lúdico para a internet, outras os veem como um recurso terapêutico.

Hedler ressalta a importância de monitorar esse comportamento, já que um hobby aparentemente inofensivo pode evoluir para uma distorção da personalidade. “O que começa como passatempo pode se tornar um vínculo emocional prejudicial, desencadeando transtornos psicológicos. Por isso, é essencial buscar acompanhamento profissional”, alerta. Além dos riscos à saúde mental, o hábito pode pesar no bolso: os preços dos bonecos variam de R$ 200 a 12 mil, devido ao trabalho artesanal minucioso, que inclui aplicação de cabelos fio a fio e pintura em camadas para imitar a textura da pele de um bebê.

Recentemente, a febre pelos reborns ganhou reconhecimento oficial. No início de maio, a Câmara do Rio de Janeiro aprovou um projeto de lei que institui o Dia da Cegonha Reborn, a ser celebrado em 4 de setembro. A proposta homenageia as artesãs que produzem os bonecos, conhecidas como “cegonhas”, e agora aguarda sanção do prefeito Eduardo Paes.

Open chat
Olá,
Agradecemos o seu contato! Como podemos te ajudar?