Mais um processo de impeachment contra o governador e o vice-governador do Amazonas
Um novo pedido de impeachment contra o governador do Amazonas, Wilson Lima, e o vice-governador, Carlos Almeida Filho, foi protocolado na Assembleia Legislativa do estado (Aleam). O advogado de Brasília, Marco Vicenzo, é o autor do pedido que, segundo ele, foi motivado pela indignação com esgotamento da rede pública de saúde da região.
Na quinta-feira passada (14), profissionais de saúde e familiares de paciente relataram a falta de oxigênio nos hospitais de Manaus. O aumento de casos moderados e graves da covid-19 causou esgotamento do insumo e crescimento no número de mortes. A reação foi imediata. Prontamente, a sociedade civil se mobilizou, e surgiram campanhas de doação de cilindros de oxigênio nas redes sociais. Com o apoio da Força Aérea Brasileira, o Ministério da Saúde realizou a transferência dos pacientes com covid-19 para outras cidades e também, viabilizou o envio de mais insumos para Manaus.
Indignado e solidário ao sofrimento de pacientes e dos familiares, Marco Vicenzo ingressou com o pedido de remoção do governador e do vice. “Eu fiz isso como um pai de família que sente a dor desse pai de Manaus, do Amazonas. Eu vi uma notícia que me desesperou: 60 bebês que tiveram que ser transferidos de qualquer maneira, às pressas, para lutarem pelas suas próprias vidas. Imagina as mães desses bebês?”, questiona.
Marco Vicenzo, que já está sofrendo com ameaças, pede solidariedade para salvar vidas, “vamos fazer as doações, mas acima de tudo, vamos pensar no que tem acontecido no nosso país”, disse.
Pedido de Impeachment
O pedido tem como base investigações da Polícia Federal e do Ministério Público Federal. Assim, o advogado alega que houve Crime de Responsabilidade, e aponta as falhas do governo de Wilson Lima nas ações de combate à pandemia do coronavírus. O resultado do erros administrativos, segundo documento, “culminou em verdadeiro estado de barbárie no estado do Amazonas. Pacientes internados para o tratamento da Covid-19 não podem contar com o fornecimento de oxigênio, uma vez que, não há mais reserva de cilindros no estado! Há hoje, no estado, um déficit de 48,3 mil metros cúbicos de oxigênio”.
O documento ainda aponta a legitimidade do pedido, afinal, segundo a legislação: “Qualquer cidadão poderá denunciar o Governador perante a Assembleia Legislativa, por crime de responsabilidade”.
De acordo com o advogado, o problema visto no Amazonas não é de ordem financeira. “O presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, enviou R$ 18,5 bilhões de verbas para o Estado. Eu digo isso porque eu acompanhei de dentro e de perto, por exemplo, aditivos de contrato que chegaram a R$ 400 milhões ou até mais, sem falar que sequer consta esse contrato no Portal da Transparência. Eu estou falando de desumanidade. Nem cheguei a falar dos respiradores superfaturados que foram comprados em lojas de vinhos, que isso já foi superado, mas eu estou falando de desvio de verba pública”, relata.
Desabafo do ex-prefeito
Indignado com as mortes causadas pela falta de oxigênio nos hospitais e pelas supostas falhas na atual gestão do estado do Amazonas, o ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio Neto, em um vídeo postado nas redes sociais, disse: “A assembleia precisa tomar uma atitude maiúscula e partir para o seu (Wison Lima) impeachment, para o seu impedimento, porque o senhor levará o Amazonas do mal para o pior, é o que eu espero, é o que eu vejo”. O político ainda relatou as ameaças recebidas devido as criticas a Lima, e finalizou o vídeo comparando o governador a Hitler, pelos “assassinatos por asfixia”.
Processos anteriores
Não é a primeira vez que Wilson Lima lida com pedidos de impeachment. No passado, questões envolvendo contratos da saúde durante a pandemia do coronavírus já renderam oito pedidos de impeachment contra o governador do Amazonas, Wilson Lima, e do vice-governador Carlos Almeida Filho.
Em dezembro de 2020, Lima disse que o processo de impeachment é um mecanismo usado por opositores sempre que o governo avança em ações voltadas para a população. Os pedidos anteriores foram arquivados, um deles, segundo o legislativo, não tinha sustentação jurídica.