À Beira da Loucura

Sinto que vivemos exatamente assim, prestes a enlouquecer. Diversos artistas retratam expressões do desequilíbrio humano. Vincent Van Gogh poderia ser um exemplo dessa afirmação. Digo poderia porque foi muito além. De acordo com a história e a própria obra, percebemos que o pintor foi engolido pelas emoções e os desequilíbrios sociais. Os detalhes mais singelos de suas telas revelam o trânsito entre a genialidade e a loucura, o relato da vida pelos olhos de um homem sofrendo a dor em grau máximo.

Na última segunda-feira comemoramos o Dia do Trabalho, uma data celebrada em vários lugares do mundo. A homenagem remonta a uma greve iniciada em Chicago. Os grevistas buscavam melhores condições de trabalho e o foco era a redução da jornada, de dezessete para oito horas por dia, uma conquista que nos acompanha até os dias atuais.

O fato ocorreu em 1886 e, de lá para cá, não apenas o mercado de trabalho mudou, mas os avanços tecnológicos nos permitiram fazer com que o mundo esteja sempre conectado. Entretanto, esse mesmo avanço que nos coloca em um outro patamar de desenvolvimento, nos condena à conexão.

E essa condenação nos obriga a estar, permanentemente, à disposição de prestar e buscar informações. Resumo: estamos sempre trabalhando. Ao ignorar os limites razoáveis, a tanto tempo definidos, estamos nos tornando ansiosos, menos presentes nos nossos lares e incapazes de perceber a beleza do mundo numa tarde fresca de domingo.

Acredito que, se Van Gogh vivesse nos dias de hoje pintaria não O Céu Estrelado, mas um aparelho celular em chamas. Felizmente, o mundo tem a obra de Vincent. Infelizmente, o mesmo mundo precisa tratar de outros loucos menos geniais e mais transtornados.

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