Segundo pesquisas, a ingestão das proteínas do leite neutralizada radicais livres e contribui para o fortalecimento do sistema imunológico
É tanta informação sobre o que a gente deve ou não comer, que o consumidor acaba ficando confuso. Mas eu busco fontes seguras para divulgar referências importantes para a saúde.
Desta vez, o que motivou a matéria foi o artigo IMPORTÂNCIA DAS PROTEÍNAS DO LEITE NO SISTEMA IMUNOLÓGICO. Segundo este documento, embasado por estudos científicos, o consumo de leite e seus derivados faz bem para a saúde!
Com ressalva apenas para as pessoas que possuam alguma alergia ou intolerância a determinada substancia contida nestes produtos, o leite e seus derivados são fundamentais para o devido funcionamento do nosso organismo. Os lácteos são a mais importante fonte de cálcio além de possuir diversas proteínas e vitaminas.
Conversamos com uma das autoras do artigo, Dra. Leila Maria Spadoti que é pesquisadora do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Laticínios do Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL) da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.
Spadoti ressaltou que os “produtos lácteos são fonte dietética exclusiva ou predominante de compostos bioativos, incluindo determinadas proteínas”. Tais compostos aumentam a resposta imunológica, contribuindo para a proteção do organismo.
No artigo foram destacadas as soroproteínas: imunoglobulinas, a lactoperoxidade que tem atividade antibacteriana e a lactoferrina, que além de antibacteriana, é antiviral e estimula a imunidade.
Lactoferrina
Um estudo realizado com animais indicou que a lactoferrina “protege contra choque séptico uma complicação muitas vezes letal decorrente de uma resposta sistêmica a uma infecção grave,” destaca Spadoti.
A pesquisadora ressaltou ainda que idosos, pacientes pós-operatórios e portadores do vírus HIV ou de outras condições que diminuem a imunidade, são as pessoas mais vulneráveis ao choque séptico.
Também foram encontrados efeitos antivirais e estímulo a várias células do sistema imunológico.
“A lactoferrina pode, portanto, proporcionar benefícios quando usada como suplemento na dieta de pessoas idosas ou de indivíduos com a imunidade comprometida,” afirma.
Peptídeos bioativos (PBAs)
PBAs possuem atividades biológicas desejáveis. “Há relatos de que alguns PBAs derivados das proteínas do leite apresentam capacidade de inibir a adesão de vírus e bactérias às células epiteliais, contribuindo para proteção do organismo contra infecções,” argumenta Spadoti
Confira mais informações passadas pela Dra Leila Spadoti sobre as Proteínas do Leite
Portal Contexto.CTXT: Fale sobre as proteínas do leite.
Dra Leila: As proteínas do leite são compostas por dois grupos principais: caseínas (de 78 a 80%) e soroproteínas ou proteínas do soro (de 20 a 22%). De acordo com a legislação brasileira, um litro de leite cru ou de leite para consumo, seja pasteurizado ou leite ultrapasteurizado (UHT), o chamado “leite de caixinha”, deve ter um mínimo de 2,9% de proteínas, ou seja, 29 gramas – 5,8 gramas por copo de 200 mL.
Essas proteínas são consideradas de elevado valor nutricional e possuem propriedades biológicas, particularmente com relação à promoção de saúde e prevenção de doenças.
Além disso, podem ser precursoras de peptídeos biologicamente ativos (PBAs), isto é, de fragmentos de proteínas que podem produzir vários efeitos bioquímicos e fisiológicos no corpo humano.
Atualmente, as proteínas do leite são consideradas fontes importantes de uma variedade de PBAs, os quais podem atuar de forma benéfica sobre o sistema imune, nervoso, gastrintestinal e, principalmente cardiovascular, o que torna esses componentes potenciais ingredientes de alimentos promotores de saúde.
Portal Contexto.CTXT: Ela é mais concentrada em produtos in natura do que nos industrializados? Tem diferença se for integral ou desnatado?
Dra Leila: O leite in natura possui o mesmo teor de proteína total encontrado no leite pasteurizado ou UHT que, independente de ser desnatado ou integral, deve ter obrigatoriamente 2,9% de proteína.
Os queijos (com exceção da ricota) são “concentrados de caseínas”, podendo ter de seis a 12 vezes mais caseína do que no leite. Os chamados Whey Protein Concentrates (WPC) ou Concentrados Proteicos de Soro (CPS) são produtos que contêm no mínimo 34% de soroproteínas em sua composição.
Portal Contexto.CTXT: Qual a quantidade que ela deve ser consumida para se ter os benefícios? Por favor, descreva em porção de produtos.
Dra Leila Não há estudos conclusivos dizendo qual deveria ser a quantidade diária de proteínas lácteas a ser consumida para garantir todos os seus potenciais benefícios à saúde. O que se sabe é que a proteína dietética é essencial para a saúde humana, já que é a principal fonte de aminoácidos, componentes estruturais de todo o corpo.
A ingestão inadequada pode resultar em balanço negativo de nitrogênio e, consequentemente, perda de massa muscular esquelética, pois as proteínas endógenas são rapidamente degradadas para fornecer precursores de aminoácidos para a manutenção do metabolismo e de energia.
Para evitar a perda muscular, a Organização Mundial de Saúde (OMS) determina que o consumo diário deve ser de 0,83 gramas de proteína por quilo de peso corporal. Tal quantidade necessária para estabelecer o equilíbrio metabólico em quase todos os indivíduos saudáveis.
Portal Contexto.CTXT: Ela se mantém nos produtos após a fervura? Pergunto isso pra saber se mantém em molhos, creme de leite etc.
Dra Leila De modo geral, pode-se dizer que sim, pois as caseínas são altamente resistentes ao tratamento térmico. Já as soroproteínas têm baixa resistência e podem perder certas características funcionais, mas não tendem a perder importância em termos nutricionais.