Selic em alta é um freio para o crescimento econômico do país, avalia Ciesp

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O Comitê de Política Monetária (Copom) tem a oportunidade de começar a reduzir a taxa Selic em sua reunião desta semana, nos dias 30 e 31 de julho. A avaliação é de Rafael Cervone, presidente do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) e primeiro vice da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Ele argumenta que os juros altos estão freando o crescimento econômico do país e, diante de desafios como as tensões comerciais globais e a ameaça de novas tarifas sobre produtos brasileiros, a manutenção de uma taxa elevada só agrava a perda de competitividade.

Cervone destaca que os juros têm uma relação direta com o desequilíbrio fiscal, que precisa ser controlado urgentemente. O déficit reduz a capacidade de investimento do Estado, alimenta a inflação, desestimula investimentos produtivos e consome recursos que poderiam ser direcionados a áreas essenciais, mas acabam sendo usados para pagar uma dívida pública insustentável. Como resultado, a economia fica refém de juros altíssimos, que inibem o crédito para investimentos e consumo, travando a atividade econômica.

No entanto, o presidente do Ciesp ressalta que é preciso buscar um equilíbrio nessa equação. Embora a redução de gastos públicos seja fundamental, a urgência em cortar a Selic é inegável. Com a taxa básica em 15%, a situação se tornou insustentável e sem justificativa, especialmente porque a inflação já dá sinais de desaceleração, indicando que a política monetária restritiva já cumpriu parte de seu papel.

Se o Copom não iniciar a redução dos juros agora, o Brasil continuará penalizando sua própria economia e população, piorando ainda mais o cenário para investimentos produtivos. Cervone alerta que os juros excessivos encarecem as exportações brasileiras e prejudicam a competitividade internacional. “Além das barreiras impostas por outros países, como as tarifas anunciadas por Donald Trump, o Brasil está criando sua própria tarifa extra sobre os produtos nacionais por meio da Selic elevada”, afirma.

O país não registrava uma taxa de juros tão alta desde 2006. Para Cervone, o momento exige uma visão estratégica de longo prazo, com políticas de Estado que transcendam governos e partidos. Ele defende a implementação urgente da reforma administrativa para reduzir custos e aumentar a eficiência do setor público. Caso contrário, a combinação de crise fiscal e juros altos continuará corroendo a economia brasileira, fazendo com que o país perca oportunidades em meio à reconfiguração geopolítica global.