Prática deve ser incentivada desde cedo, pois além de ajudar no aspecto físico, é fundamental para o avanço motor, cognitivo e afetivo
Muito além de uma simples brincadeira de criança, a psicomotricidade é mais importante do que se pensa. Esta é uma ciência que estuda o ser humano através dos movimentos, relacionando-os com as questões internas e externas, utilizando a Educação Física como base para promover o desenvolvimento global do aluno, através de seus movimentos de uma forma lúdica e divertida.
Mara Imbellone, professora da modalidade Everest Kinder, explica que ela é crucial na estruturação do esquema corporal, ou seja, na consciência do corpo como forma de comunicação consigo mesmo e com o meio. Afinal ela possibilita à criança a livre expressão de sentimentos, pensamentos e conceitos.
“São inúmeras atividades dentro da psicomotricidade, como: pique pega, circuito, escalada, imitação de animais, colagens, jogos e muito mais. Nessa modalidade, a criança aprende brincando”, pontua Imbellone. Ainda de acordo com a especialista, a fase mais importante para a prática dessas atividades é do nascimento até o final da educação infantil, mas a psicomotricidade é para a vida toda. “Esta é uma atividade funcional em todas as fases de nossas vidas”, aponta.
Prática no ambiente escolar
No ambiente escolar, a psicomotricidade garante o desenvolvimento funcional e trabalha as dificuldades de aprendizagem de forma preventiva e intervencional. A terapeuta ocupacional e psicomotricista Isabel Silva, da Clínica Neurodesenvolvendo, acrescenta que a criança precisa explorar e desenvolver suas habilidades motoras globais e finas, como a afetividade, o raciocínio, a concentração, a atenção, a memória e o planejamento, que estão ligadas diretamente na construção do processo de ensino da criança, contribuindo para a evolução do seu intelecto, cognitivo e segurança para traçar um caminho para novos conhecimentos.
A psicomotricista alerta que é importante que os pais e educadores fiquem atentos aos marcos de desenvolvimento das crianças. Prestar atenção nas dificuldades que a criança apresenta e como ela tenta resolver seus problemas é fundamental. “Muitas vezes, a criança que apresenta dificuldade na aprendizagem tende a não finalizar ou realizar as atividades propostas em sala ou em casa, apresentando um comportamento de fuga. Isso pode ser caracterizado, por exemplo, com baixa permanência em ficar sentada na hora da atividade, choro, irritabilidade, esquiva e inquietação”, destaca.
Impactos para a vida toda
Aplicada no momento certo, a intervenção psicomotora pode diminuir atrasos motores, psíquicos e sociais. “Outro ganho é a resolução de conflitos internos e externos, dificuldades relacionadas ao desenvolvimento na infância, como a relação da criança com o próprio corpo criando uma seguridade para resolução das dificuldades, com o objetivo diminuir os efeitos negativos para o desenvolvimento na fase adulta”, exemplifica Isabel.
Ela afirma ainda que a psicomotricidade ajuda a desenvolver melhor a realização das atividades diárias e a independência durante seus anos de vida. Ter um desenvolvimento adequado do esquema corporal é essencial para o autocuidado, a orientação espacial de tempo e espaço e lateralidade, intenção com o ambiente físico e social.
“Quando a criança vivencia suas habilidades motoras, ela passa a se compreender como indivíduo de forma integrada com a sua vivência relacionada ao corpo, permitindo uma melhora no desenvolvimento e no funcionamento afetivo e nas relações, o que leva por toda a vida”, exemplifica Isabel. “Com segurança das ações corporais e de planejamento, ela apresenta uma maior confiança na realização das atividades, desenvolvendo uma maior independência, em consequência, sentindo-se muito mais autoconfiante para lidar sozinha com os desafios diários”, conclui.
