
Símbolo do ponto de partida da cidade, o Marco Zero de Brasília ressurgiu durante obras no Buraco do Tatu e agora recebe iluminação especial para marcar os 65 anos da capital

O Marco Zero de Brasília, ponto geográfico e simbólico que marcou o início da construção da capital federal, voltou a ganhar destaque nesta semana em que a cidade completa 65 anos. Redescoberto durante as obras de revitalização do Buraco do Tatu, o local histórico agora conta com nova sinalização e um moderno sistema de iluminação RGB instalado pela Companhia Energética de Brasília (CEB), que promete dar ainda mais visibilidade a esse patrimônio pouco conhecido da população.
Cravado em 20 de abril de 1957 pelo engenheiro e topógrafo Joffre Mozart Parada, o Marco Zero está situado no cruzamento dos Eixos Rodoviário e Monumental, e serviu de referência para toda a implantação do Plano Piloto de Brasília. Até hoje, é o ponto de origem para a medição das quilometragens das vias do Distrito Federal.
“A cidade foi construída, na sua urbanidade, por Joffre Mozart Parada. Ele é um anônimo na história de Brasília. No papel, o mérito é de Lucio Costa, mas no chão, foi Parada que começou o projeto”, afirma Elias Manoel da Silva, historiador do Arquivo Público do DF.
Redescoberta e valorização do patrimônio
Esquecido por décadas sob o asfalto, o Marco Zero voltou à tona durante as obras de recapeamento no Buraco do Tatu, em 2024. A redescoberta emocionou a família de Joffre Parada, que sempre soube da importância do local e do papel do engenheiro na fundação da capital.
“A gente sempre soube que ele existia, sabíamos que foi meu pai quem o implantou”, conta Gláucia Nascimento, filha mais velha de Joffre.
Com a confirmação técnica do DER-DF e base nos registros do Arquivo Público, o espaço passou a contar com demarcações visuais no solo e nas paredes, além da instalação da nova iluminação comemorativa, com investimento de R$ 70 mil. Os projetores de LED com tecnologia RGB oferecem até 3 milhões de combinações de cores, programáveis para eventos e datas comemorativas. O sistema é operado remotamente, com controle centralizado no Centro de Comando da CEB.
História viva no coração do DF
A narrativa da construção de Brasília ganha novos contornos com o resgate do Marco Zero. A história da cidade, muitas vezes concentrada em nomes como Lúcio Costa e Oscar Niemeyer, agora também resgata a memória de Joffre Mozart Parada, que implantou o primeiro mapa do Distrito Federal, atuou como professor da UnB e foi responsável por descobertas como a jazida da Fercal.
Sua filha Thelma Parada, hoje engenheira civil, relembra com carinho o legado do pai:
“É impressionante pensar que, com tão pouco tempo de vida, ele fez tanto por Brasília e por tanta gente.”
Durante os trabalhos na fundação de Brasília, a família Parada viveu de perto os desafios do cerrado, entre o frio intenso e a poeira vermelha da cidade em construção. Parte dessa memória agora ganha visibilidade com o novo projeto de valorização do Marco Zero de Brasília, um passo importante para o reconhecimento dos personagens que ajudaram a erguer a capital do Brasil.