Pesquisadora esclarece sobre a importância da ingestão diária de probióticos para a nossa saúde
Probióticos são microrganismos vivos que participam de forma ativa do ambiente intestinal onde realizam funções benéficas muito importantes como aumento da imunidade e no combate a proliferação de bactérias maléficas.
Para entendermos melhor como os probióticos atuam, conversamos com Dra. Adriana Torres Silva Alves que é Diretora Técnica e pesquisadora do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Laticínios do Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL) da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.
Ela nos explicou sobre a importância da ingestão destes microrganismos do bem para a nossa saúde.
Os laticínios são as principais fontes de probióticos na dieta humana. As principais fontes são “leites fermentados, iogurtes e bebidas lácteas, mas os queijos também podem ser ótimos para incorporação de probióticos”, revela Alves.
Todavia, atualmente é possível encontrá-los em outros produtos comerciais como sobremesas à base de leite, sorvetes, sorvetes de iogurte e diversos tipos de queijos.
Os benefícios
Diversos estudos comprovam que as benfeitorias promovidas pela ingestão regular de probióticos vão além da saúde intestinal que por si só já seria uma vantagem. Confira:
- Combate aos patógenos que são os vírus, fungos, bactérias e protozoários que causam diversas doenças;
- Promoção da digestão da lactose em indivíduos intolerantes à lactose;
- Estimulação do sistema imune;
- Alívio da constipação;
- Aumento da absorção de minerais e produção de vitaminas;
Outros benefícios apontados, que precisam de mais estudos são:
- Diminuição do risco de câncer de cólon;
- Prevenção de doença cardiovascular;
- Diminuição do colesterol;
- Efeitos anti-hipertensivos;
- Efeitos em doenças crônicas como obesidade e diabetes;
- Redução da atividade ulcerativa de Helicobacter pylori;
- Controle da colite induzida por rotavírus e por Clostridium difficile;
- Prevenção de infecções urogenitais.
É pra consumir todos os dias
A recomendação da literatura científica internacional é “a ingestão diária, pois a maioria dos probióticos é incapaz de colonizar o intestino e é eliminada logo após o consumo. Portanto seus efeitos biológicos podem ser perdidos quando as bactérias não são mais administradas,” esclarece Adriana.
Quanto a quantidade que deve ser consumida Alves ressalta que no Brasil, ao ofertarem um produto probiótico, os fabricantes já se preocupam em oferecer a quantidade necessária na porção diária.
No entanto, em números mas precisos, a quantidade mínima viável para os probióticos deve estar situada na faixa de 108 a 109 unidades formadoras de colônia (UFC) do produto pronto para consumo.
Benefícios amplamente pesquisados
Os estudos que comprovam as benfeitorias dos probióticos na saúde humana já acontecem há mais de um século, quando o pesquisador Elie Metchnikoff observou a população rural da região da Bulgária, que tinha uma média de vida extremamente longa e a base da alimentação das pessoas era o leite fermentado.
Metchnikoff descobriu que tais bactérias “boas” produtoras de ácido lático era o diferencial da saúde daquela população. Pois tais bactérias reduziam os compostos tóxicos promovendo uma melhor e mais saudável função do intestino.
O pesquisador isolou o Bacillus bulgaricus e promoveu seu uso como terapia para manter a homeostase (saúde do intestino) e prevenir o envelhecimento, popularizando o iogurte como produto lácteo fermentado.
Qualidade da Indústria de laticínios nacional
No Brasil, várias instituições sérias realizam estudos e pesquisas sobre os probióticos, tudo isso para garantir a qualidade e eficiência das bactérias do bem que são colocadas no mercado.
“A incorporação de probióticos e manutenção de sua viabilidade nos alimentos para garantir seus benefícios à saúde é um desafio constante para a indústria”, revela Alves.
Isso porque para serem considerados probióticos, os microrganismos devem, de fato proporcionar algum benefício para a saúde.
Além de responder a diversos critérios quando já estiverem dentro do organismo, após a ingestão “como estabilidade frente a ácido e a bile; capacidade de aderir à mucosa intestinal e de colonizar, ao menos temporariamente, o trato gastrintestinal humano,” explica a pesquisadora. Ela destaca ainda que para serem considerados probióticos os micro-organismos devem também ser capazes de combater micróbios e se manter vivo no intestino humano em torno de 24 horas.
Por isso a importância da constante pesquisa.
Controle de qualidade
“No desenvolvimento de produtos lácteos fermentados contendo probióticos e nos programas de qualidade assegurada das indústrias de alimentos e institutos de pesquisa, um parâmetro importante é a capacidade de quantificar e diferenciar as células viáveis destes organismos”, explica a pesquisadora.
É necessário garantir a quantidade mínimas estabelecida das bactérias probióticas ativas durante a estocagem e transportes refrigerados até que elas cheguem na geladeira do consumidor.
A equipe do Centro de Tecnologia de Laticínios do Ital trabalha em várias frentes na área de probióticos: “realizamos a contagem seletiva de diferentes grupos de microrganismos probióticos nos diferentes tipos de produtos lácteos; fazemos os testes de resistência de microrganismos probióticos às condições simuladas de passagem pelo sistema gastrointestinal; trabalhamos no desenvolvimento de diversos produtos probióticos; usamos as técnicas de microencapsulação para aumentar a viabilidade desses microrganismos à diferentes condições, possibilitando assim que eles sejam adicionados a diferentes tipos de produtos, entre outras pesquisas relacionadas.”
Integração com outros Centros de Pesquisa
Dra. Adriana revela que no Ital eles também trabalham na divulgação e aprimoramento do conhecimento relacionados aos probióticos com a colaboração de pesquisadores de outros institutos de pesquisa e universidades, como o Dr. Gabriel Vinderola, especialista argentino na área.
Com a parceria de profissionais renomados e reconhecidos internacionalmente no assunto, atualmente a equipe do Tecnolat trabalha na redação e editoração de um livro bastante robusto no assunto intitulado “Probióticos e prebióticos: avanços e desafios”. Fazem parte deste grupo de escritores, profissionais do IFRJ, UFSC, UFRJ, IFPR, Embrapa, entre outros.
“Enfim, estamos unidos e empenhados nos estudos e disseminação de informações técnico-científicas sobre probióticos, visto que, a veiculação dos mesmos em produtos lácteos incorpora, adicionalmente, os já conhecidos benefícios dos lácteos na nutrição e na saúde humana,” conclui a pesquisadora.
Se você se interessou pelo tema, confira na íntegra o artigo que deu origem a esta matéria: IMPORTÂNCIA DOS LÁCTEOS PROBIÓTICOS NA IMUNIDADE