Novos recursos como QR Code, facilitam a vida das pessoas, mas abrem porta para golpes virtuais. Saiba como se proteger
Durante a pandemia, o setor de e-commerce cresceu em torno de 40,7%. Os dados do Perfil do E-commerce Brasileiro, realizado pela BigData Corp em parceria com a plataforma Paypal, revela um recorde no advento das compras online. Com o aumento, é visível o número de transações financeiras virtuais que estão sendo feitas por todo o país. Porém, especialistas alertam que o cenário é favorável para uma série de golpes digitais.
Entre os mais famosos, encontram-se propagandas enganosas, boletos falsos, QR Codes manipulados, réplicas de site e fraudes no cartão de crédito.
Segundo as informações do Serasa e o Instituto Locomotiva, mais de 60 milhões de brasileiros já caíram em golpes financeiros pela internet.
Foi o que aconteceu com a recepcionista, Bianca Andrade, de 21 anos. Em abril do ano passado, Bianca realizou a compra de um tênis em um site. O produto nunca chegou e Bianca não obteve nenhuma resposta por parte da empresa.
“Assim que eu comprei eu percebi a burrice. O site não mandou e-mail de confirmação. Achei estranho logo de cara. Quando percebi, o valor já havia sido constado na fatura do cartão”, disse a recepcionista.
O advogado especialista em Direito Digital, Francisco Gomes Júnior, ressalta a importância de procurar os direitos que lhe são garantidos. “Um ponto a se destacar é que muitas pessoas que sofrem golpes não tomam nenhuma providência e ficam no prejuízo, achando que denunciar não dá resultados” afirma.
Bianca não foi atrás do Boletim de Ocorrência. “Eu não conheço nenhum caso de alguém que foi ressarcido. Por ser crimes virtuais, acredito que quando o dinheiro caiu pra eles, não tem mais volta. Já era”, concluiu.
O estudo das órgãos informa que somente 35% das vítimas conseguem recuperar o dinheiro.
Gomes Júnior reitera que olhar todos os detalhes do site, do layout ao processo de pagamento, precisam ser minunciosamente analisados. “É muito importante estar atento a todos os detalhes. Nossos dados têm cada vez um valor maior no mercado”, alerta.
Golpes pelo Whatsapp
O Whatsapp é muito utilizado em transações. Empresas conhecidas já adotam a plataforma para facilitar as compras. Por ser o aplicativo mais popular, boa parte da população pode achar fácil realizar compras pela troca de mensagens. Mas, desconfie sempre de mensagens de conhecidos pedindo dinheiro emprestado, promoções de lojas, restaurantes, hotéis e sorteios.
O secretário de defesa do consumidor, Fernando Capez, disse que se o crime estiver associado a invasão da sua conta, a melhor opção é buscar ajuda no próprio Whatsapp. “É preciso que o consumidor desconfie sempre, redobre a atenção e nunca forneça senhas ou sequência de números”, alerta. Caso tenha sido vítima deste golpe, a pessoa deve entrar em contato com support@whatsapp.com e pedir a desativação temporária da conta.
Doação
Todo mundo se solidariza com a história da pessoa que está passando por uma necessidade. Seja problemas de saúde ou financeiros, golpistas sabem utilizar bem o artifício da fragilidade e compor histórias super acreditáveis. Para elaborar a artimanha, eles pedem pedidos de doação para contas bancárias e usam todos os recursos, pix, QR Code, transferência, de tudo.
“Cuidado, boa parte dessas doações não são para salvar ninguém, mas sim para bolsos de golpistas. Tente checar a história de várias maneiras: pesquise sites e publicações, busque por notícias e verifique se existem denúncias anteriores antes de realizar qualquer doação”, explica o especialista.
Preços baixos
Sabe o ditado “o almoço nunca é de graça”? Leve ele a sério. Preços abaixo do normal são o primeiro fator para ser observado. Antes de procurar um objeto em específico, pesquise o preço em outros sites. Assim, você vai conseguir ter um parâmetro sobre o verdadeiro valor do produto. Caso você se depare com uma mercadoria com o valor bem reduzido, pesquise bem a loja e o vendedor, para confirmar a veracidade.
“Desconfie se um produto é vendido por metade ou muito abaixo do preço de mercado. Na grande maioria das vezes você não receberá nenhum produto e o anúncio teve como objetivo roubar os dados do seu cartão de crédito e alguns dados pessoais como RG, CPF e endereço. Pesquise antes de comprar se o vendedor é confiável ou se já tem queixas contra ele”, complementa doutor Francisco.
QR Codes
QR Codes também são um perigo imenso. Pare para pensar por um minuto no que consiste o recurso. Um código visual que ao apontar a câmera do celular, o dinheiro é transferido quase que instantaneamente. Isso é um prato cheio para as pessoas de má fé. Antes de concluir a transferência, confira se o nome da pessoa/empresa que vai receber o dinheiro, está de acordo. Essa informação pode ser vista antes de concluir a transação.
Francisco alerta para os eventos que usam o QR Code no sistema de bilhetagem. “Em vários eventos e shows onde foram pedidas doações para entidades sérias, colocou-se um QR Code fake cobrindo o QR Code autêntico, o que leva a transferências de valores para contas de golpistas”, alerta.
Promoções gratuitas
Pode não parecer bem um golpe, mas você vai sentir consequências diretas. “Existe um ditado que diz, se algo é de graça, o produto é você, ou seja, se existe uma promessa para que você ganhe algo sem nada em troca, o que querem são seus dados pessoais”, frisa o advogado. E o que fazem com seus dados pessoais? Podem fazer compras online, cadastrar um celular em seu nome e usar para crimes, fazer um crediário, montar perfis nas redes sociais, etc. Fique atento porque perder os dados hoje em dia pode te dar muita dor de cabeça.
“Antigamente, quando as pessoas tinham os documentos roubados, era necessário ir até a delegacia para registrar um boletim de ocorrência e lidar com os golpes em bancos, cheques roubados, etc. Hoje em dia, bastam os dados pessoais para que golpes sejam praticados digitalmente, sem nenhum contato com a vítima. Portanto, todo cuidado é pouco, fique sempre alerta! “, finaliza.