O índice permaneceu abaixo do nível de satisfação, o que acontece desde abril de 2015
Pesquisa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) indica recuo na intenção de Consumo das Famílias (ICF). Segundo o órgão, o número alcançou o patamar de 74,2 pontos em fevereiro deste ano. O valor representa o maior resultado desde maio de 2020 (81,7 pontos). Mesmo com a redução, trata-se do pior mês de fevereiro da série histórica. O ideal para o nível de satisfação seria ultrapassar 100 pontos.
Depois do ajuste sazonal, que prevê influências do comportamento da atividade do comércio em geral, a série apresentou a primeira queda mensal de -0,6%, após cinco meses seguidos de alta. Em fevereiro de 2020, houve recuo de -25,3%.
O presidente da CNC, José Roberto Tadros, afirmou que os brasileiros estão mais receosos na hora das compras, principalmente devido as incertezas econômicas resultadas da pandemia da Covid-19. “Mesmo assim, as famílias não têm deixado de consumir enquanto têm sua renda garantida ou complementada com algum subsídio. Mais uma vez, estamos em um momento decisivo, em que os brasileiros olham para o mercado de trabalho e para as ações do governo diariamente antes de tomar as suas decisões”, disse Tadros.
As famílias com renda acima de 10 salários mínimos estão com o nível de insatisfação centrado em 85,5 pontos, com retração mensal de -0,8% e anual de -27,1%. Para grupos familiares com renda menor de 10 salários mínimos, o número é 71,9 pontos o que também manifesta uma insatisfação. Com o índice abaixo dos 100 pontos, ocasionou-se uma redução de -0,5%, ao mesmo tempo em que na comparação anual, retraiu -24,7%.
Emprego mostra variação negativa
Dentro do contexto de empregabilidade, a pesquisa mostrou que 32,2% dos consultados se sentem menos seguros com o atual emprego. No mesmo período do ano anterior, 32,4% tiveram mesma resposta. Quanto a renda, a maioria das famílias ressaltaram que o salário recebido hoje, é pior que no ano passado com percentual de 40,5%. O item recuou -0,5% em fevereiro deste ano, o segundo mês consecutivo de queda e menor do que no mês anterior, enquanto na comparação anual houve retração de -30,6%.
A economista da CNC responsável pela pesquisa, Catarina Carneiro da Silva explicou o motivo de tantas oscilações. “Mesmo com esse recuo no indicador geral, a percepção em relação ao nível de consumo continuou em alta. O principal fator de influência para o resultado negativo do mês foi o mercado de trabalho. Tanto as incertezas sobre a manutenção do emprego atual quanto as perspectivas de mudança de emprego e melhora da renda podem ter impactado essa percepção das famílias”, ponderou.
Intenção de Consumo das Família (ICF)
O principal objeto do ICF é compreender a capacidade de medir com a maior precisão, a percepção que as famílias possuem sobre o nível futuro de propensão a consumir em curto e médios prazos. As informações são coletadas junto a cerca de 2.200 consumidores no município de São Paulo. O ICF serve como instrumento substituto ou complementar aos modelos econométricos de projeção de demanda. Também age como aliado no planejamento de empresas, fornecedores e de políticas públicas.