Brasil recebe Olimpíada Pan-Americana Feminina de Matemática

Foto: divulgação

Pela primeira vez, o Brasil sediará a Olimpíada Pan-Americana Feminina de Matemática. O evento está programado para ocorrer em Fortaleza, no Ceará, entre os dias 26 de outubro e 1º de novembro de 2025. A competição é organizada em conjunto pela Sociedade Brasileira de Matemática e pela Associação Olimpíada Brasileira de Matemática.

Criada em 2021, esta competição internacional é voltada exclusivamente para estudantes do sexo feminino. Ela reúne participantes das Américas para resolver problemas complexos de disciplinas como álgebra, combinatória, geometria e teoria dos números. A presidente da Sociedade Brasileira de Matemática, Jaqueline Mesquita, destacou que o evento busca ampliar a participação feminina em áreas historicamente dominadas por homens. Ela afirmou que ainda existe uma estrutura social que desencoraja o interesse das meninas pelo raciocínio lógico, e que competições como esta são fundamentais para corrigir essas desigualdades.

Sediar a competição reforça a posição de protagonismo do Brasil no cenário olímpico matemático. O país já sedia a maior competição de matemática do mundo, a Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas, que envolve cerca de 18 milhões de estudantes. A equipe brasileira é a atual campeã da edição de 2024, realizada no México, onde conquistou três medalhas de ouro e uma de prata. A expectativa é que competir em casa sirva como um estímulo adicional para um desempenho ainda melhor.

A escolha de Fortaleza como sede foi estratégica. O Ceará é reconhecido como um celeiro de talentos em olimpíadas científicas, com um histórico consistente de medalhas em competições nacionais.

O formato da prova segue o modelo da Olimpíada Internacional de Matemática, com dois dias de exames. Em cada dia, as participantes terão quatro horas e meia para resolver três problemas. A programação do evento também inclui palestras com matemáticas de destaque na América Latina, com o objetivo de inspirar as jovens participantes. Haverá ainda uma homenagem à matemática Keti Tenenblat, professora emérita da Universidade de Brasília, reconhecida por suas contribuições à geometria diferencial e por seu papel pioneiro na promoção das mulheres na matemática.

O evento conta com financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, que destinou pouco mais de 400 mil reais para sua realização. A competição também recebe apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, da Fundação Lemann, do Global Talent Fund e da empresa Jane Street. A presidente da SBM ressaltou que, sem esse aporte, não seria possível realizar a competição, e que acredita que o evento terá um impacto significativo na promoção da equidade e da diversidade nas ciências exatas.

A expectativa é receber delegações de mais de uma dezena de países, mantendo a tradição de reunir algumas das jovens mais talentosas do continente.